Enquanto a população carcerária brasileira é, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), comumente representada por jovens de 18 a 29 anos, a média de idade dos militantes bolsonaristas presos por atos terroristas cometidos nos prédios do Legislativo, Executivo e Judiciário, no último domingo (8/1), em Brasília, faz parte de uma fase da vida conhecida como "meia idade".
Isso porque, entre as 763 pessoas acusadas de praticar crimes contra a democracia, a média de idade é de 45 anos, três meses e 18 dias. Entre os presos, também estão participantes do acampamento golpista que foi desmontado no Quartel-General do Exército, na capital federal.
Fornecidos pela Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seape-DF), nesta quarta-feira (11/1), os dados referentes aos presos mostram que há mais detentos do que presas do gênero feminino. De acordo com a lista, são 499 pessoas do sexo masculino e 265 mulheres. A média de idade entre os gêneros também chama a atenção.
Ao passo que o rosto da ala feminina é de 49 anos, os homens presos têm uma média de idade de 45. A diferença entre os gêneros também abrange questões geográficas, já que os presos estão alojados no Centro de Detenção Provisória 2, no Complexo Penitenciário da Papuda, enquanto as detentas, na Penitenciária Feminina do DF.
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Diferença de gerações
Os dados da Seape relativos a presos que invadiram a Praça dos Três Poderes também apresentam um cenário em que tanto jovens como idosos ousaram perturbar as instituições democráticas. De acordo com a secretaria, o homem mais novo que foi preso por acusações de terrorismo tem 19 anos, enquanto o mais velho, 73.
Entre as mulheres, o instinto terrorista também ultrapassa gerações. A faixa etária das presidiárias perpassa entre 20 e 73 anos.
Os manifestantes saíram do acampamento em frente ao Quartel General do Exército, no Setor Militar Sul, por volta de 13h30, em direção à Esplanada, com cartazes de: “Forças Armadas, cumpra seu julgamento” e “Para libertar o Brasil do comunismo”. Apesar de não terem sido cadastrados junto à Secretaria de Segurança Pública, a pasta garantiu que os atos públicos seriam monitorados de maneira integrada entre as forças de segurança e outros 29 órgãos.
Terrorismo
As prisões ocorridas em Brasília se referem aos atos terroristas de domingo. As ações criminosas foram praticadas por grupos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitam a derrota do então candidato à reeleição para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Até chegar o dia dos crimes contra os prédio do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, os apoiadores de Bolsonaro já conspiravam contra as instituições. Diante da negação do rito democrático, esses grupos ficaram, desde o anúncio da vitória de Lula — 30 de outubro de 2022 —, em acampamentos montados em frente a quartéis do Exército. O local dos abrigos, na concepção deles, era no intuito de insuflar um golpe de estado.
No domingo, quando os militantes saíram dos acampamentos para cometer atos de terrorismo, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não conseguiu barrar a entrada dos bolsonaristas na Praça dos Três Poderes. Ao ultrapassar uma frágil barreira oferecida pelos agentes, os apoiadores de Jair Bolsonaro conseguiram invadir os prédios públicos provocando uma série de prejuízos financeiros e constitucionais.
Após a invasão, o governo federal decretou que a segurança do DF seria desempenhada pela Força Nacional até 19 de janeiro. Além disso, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou o afastamento do então governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), por 90 dias. No lugar de Ibaneis, está a vice-governadora Celina Leão (PP).
Após os atos terroristas, Moraes também ordenou a prisão e a busca e apreensão na casa do então secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres.