O Hospital Brasília (Unidade Águas Claras) inicia, nesta quarta-feira (1º/2), um programa de diagnóstico de câncer de pulmão. Ao CB.Saúde, o diretor geral do hospital, Julio Mott, falou da iniciativa e quais são os critérios de participação. Ele também comentou sobre o panorama atual do consumo de cigarro no Brasil e falou das dificuldades e possíveis caminhos para se alcançar a meta nacional de redução do número de fumantes em 40% até 2030.
Segundo Mott, estudos passados indicavam o diagnóstico precoce de câncer pulmonar para pessoas que fumaram por até 30 anos (ativos ou não), porém, análises recentes conseguiram reduzir esse tempo. “Hoje, ficamos tranquilos em indicar o estudo a pacientes que fumaram por mais de 15 anos, dos 50 anos até os 75”, explicou. Além disso, o especialista ressaltou a importância da quantidade de cigarros consumidos ao longo do tempo como critério de entrada. “Falamos daqueles que consumiram um maço por dia, por mais de 20 anos, o que acontece na maioria dos casos”, destacou.
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Custo-benefício
Outro ponto levantado foi a acessibilidade ao tratamento. Mott apontou que o preço médio dos exames fica em torno de R$ 250 e defendeu que os benefícios da intervenção podem ser maiores que o custo inicial ao paciente. “Podemos pensar que é caro, mas um tabagista gasta isso por mês em cigarro. Estamos trocando uma cartela de cigarros por um exame que pode salvar a vida dele”, sustentou.
Ele ressaltou que os efeitos positivos da ação podem se dar também em nível público. “Quando falamos do ponto de saúde pública, é muito mais barato fazer a tomografia do que pagar uma quimioterapia ou imunoterapia, que talvez custe de R$ 100 mil à R$ 200 mil aos cofres públicos. Então, os programas permitem a sustentabilidade do sistema de saúde como um todo", esclareceu.
Problemas e soluções
No entanto, o tratamento de câncer de pulmão ainda enfrenta dificuldade na fase de diagnóstico por causa da falta de sintomas da doença. “A doença é cruel, porque é silenciosa. Em 80% das vezes, o paciente já está com quadro de metástase, ou seja, tumores em outras partes do corpo”, salientou.
Nesse sentido, um dos caminhos apontados por Mott é o da informação e da implantação de programas de rastreamento em outros hospitais do Brasil. “Imagine que aqui em Brasília, capital federal, somos o primeiro hospital a oferecer essa iniciativa. Definitivamente, estamos atrasados. Se buscamos tornar o diagnóstico precoce, esse tipo de informação deve estar disponível para a população em geral e quem fuma tem que estar com isso na ponta da língua”, concluiu.
Confira o programa na íntegra:
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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