Vítimas da maior chacina do Distrito Federal, Thiago Belchior, 30 anos, Claudia Regina, 55, e Ana Beatriz, 19, morreram esfaqueados e, depois, tiveram os corpos jogados dentro de uma fossa, no Núcleo Rural Santos Dumont, em Planaltina. A causa das mortes constam no laudo do Instituto de Medicina Legal (IML).
Thiago, Cláudia e Ana Beatriz foram mantidos em cárcere privado em uma casa alugada por Horácio Carlos, 49, — um dos assassinos presos — no Vale do Sol, em Planaltina. Na residência, também estavam a mãe e a outra irmã de Thiago, Renata Belchior, 52, e Gabriela Belchior, 25.
Os familiares foram amordaçados, vendados, amarrados e obrigados a repassarem informações pessoais e dados bancários. O Correio apurou que a primeira vítima a chegar na casa foi Marcos Antônio Lopes, 54, marido de Renata. O homem morreu ao levar um tiro na nuca e teve o corpo esquartejado e enterrado no quintal do imóvel.
Depois, Gideon Batista, 55, Fabrício Canhedo, 34, Carloman dos Santos, 26, e Carlos Henrique Alves da Silva, 27, levou Renata, Gabriela, Cláudia e Ana Beatriz até à residência. Por último, chegou Thiago. Na delegacia, Carlos confessou ter sido o responsável por buscar Thiago no condomínio dos pais, no Itapoã, e levar ao cativeiro. Em troca, ele receberia R$ 2,5 mil.
Ponto de desova
Thiago, Cláudia e Ana Beatriz foram levados juntos ao local onde teriam posteriormente os corpos desovados. A área escolhida pelos criminosos fica a 4km de distância do cativeiro. Depois de percorrerem uma longa estrada de terra, os acusados chegaram com as vítimas no Núcleo Rural Santos Dumont.
Amordaçados, vendados e amarrados, Thiago e as mulheres estavam vivos e foram levados de carro até o local. O Correio apurou, com base nos depoimentos prestados pelos envolvidos, que na região, Horácio, Gideon e Carlomam desferiram golpes de faca contra as vítimas e, depois, dispensaram os corpos na fossa. Os cadáveres foram localizados na noite de segunda-feira.
Motivação
Ganância por dinheiro e terras e eliminação de herdeiros motivaram a maior chacina do DF. O Correio apurou com exclusividade a dinâmica articulada pelos criminosos envolvidos no massacre, que teve como mentor Gideon Batista, amigo de mais de 10 anos de Marcos Antônio.
Gideon e Horácio Carlos, 49, — também preso — moravam no mesmo lote em que residiam Marcos, a mulher dele, Renata Belchior, 52, e a filha do casal, Gabriela Belchior, 25. A chácara, localizada em um condomínio do Itapoã, logo seria vendida por Marcos. A negociação do imóvel foi feita sem o conhecimento e aprovação dos dois suspeitos, que posteriormente descobriram o plano e se incomodaram.
Marcos chegou a ser questionado por Gideon sobre o motivo da venda. Para o suposto comprador, o patriarca da família dizia que Horácio e Gideon eram apenas funcionários dele, afirmação esta que resultou em uma discussão entre os três e Gideon resolveu se vingar.
Incomodado com a negociação da venda da chácara, Gideon começou a arquitetar um plano macabro e se reuniu com Horácio, também morador do lote. Juntos, os dois contrataram Fabrício, Carlomam e Carlos Henrique.
O primeiro passo da ação criminosa era sequestrar todas as 10 pessoas. Além de Marcos, Renata e Gabriela, os alvos eram a cabeleireira Elizamar da Silva, 37, e os filhos, Gabriel, 7, e os gêmeos Rafael e Rafaela, 6; o marido dela, Thiago Belchior, 30; a ex-mulher de Marcos, Cláudia e Ana Beatriz. Em depoimento, os acusados disseram que o objetivo era atrair todos os possíveis herdeiros da chácara.
Todos os cinco presos vão responder por associação criminosa, extorsão mediante sequestro com resultado morte.
Cobertura do Correio Braziliense
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!