A ex-deputada estadual Isa Penna (PCdoB-SP) foi intimada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) para ser ouvida como testemunha no processo contra o extremista e ex-estudante da Universidade de Brasília (UnB) Marcelo Valle Silveira Mello. Ele é réu por ter ofendido o ex-deputado federal Jean Wyllys, hoje filiado ao PT.
No processo, o ex-parlamentar afirmou que recebeu vários e-mails com injúrias e ameaças de Mello. No decorrer das investigações da Polícia Federal, foi verificado que Marcelo utilizava da experiência com informática para enviar as mensagens sem ser descoberto.
Em uma outra situação, o extremista chegou a enviar um novo e-mail ao então deputado com ameaças de estupro à irmã dele, além de ameaças de morte a outros membros da família de Wyllys. Na 1ª Vara Criminal de Brasília, Isa Penna vai ser ouvida pelo juiz por também ter sido ameaçada pelo extremista. Atualmente, ela é suplente na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Vítima de importunação sexual
Eleita com mais de 53 mil votos em 2018, a trajetória da parlamentar na Alesp ficou marcada por ter sido vítima de importunação sexual pelo deputado Fernando Cury, em 2021. À época, após a abertura do processo de cassação do deputado, ela disse que o resultado foi devido à pressão da população. "A gente venceu a primeira batalha. É uma batalha muito importante e isso só se deu devido a nossa mobilização", afirmou.
Fernando foi flagrado apalpando os seios de Isa durante a sessão no plenário da Alesp. A cena foi registrada em vídeo. "A gente tem que transformar o luto em luta e transformar esse caso que aconteceu comigo em uma fonte de conquista completa, não para mim, mas para todas as mulheres. Isso é o mínimo que a gente pode exigir", afirmou a deputada.
Apesar da pressão, o deputado não foi cassado do cargo.
Condenações
O extremista Marcelo Valle Silveira Mello foi condenado, em 2018, pela Justiça Federal, a 41 anos de prisão por uma série de crimes, como racismo, coação, associação criminosa, incitação ao cometimentos de crime, divulgação de imagens de pedofilia e terrorismo cometido pela internet.
Marcelo Mello, de acordo com a sentença, também costumava denunciar às autoridades postagens anônimas produzidas por ele mesmo, a fim de tentar se manter longe de suspeitas. A Justiça ainda determinou que ele pagasse R$ 1 milhão, além de mais 678 dias-multa (sendo cada um deles no valor de um décimo de salário mínimo em vigor em dezembro de 2016).
Ameaças na UnB
Em março de 2012, Marcelo, que já foi estudante de Letras-Japonês na UnB, foi detido por planejar uma chacina contra estudantes do curso de ciências sociais da universidade. Durante buscas realizadas em Brasília e em Curitiba, os policiais encontraram um mapa apontando uma casa de festas frequentada pelos universitários no Lago Sul. Local onde, segundo a PF, poderia ocorrer a matança.
Por esses crimes, ele foi condenado a seis anos e sete meses de prisão em regime semiaberto. A Justiça do Paraná entendeu que ele havia praticado os crimes de indução à discriminação ou preconceito de raça; incitação à prática de crime; e publicação de vídeos e fotografias de crianças e adolescentes em cenas de sexo.
Ele ficou detido por um ano e seis meses no Paraná, ganhou o direito de cumprir pena em liberdade e voltou a criar páginas com conteúdo racista e discriminatório na internet. Ele também é o autor de um blog misógino que incitava crimes de violência sexual, física, psicológica e moral contra mulheres na UnB.
BolsoCoin
Em janeiro de 2018, Mello voltou novamente aos noticiários por ter criado uma moeda virtual chamada “BolsoCoin”. A criptomoeda foi inspirada, à época, no candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
A BolsoCoin estava sendo utilizada em fóruns anônimos como forma de pagamento para usuários que fazem doxxing ou swatting em favor da causa do grupo. O primeiro termo faz referência à prática de conseguir e transmitir dados privados a terceiros. Geralmente, leva a crimes de chantagem ou a tentativas de destruição da reputação da vítima.
Já o swatting é uma tática que consiste, basicamente, em passar um trote às forças de segurança. O hacker aciona os serviços de emergência e os envia à casa de uma pessoa onde não há ocorrência, com o objetivo de causar constrangimento.
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