A ministra da Cultura, Margareth Menezes, confirmou, nesta terça-feira (10/1), o nome do ex-deputado distrital e gestor cultural Leandro Grass (PV) para presidir o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O órgão é responsável pela preservação e pela divulgação do patrimônio material e imaterial do país, inclusive do conjunto urbanístico de Brasília, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1987.
Ainda no dia do anúncio, Lendro Grass visitou o Palácio do Planalto na companhia da socióloga e primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, e de Margareth Menezes, que foi avaliar os danos e discutir ações para recuperação do patrimônio destruído no último domingo. Ao final da visita, a ministra anunciou a criação de um memorial em defesa da democracia com os objetos e as obras de arte vandalizados pelos terroristas.
O cenário deixado pela turba que invadiu o local é de devastação. A obra As Mulatas, de Di Cavalcanti, por exemplo, teve sete rasgos, de diferentes tamanhos. De acordo com informação do Palácio do Planalto, a peça é estimada em R$ 8 milhões, mas trabalhos desta grandeza costumam alcançar valores até cinco vezes maiores em leilões. A tela, uma das mais importantes do artista, também é a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto.
Outro crime foi a destruição da escultura em bronze O Flautista, de Bruno Giorgi. A peça, avaliada em R$ 250 mil, foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo chão.
O Iphan é essencial para o levantamento dos prejuízos e a restauração dos monumentos e obras. Grass informou que, até quinta-feira, o instituto receberá o primeiro relatório dos estragos.
Segundo Grass, um dos desafios à frente da instituição será "fortalecer o Iphan e a política do patrimônio cultural, valorizando os quadros técnicos, escutando-os e trabalhando para que o órgão se reestruture, em especial para que haja um plano de carreira para os servidores da cultura". Ele declarou ainda que a primeira preocupação será recuperar as obras e monumentos danificados pelos atos de selvageria. "Além das edificações, foram destruídas obras de Marianne Peretti, Di Cavalcanti e Alfredo Ceschiatti, que fazem parte do valoroso acervo da nossa capital. Um prejuízo incalculável", lamentou. "Temos técnicos do Iphan dentro dos prédios dos Três Poderes acompanhando o levantamento dos danos", informou Grass.
Em nota, o novo presidente do órgão anunciou Andrey Rosenthal Schlee, do Rio Grande do Sul, como diretor de Patrimônio Material e Fiscalização, e Deyvesson Gusmão, do Acre, como diretor de Patrimônio Imaterial. Grass disse que outras pessoas ainda vão compor o time, "considerando toda a diversidade do nosso país". Ele destacou que até o fim de janeiro os diretores das coordenações estratégicas serão definidos.
Projetos
Leandro Grass disse ainda que outro ponto de atenção será o "resgate da autoestima dos servidores que foi muito machucada nos últimos anos. No governo anterior, o Iphan foi aparelhado ideologicamente pelo presidente da República. No quadro de funcionários, têm pastores, monarquistas e até influencers", contou.
O novo presidente do IPhan afirmou ainda que pretende melhorar o diálogo com outras entidades da federação, uma vez que o Brasil tem patrimônios materiais e imateriais em diversos outros estados. "Pretendo valorizar e reforçar os modos de fazer e experiências dos povos originários, além da cultura afrobrasileira, que foi muito atacada nos últimos anos", adiantou. "Quero também intensificar o trabalho da coordenação de licenciamento para melhorar a relação com o Ministério do Meio Ambiente na preservação do patrimônio natural", acrescentou.
Na última semana, um grupo de "profissionais do patrimônio, da cultura e cidadãos brasileiros" emitiu um manifesto defendendo o nome de Leandro por ser "uma rara oportunidade para, além da retomada e da reconstrução, romper antigos paradigmas e cânones para então lançarmos definitivamente a instituição em uma renovada era".
Perfil
Filiado ao PV, Leandro Grass foi candidato a governador do Distrito Federal em 2022 pela Federação que reuniu PV, PT e PCdoB, recebendo mais de 434 mil votos. É professor, sociólogo e mestre em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), gestor cultural pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), ex-pesquisador do Observatório de Políticas Públicas Culturais da UnB (OPCULT) e integrante da Associação Amigos do Centro Histórico de Planaltina. Foi deputado distrital de 2019 a 2022 e teve aprovadas oito leis relacionadas à cultura. Na Câmara Legislativa, presidiu a Frente Parlamentar pela Promoção dos Direitos Culturais e foi vice-presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura.
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