Jornal Correio Braziliense

ENTREVISTA

Obras de drenagem prometem dar fim aos alagamentos na Asa Norte

De acordo com o diretor técnico da Terracap, Hamilton Lourenço Filho, a primeira etapa de obras de drenagem na Asa Norte vai beneficiar as quadras de finais 1 e 2, com previsão de entrega de um ano e investimentos de R$ 174 milhões

Depois de mais de três décadas de espera, uma das principais demandas dos moradores da Asa Norte está prestes a ser atendida. Será assinada na terça-feira a ordem de serviço do projeto Drenar DF, que prevê a construção de uma ampla rede de drenagem para auxiliar o sistema existente, o que vai significar o fim dos alagamentos históricos que sempre ocorrem na região, durante o período chuvoso. A previsão é entregar em um ano a primeira etapa, orçada em R$ 174 milhões. Nesta fase, serão beneficiadas as quadras de finais 1 e 2. Após, será realizada a segunda etapa da obra, para contemplar as quadras de finais 10 e 11. As informações são do diretor técnico da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), Hamilton Lourenço Filho, em entrevista ao jornalista Roberto Fonseca, no programa CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília.

Como será executado o projeto Drenar DF?

É uma obra bancada totalmente pela Terracap, com recursos próprios, com o que a gente arrecada com a venda dos lotes. Esse projeto é uma pequena etapa de um projeto muito grande de drenagem. Na Asa Norte, seriam duas etapas, mas, talvez, tenhamos uma terceira. Na Asa Sul teremos um programa. Em Taguatinga também, para ser executada. Essa primeira etapa será na Asa Norte, talvez por ser a mais crítica. Todos os anos aparecem nos jornais, que são aquelas quadras finais 1 e 2, principalmente na 202 e 402, que sempre têm casos de alagamento, com carros boiando em garagens, subsolos totalmente inundados. Já vimos imagens clássicas de cataratas no Eixinho, surfistas nas pistas. Então, esse projeto é algo que a cidade aguarda há mais de 30 anos.

Vai resolver esse problema crônico do começo da Asa Norte? Qual a capacidade vai ser?

Quando a gente chegou no antigo mandato, havia um projeto antigo nessa faixa. Esse projeto foi todo atualizado, com normas atualizadas. Estamos duplicando o sistema de drenagem nesta região. Não estamos eliminando a rede existente. A rede existente continua funcionando, e estamos criando outra rede em paralelo. Então, duplicamos a capacidade do sistema. Só a bacia que estamos construindo é de 70 mil metros cúbicos de capacidade. O projeto foi todo atualizado dentro das normas, reaprovado dentro da Terracap e discutido junto com a Seduh, porque precisávamos fazer essa bacia. Não dava pra fazer o sistema sem essa bacia, por conta do lançamento no Lago Paranoá. O Lago tem a capacidade de receber essa água, mas tem que receber de forma controlada e fluxo menor, além da qualidade. Para essa bacia ser criada, ela tinha que acontecer dentro de um parque. Então, tivemos o apoio da Seduh para criar um parque urbano ali no Setor de Embaixadas Norte, que vai comportar além de outros equipamentos, essa bacia. No caso, se chama Parque Urbano Internacional da Paz. Todo esse projeto passou por todas as etapas, durante os três anos em que estamos trabalhando, e foi aprovada em todas as instâncias. Então, dá uma segurança ao governo e para a população, por apresentar um projeto bom e bem desenvolvido.

É uma obra subterrânea, que a população não vai perceber no dia a dia. Como saber que realmente está em execução?

Talvez esse tenha sido o maior problema dos últimos anos. Qual governo gosta de pegar uma obra de R$ 174 milhões, enterrar no chão e não mostrar para ninguém? Então, vamos fazer um trabalho de divulgação muito importante.

A obra começa por onde? E a expectativa de duração?

Essa rede nova inicia entre o Estádio Mané Garrincha e o Autódromo Nelson Piquet. Depois, a tubulação vai passar paralela às quadras 902 (perto do Colégio Militar), 702, 502, 302, 102, 202 e 402, cruzando com o Eixo Rodoviário Norte (Eixão), além da via L2 Norte até chegar à L4 Norte, próximo ao Setor de Embaixadas Norte, onde tem a bacia que vai acumular essa água, em um processo para melhorar a água, e segue o caminho, por baixo do Iate Clube. Essa obra foi dividida em cinco lotes, com cinco empresas diferentes. Teremos, no mínimo, cinco frentes de ataque. Tudo subterrâneo. Então, a população não vai ver a obra, mas vai olhar canteiros e tráfegos de caminhões levando terra. Vai ser um ano de contrato. Estaremos que a obra não atrase. Mas, se der certo, em janeiro de 2024 estará pronto. Para as primeiras chuvas de outubro e novembro de 2023, o sistema não deve estar pronto. Mas, com as chuvas que dão em fevereiro e março, a gente acredita que o sistema esteja pronto, em 2024.

Na sequência, qual será a próxima etapa do projeto?

A próxima a gente chama de Faixa 10/11. Quando você vem das quadras finais 5, você desce a Asa Norte até a 10 e 11, e depois sobe até as quadras finais 14. Estamos com um projeto pronto para essa região. Essa etapa não vai ter bacia, porque conseguimos fazer o lançamento direto no Lago Paranoá. Então, vamos ter unidades de qualidade de água que vão garantir um tratamento da água. Vamos ter uma espécie de bocas-de-lobo especiais. A obra é toda subterrânea, e já está com a Novacap para análise da aprovação. Precisamos vencer essa etapa, mas precisa ser analisada com calma por eles. Ela é diferente porque não tem a bacia da anterior e não tem um parque, mas ela duplica o sistema. Vamos manter o sistema já existente, fazendo uma rede em paralelo para ajudar. A população não vai notar, e não haverá mudanças no trânsito. Curiosamente, foi uma das perguntas que o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) nos fez.

*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso