Presos por participar da maior chacina da história do Distrito Federal, o mentor da ação criminosa, Gideon Batista de Menezes, 55 anos, pretendia assassinar a mãe de Marcos Antônio Lopes, 55, uma das vítimas do crime que abalou o país. Os assassinos só não conseguiram atraí-la porque ela viajou para Recife.
O núcleo criminoso, segundo as investigações da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), é formado por Gideon, Horácio Carlos, 49, Fabrício Silva, 34, e Carlomam dos Santos, 26, todos presos. O grupo planejou a ação de extermínio há, pelo menos, três meses. Conforme o Correio adiantou, os envolvidos pretendiam eliminar todos os possíveis sucessores de uma chácara avaliada em R$ 2 milhões e que pertencia a Marcos.
O imóvel fica localizado no Condomínio Entre Lagos, no Itapoã. No mesmo lote, moravam Marcos, a mulher, Renata Belchior, 52, a filha, Gabriela Belchior, 25, Horácio e Gideon. Durante a articulação para o sequestro das vítimas, Gideon chegou a ligar para a mãe de Marcos com a desculpa para que ela fosse até à chácara a pedido de Marcos.
A mulher, no entanto, estava em uma viagem, em Recife. O Correio apurou que os criminosos tentaram atrair uma segunda pessoa ligada à família. Por telefone, Gideon, apontado como o mentor da chacina, ligou e disse que Marcos havia guardado algumas coisas para o alvo e pediu que ele fosse buscar. Em resposta, o rapaz disse que preferia pegar com Marcos pessoalmente.
Articulação
Em coletiva de imprensa promovida na manhã desta sexta-feira (27/1), o delegado-chefe da 6ª DP, Ricardo Viana, afirmou que a motivação do crime estaria envolta à quantia de R$ 2 milhões referente à venda da chácara de Marcos. Desse modo, a ideia era eliminar todos os possíveis herdeiros.
Para executar o plano, os assassinos simularam dois assaltos. O primeiro, em 28 de dezembro, teve como alvo Marcos, a mulher e a filha Gabriela. Horácio e Gideon estavam junto à família e sabiam de todo o plano. "O responsável por invadir a casa e anunciar o assalto foi Carlomam, contratado por Gideon e Horácio. Enquanto Horácio estava sendo 'rendido' com a família, Gideon estava do lado de fora facilitando a entrada de Carlemom e entrou em seguida também se fazendo de vítima", detalhou o delegado-chefe da 6ª DP, Ricardo Viana.
Armado, Carlomam rendeu a família e Marcos reagiu. Com isso, acabou sendo atingido por um tiro na nuca. Renata, Gabriela e Marcos foram vendadas, amordaçadas e amarradas. Depois, colocadas em um carro e levadas ao cativeiro, uma casa localizada no Vale do Sol, em Planaltina, alugada por Horácio.
Os alvos seguintes eram Cláudia e a filha Ana Beatriz. Do mesmo modus operandi, Carlomam chegou à residência e rendeu as vítimas, vedou os olhos delas e as encaminhou ao cárcere. Mãe e filha foram colocadas em um cômodo, enquanto Renata e Gabriela estavam em outra parte da casa.
Segundo as investigações, elas foram mantidas por mais de 14 dias em cativeiro. Fabrício era o responsável por vigiar a casa e as vítimas. “A todo momento, elas não sabiam que quem estava por trás de tud, era Gideon e Horácio. Até porque, elas só viam o Carlomam. Quando Horácio e Carlos queriam tratar de algum assunto, iam para uma área distante e conversavam baixo. Para elas, eles também eram vítimas”, afirmou o delegado.
Thiago foi sequestrado em 12 de janeiro por Carlos Henrique Alves da Silva, 27, e também levado ao cativeiro. Na mesma noite, a cabeleireira Elizamar da Silva, 37, foi atraída para uma emboscada junto aos três filhos, Gabriel, 7, Rafael e Rafaela, 6. A mulher saiu por volta das 21h do salão onde trabalhava, na 307 Norte. Ao chegar na chácara de carro, com os filhos, ela e as crianças foram asfixiadas e mortas e, depois, levadas até Cristalina (GO), onde foram carbonizadas.
Renata e Gabriela foram as próximas a serem levadas de carro até Unaí (MG), um dia depois de Elizamar. “Nessas ações de incendiar os veículos e corpos, participavam Carlomam, Horácio e Gideon. Eles combinaram o que fariam com o Thiago, a Cláudia e a Ana Beatriz e sabiam exatamente onde iriam jogar os corpos”, acrescentou Ricardo Viana.
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