Jornal Correio Braziliense

Entrevista

'Não descarto todo o Brasil estar buscando o foragido', diz delegado que investiga chacina no DF

Ricardo Viana, delegado da 6ª DP (Paranoá), conversou com o Correio e explicou as linhas de investigações, detalhes dos suspeitos e novas decisões sobre a chacina no DF que chocou o país e engajou polícias de diversos estados na apuração

"Há notícias de que ele [o quarto suspeito foragido] se encontra fora do Distrito Federal", declarou o delegado da 6ª Delegacia de Policia (Paranoá), Ricardo Viana. Em conversa com o Correio para esclarecer como está a apuração da chacina familiar, o responsável pela investigação revelou que as polícias de diversos estados estão mobilizadas para localizar Carlomam dos Santos Nogueira, 26 anos.

O delegado também confirmou que a linha de investigação está totalmente direcionada para a tese de que a família de Elizamar da Silva foi vítima de um esquema de extorsão. "O que está prevalecendo é que reuniram essas pessoas com intuito de retirar dinheiro, até porque foi encontrado senhas, documentos, cartões bancários e talões dessas vitimas", disse. 

Qual a linha de investigação que vocês estão seguindo?

Nós tínhamos duas linhas de investigação. A primeira contava com a autoria das pessoas que estavam desaparecidas, ou seja, Marcos, Thiago, Cláudia e Ana estariam juntos com os autores presos, Horácio Carlos, Gideon Batista e Fabrício Silva, e planejaram isso tudo com o intuito de obter vantagem econômica. A outra tese, que era a inicial, considera que que essas pessoas teriam sido mortas para por extorsão de dinheiro delas e assim foi feito. Uma morte sucessiva dos familiares. Com o corpo do Marcos encontrado e identificado, a tese da coautoria foi se fragilizando e, quando encontramos os corpos na segunda, ela se enfraqueceu bastante. A investigação está se desenhando para confirmar essa nossa linha. Então, o que está prevalecendo é que reuniram essas pessoas com intuito de retirar dinheiro, até porque foi encontrado senhas, documentos, cartões bancários e talões dessas vitimas. 

Essas vítimas fizeram grandes transações bancárias? 

A informação que temos até agora é de que, em dezembro do ano passado, Cláudia teria vendido um lote e recebido R$ 79 mil, em espécie, e outros R$ 130 mil, em transferências bancárias. Durante o depoimento, o Horácio assumiu que a intenção era auferir o dinheiro de Renata, um total de R$ 400 mil referente à suposta venda de uma casa em Santa Maria. E nós chegamos ao indício de que o Horácio tinha cerca de R$ 40 mil na conta e o Gideon, R$ 10 mil em espécie, além de R$ 4 mil depositados na conta da namorada. Por isso, pedimos a quebra de telefônico e bancário das vítimas e dos autores da chacina. Para, de fato, descobrir os valores movimentados pelos criminosos. Então, esse dinheiro deve ter circulado entre eles, mas, no futuro, a gente vai ter uma resposta para isso. Tudo que é relacionado a essas pessoas que foram presas deve ser apurado pela investigação. Nós temos pessoas sendo transportadas, pessoas sendo extorquidas, pessoas morrendo em torno desse núcleo e dessa associação criminosa. 

Quem indicou o local para a polícia e como os corpos foram encontrados? 

Nós já estávamos naquela área, realizando diligências e, após negociações, um dos presos nos indicou o local. Mostramos os benefícios que eles teriam de ajudar a polícia judiciária e também dar um descanso pras famílias das vítimas no sentido de encerrar etapa da investigação com o aparecimento dos corpos. E nos indicaram a casa abandona e a cisterna. A hipótese que prepondera é que eles tenham chegado lá já sem vida. Os corpos não estavam no estado digno de pessoas que foram a óbito. Não foi possível nem identificar há quanto tempo foram deixados lá. Precisamos esperar a perícia. 

Já se sabe quem escreveu o bilhete? 

Esse bilhete vai ter que passar por um exame grafoscópico. A gente sabe que o o cativeiro era frequentado por todos eles — autuados e também pelo procurado — mas, lá dentro, eles tinham uma liderança, e a gente acredita que aquele bilhete tenha sido escrito ou ordenado pelo Gideão e pelo Horácio. O que a gente sabe daquele bilhete é que aquele linguajar chamando as pessoas de 'chefe' era a prática de verbalização do Marcos. Ele usava isso usualmente, inclusive chama os filhos dessa forma. 

As buscas por Carlomam continuam? 

Foi feita a sugestão de recompensa e a diretoria de polícia está avaliando. As policias de Goiás, Minas Gerais e os demais estados estão engajados na apuração, até porque esse caso tomou grandes proporções. Não descarto todo o Brasil estar buscando esse sujeito que ainda está foragido. Há notícias de que ele se encontra fora do Distrito Federal, então estamos realizando buscas.

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