Em depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira (2/2), o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) Anderson Torres disse que Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado, foi avisado com antecedência sobre a viagem dele para os Estados Unidos.
Torres afirmou ter avisado em dezembro, quando surgiu o convite para assumir a SSP-DF, e na semana da viagem, relembrando que embarcaria no dia 6, por volta das 23h40, rumo ao Estados Unidos. Anderson Torres disse que deixou o então secretário-executivo da pasta, Fernando de Sousa Oliveira, avisado sobre as férias.
Em depoimento à PF no dia 13 de janeiro, Ibaneis Rocha disse que o fato de Anderson Torres estar fora do país "no momento do trágico acontecimento" o fez perder a confiança nele. O Correio apurou que o governador ligou para Torres via WhatsApp informando-o sobre sua exoneração. Os dois então entraram em um bate-boca e o ex-ministro de Bolsonaro teria desligado o telefone "na cara" de Ibaneis Rocha.
O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) falou por mais de 10 horas à PF, nesta quinta-feira. Torres respondeu sobre um documento enviado pela defesa de Ibaneis ao Supremo Tribunal Federal (STF), que dizia que os atos de 8 de janeiro só foram possíveis porque houve uma “operação de sabotagem” no esquema de segurança do DF. O ex-secretário respondeu que “não ter recebido qualquer elemento de informação que pudesse concluir a prática de sabotagem, afirma não ter recebido qualquer elemento de informação que pudesse concluir a prática de sabotagem, mas certamente pode concluir que houve uma falha grave na execução operacional do plano, o que não é de alçada do secretário de segurança pública”.
“QUE antes de viajar passou a Fernando o protocolo de ações integradas para que ele o fizesse ser cumprido, e quaisquer problemas mais graves deveriam ser comunicados ao Governador Ibaneis”, cita um trecho do documento. “QUE nunca recebeu nenhum pedido do Governador Ibaneis para que negligenciasse com a segurança pública, ao contrário ele sempre foi muito preocupado com a manutenção da ordem e a segurança pública do Distrito Federal”, diz Torres.
PMDF
No depoimento aos investigadores, Anderson Torres cita que participou de uma reunião no dia 6 de janeiro, com representantes das polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Detran, DF Legal, DER, PRF, Senado, Câmara, STF e Ministério de Relações Exteriores. Ele cita que se houvesse o cumprimento do esquema de segurança firmado nesta reunião, “esses fatos jamais teriam acontecido”.
Questionado sobre o seu relacionamento com o coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), ele disse que não participou da decisão do governador Ibaneis de mantê-lo no cargo, e que não tinha o número de contato até a reunião de 6 de janeiro. Disse que naquele momento, ainda não havia certeza de que haveria uma manifestação no dia 8 de janeiro e, “que por esse motivo o assunto não foi tratado entre ambos”.
Torres afirmou que conhece o ex-comandante de Operações Jorge Eduardo Naime por ele já ter sido presidente de uma associação de oficiais da corporação, além de gerir batalhões das regiões administrativas de Taguatinga e Ceilândia, “locais dos mais violentos do DF”, mas que não mantinha contatos telefônicos.
Torres afirmou, ainda, que participava de grupos da SSP-DF enquanto estava no Ministério da Justiça, mas que não interagia e não lia as mensagens do grupo. Quando retornou ao cargo, afirmou que continuou por não acompanhar o grupo e, por isso, “não recebeu as frações de inteligência que informaram sobre possíveis invasões de prédio público, bloqueio de refinaria e distribuidoras de combustíveis e possivelmente uma greve geral no dia 09/01”.
No entanto, segundo o próprio ex-secretário, apesar de não acompanhar e não tomar conhecimento disso no grupo, “tinha conhecimento que essas informações constavam no Protocolo de Ações Integradas (PAI); QUE ressalta que o PAI previa todas essas informações, a título de obrigações da PM/DF: reforçar o policiamento ostensivo nas imediações das centrais de distribuições de combustíveis no SIA”.
Indagado se recebeu alguma mensagem do ministro da Justiça Flávio Dino no dia 6 de janeiro sobre alguma “possível ocorrência de atentado”, Torres declarou que “não possui o telefone de contato do ministro”. Ele disse em depoimento à PF que frequentou o Palácio do Planalto por cerca de dois anos e que conhece a estrutura da segurança do local, que considera ser um dos mais protegidos de Brasília, mas que estranha a facilidade com que os manifestantes invadiram e depredaram o espaço.
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