Não dá para falar de preservação de Brasília sem que haja a integração entre o Plano Piloto e as demais regiões administrativas do Distrito Federal. No Entre os Eixos do DF, evento realizado pelo Correio nesta segunda-feira (30/01), em painel destinado ao tema, a embaixadora da paz e atriz Maria Paula Fidalgo defende a união da população da capital federal para que se crie uma identidade social. Segundo ela, o momento é de autorreflexão sobre a sociedade brasiliense. "Todo esse sonho maravilhoso da capital de integrar todos os estados deste país e acolher todos de forma pacífica, na verdade, com o choque da realidade, se perdeu", comentou. "A gente fica numa sociedade com bolsões de pobreza, com o Plano Piloto ainda muito preservado com a qualidade de vida da Suécia, mas, no Sol Nascente, a gente tem qualidade de vida pior do que se tem notícia", frisou.
Também psicanalista, escritora e palestrante, Maria Paula destacou que, apesar de Brasília ser a terceira maior cidade do Brasil, ainda assim não é possível considerar um povo unido e integrado. "Temos que falar da identidade do povo de Brasília. A gente precisa entender como que a gente vai ressignificar isso tudo, encarar esse momento como reconstrução e se ver enquanto o povo da capital federal", destacou.
A convidada do debate também ressaltou que não se pode esquecer de tratar temas como a desigualdade social, a desonestidade e a corrupção. "No cerne da violência, está a miséria", pontuou. "Para a cultura de paz, a gente tem que encarar os problemas sociais e, de verdade, trabalhar para construir uma sociedade mais digna, mais justa", avaliou a embaixadora. Segundo Maria Paula, uma forma de integrar o povo é por meio da arte. "A cultura pode ser essa liga para fazer com que essa construção da identidade aconteça", comentou. "Chega de falar que Brasília é o Plano Piloto. Da Ceilândia vêm as manifestações culturais mais potentes desse momento", citou, destacando os artistas do hip hop e do rap da capital que produzem conteúdos bons e relevantes para a identidade do brasiliense e é necessário reconhecer esses trabalhos.
O CEO e fundador do grupo empresarial Moai, Vinicius Postai, concorda e aposta nos benefícios de sair da bolha e se conectar com outros segmentos como forma de se tornar mais competitivo no mercado. "Quando você está em rede, você cria algo que o dinheiro não compra: a troca de experiências que passam a ser o seu diferencial competitivo. Não vejo como Brasília possa ser definida apenas como Plano Piloto", avaliou. "Quando me conecto com empresários de diferentes segmentos e regiões, eu ganho velocidade, conhecimento e oportunidades", completou.
Sobre o Entre os Eixos do DF, Vinícius aprecia a chance de ouvir diretamente de autoridades da cidade os planos futuros de desenvolvimento em diferentes setores. "Aqui eu vejo grandes atores da cidade falando dos eixos de atenção para o desenvolvimento da economia, da sustentabilidade e das prioridades do ano", concluiu.
Ainda durante o painel, a secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, pontuou que a integração das cidades tem sido importante tanto para a educação quanto para a cultura. "Muita gente de fora, quando fala em Brasília, pensa no Plano Piloto", disse. Segundo a secretária, isso ocorre devido ao que aparece na televisão, como o Congresso, as votações, o Supremo e os Palácios. "Mas Brasília é bem maior que isso", disse.
Segundo Paranaguá, por outro lado, no 7 de setembro deste ano, a comemoração cívico-militar teve um desfile que a fez observar que muita gente ainda não conhece o Plano Piloto. "Como a gente sempre faz parte deste desfile, com as escolas públicas, observei que tinha um menino que, pela primeira vez, estava colocando os pés no centro da cidade. Então, tanto as crianças do Plano Piloto precisam conhecer as regiões administrativas e vice-versa", afirmou.
A secretária de Educação ressaltou que essa questão da integração tem sido trabalhada nas escolas. Para isso, segundo Hélvia, não há possibilidade de a educação ficar sem o Fundo Constitucional. "Só de folha de pagamento nós temos R$ 10 bilhões, e R$ 6 bilhões são pagos com recursos do fundo. Isso permite que, com a fonte sendo o Tesouro, o dinheiro seja utilizado para o pagamento do restante da folha e a melhoria na qualidade da educação. Então para nós, o Fundo é fundamental e vital", finalizou.
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