O menino Carlos Abraão, de apenas seis anos, morreu, na última terça-feira (7/2, após ser internado no Hospital Regional de Sobradinho (HRS) com calafrio, fortes dores na barriga e na cabeça. As circunstâncias em que o garoto veio a óbito, no entanto, ainda são cercadas de mistérios. A mãe do menor registrou a ocorrência na 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), alegando suspeita de envenenamento por parte de vizinhos. Além de Abraão, outras cinco crianças que moravam na mesma casa foram internadas com os mesmos sintomas e permanecem no hospital.
Em 17 de janeiro, o menino João Batista, quatro anos, também faleceu sob circunstâncias suspeitas. Testemunhas ouvidas pelo Correio relatam que os menores que moravam na residência sofriam maus tratos, viviam em condições insalubres e que a família tem nove passagens pelo Conselho Tutelar de Planaltina de Goiás, que está acompanhando o caso.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso, junto com a Polícia Civil de Goiás (PCGO). A direção do Hospital Regional de Sobradinho informa que Carlos Abraão deu entrada na emergência da unidade na segunda-feira, por volta das 7h, em estado muito grave e foi imediatamente atendido. O menino veio a óbito na terça-feira por volta de 12h.
A dona de casa Eva de Carvalho, 45 anos, avó de Abraão, disse que o neto começou a sentir-se mal no domingo, no fim do dia, e que a mãe o medicou com uma Dipirona e sugeriu que tentasse dormir. No entanto, às 3h de segunda-feira, uma vez que ele não havia conseguido dormir, Eva o levou ao HRS, já que a mãe do menino precisava ficar em casa com outro filho, que ainda está amamentando.
Segundo a avó, ela optou por levar a criança ao hospital de Sobradinho em vez de levá-la ao hospital de Planaltina, mais próximo de onde moravam, pois a família já havia sido "mal atendida" em outra ocasião. Eva diz que acredita que o neto foi intoxicado após comer uma bala que encontrou no chão no lote onde moram. Ela acha que o produto estava envenenado e foi jogado no local por algum vizinho de propósito. "Tem seis vizinhos aqui nas redondezas que não gostam de mim. Inclusive, já jogaram uma pedra aqui em casa que atingiu um neto meu", pontuou a avó, enquanto mostrava, à reportagem, o buraco na janela.
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Prova técnica
De acordo com o delegado responsável pela 13ª DP, Hudson Maldonado, o laudo cadavérico será expedido pelo Instituto Médico Legal (IML) e pela PCDF e será remetido à PCGO, que subsidiará as investigações, uma vez que a família mora em Planaltina de Goiás. "A criança foi atendida e, infelizmente, veio a óbito em Sobradinho. Mas o crime, se de fato ocorreu, foi em Planaltina, Goiás. Portanto, o caso fica a cargo da PCGO pela força da lei", esclareceu Maldonado. O delegado explicou ainda que o tempo médio para ser expedido um laudo desse tipo é de 30 dias, mas que foi solicitado agilidade.
Segundo o delegado Thiago César de Oliveira, responsável pelo Grupo de Investigação de Homicídios da cidade goiana, a polícia já entrevistou os profissionais de saúde que atenderam Abraão e estão no aguardo do laudo cadavérico, que determina a causa da morte, para determinar a linha de investigação a ser seguida. "Caso o laudo determine que houve envenenamento, vamos colher material genético também das outras crianças que estão internadas", explicou o delegado. "Estamos dependendo de uma prova técnica", completou.
Miséria e vulnerabilidade
O delegado informou, ainda, que a família vivia em situação de extrema vulnerabilidade e que, às vezes, recebia doações de vizinhos. "A família vivia de auxílio de pessoas e benefícios do governo", contou Thiago César. Uma testemunha que preferiu não se identificar relatou à reportagem que a família tem nove passagens pelo Conselho Tutelar por denúncias de maus tratos, pedofilia e até mesmo aliciamento de menores. O Correio entrou em contato com o Conselho Tutelar de Planaltina, Goiás, para confirmar as denúncias, mas não obteve retorno. "Foi uma tragédia anunciada", afirmou a testemunha.
Já o menino que também faleceu sob circunstâncias suspeitas, João Batista, de quatro anos, era neto de Eva e, de acordo com a testemunha ouvida pela reportagem, tinha peso e altura de uma criança de apenas dois anos. Segundo o delegado Thiago César, na ocasião, o laudo determinou que a morte se deu por "causas naturais", mas foi colhido material genético da criança e, caso seja confirmado o envenenamento de Carlos Abraão, o material de João Batista será periciado novamente.
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