O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, também ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), presta depoimento nesta quinta-feira (2/2) à Polícia Federal. A oitiva é a segunda de Torres e está sendo realizada no Batalhão de Aviação Operacional (Bavop) da Polícia Militar, que fica ao lado do 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, onde o ex-secretário está detido desde 14 de janeiro.
Em seu primeiro depoimento, Torres permaneceu calado. Sua defesa argumentou que precisava de mais tempo para analisar os documentos do inquérito. Dessa vez, a expectativa é que ele fale e preste esclarecimentos sobre sua atuação nos ataques terroristas de 8 de janeiro e sobre a minuta golpista encontrada durante operação de busca e apreensão em sua casa.
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O ex-secretário é acusado de ter sabotado a operação de segurança e o comando da Secretaria de Segurança Pública logo antes dos ataques, deixando as forças de segurança sem coordenação frente aos extremistas que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes.
Na semana passada, a Polícia Federal, a pedido da defesa de Torres, chegou a solicitar a oitiva, mas ela foi suspensa por falta de autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Em 10 de janeiro, a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão na casa do ex-secretário, quando oito agentes foram ao local em dois carros descaracterizados. Durante as buscas, os agentes encontraram uma minuta de decreto presidencial que previa a decretação de um Estado de Defesa nas sedes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) durante o pleito de 2022, o que poderia ser usado para alterar o resultado das eleições.
Costa Neto também será ouvido pela PF
No mesmo inquérito, a Polícia Federal solicitou que o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, também seja ouvido. O pedido foi acatado por Moraes e Costa Neto deve prestar depoimento até a semana que vem. Em entrevista recente, o presidente do partido de Bolsonaro disse que também recebeu uma cópia do documento golpista e que documentos parecidos estavam “na casa de todo mundo”.
“Agora vão prendê-lo [Torres] por causa disso? Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo. Muita gente chegou para mim e falou: ‘pô, você sabe que eu tinha um papel parecido com aquele lá em casa. Imagina se pegam’”, disse Costa Neto em entrevista ao jornal O Globo.
As afirmações “devem ser esclarecidas no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito à adesão, por terceiras pessoas, de eventual intenção golpista”, escreveu o ministro do STF ao determinar a oitiva do presidente do PL.
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