"Uma festa que marcou a história da democracia." Foi assim que eleitores e apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiram a festa da posse, que aconteceu no domingo. Um dia após o petista voltar ao poder, pessoas andavam nas ruas da capital federal com a alma lavada e o peito carregado de emoção. Ao mesmo tempo, a vida da cidade precisa, aos poucos, ir voltando ao normal. Por isso varredores e catadores limpavam os restos da festa na Esplanada dos Ministérios. Quem também não tem do que reclamar são os comerciantes, que comemoraram o aumento do faturamento.
A relações públicas Janaína Aguilera Barcelos, 43 anos, diz que o dia foi histórico não só para a democracia, mas também para a sua vida pessoal. Petista, ela conta que esteve na Esplanada dos Ministérios com amigos e familiares para a posse, assim como fez há 20 anos, quando viu Lula ser empossado pela primeira vez. "Eu sou do Sul, e vim para a cidade junto com outras pessoas. É muito legal ver o quanto as coisas mudaram, era tudo mais simples naquela época", comenta.
Moradora da Asa Norte, Janaína atuou em comitês populares durante a campanha eleitoral de Lula. Após a vitória na eleição, resolveu participar de grupos de acolhimento que ajudaram quem vinha a Brasília. "Nós acionamos amigos, vizinhos, para receberem pessoas que vieram de longe", diz. Para ela, tudo isso colaborou para que a cerimônia se tornasse ainda mais especial. "Nós esperamos muito por isso, então aproveitamos esse momento, os shows no Festival do Futuro, tudo. Estamos extasiados, emocionados", comemora.
A vinda de pessoas de outros estados também movimentou a economia da capital federal. Hotéis, bares e restaurantes foram positivamente afetados. De acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), os bares e restaurantes lucraram com a invasão promovida pelos apoiadores do novo presidente. Aqueles que abriram no domingo, ficaram lotados. Parte deles, segundo o presidente Jael Antônio, vendeu 40% a mais. "É o caso dos bares. Outros mais tradicionais e conhecidos quase dobraram o faturamento", diz.
De acordo com o presidente, o levantamento vai levar alívio aos proprietários do setor. Isso porque, de acordo com Jael, o mês de janeiro é o pior do ano para faturamento. "O problema de caixa dos empresários deve diminuir, e eles vão conseguir cumprir, em parte, as obrigações de seus negócios. Por outro lado, a cidade toda foi movimentada, porque as pessoas circularam, compraram em shoppings, comércios locais e até de ambulantes", registra. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), disse que a ocupação prevista era de 84%, porém fechou em 82% na média geral.
Festival do Futuro
Segundo a administração do festival, estima-se que mais de 300 mil pessoas presenciaram os shows. As atrações foram diversas, com espetáculos que duraram das 10h da manhã até a madrugada de ontem. Mesmo com alguns imprevistos, como dois geradores que apresentaram problemas técnicos, os festejos foram um sucesso. Após um pequeno intervalo, a energia foi restabelecida e as apresentações culturais seguiram sem contratempos. A desmontagem das estruturas ocorrerão até o próximo sábado, envolvendo mais de 200 profissionais.
A advogada Lara Santos Malta, 23, conta que o Festival do Futuro chamou a atenção pela representatividade. "Tinham pessoas de todos os lugares, tipos. Foi uma pluralidade grande, e todo mundo sempre respeitoso. Uma vibe diferente do que estávamos acostumados a ver nesses últimos quatro anos", analisa. Para ela, foi marcante ver a quantidade de gente feliz no mesmo espaço. "Ainda que, com muitas pessoas, o sentimento era o mesmo, de alívio. A nossa sensação é de que as coisas vão, finalmente, voltar ao eixo", celebra.
Passada a euforia, ainda ontem, profissionais do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) atuaram na limpeza do local. Os garis limparam as avenidas de asfalto ainda pela manhã para não atrapalhar o trânsito e, durante a tarde, as áreas verdes foram limpas. Durante o serviço a Esplanada permaneceu fechada, e foi reaberta, por volta das 13h30 para veículos e pedestres. Durante os três dias de festividades, o SLU disponibilizou, ainda, 445 profissionais, dois caminhões compactadores e um caminhão caçamba basculante. As equipes atuaram antes, durante e depois dos eventos. Ao todo, nos três dias de evento e na finalização da limpeza foram coletadas 34,6 toneladas de resíduos.
Atendimentos
Para garantir assistência das pessoas no evento, a Secretaria de Saúde (SES) montou três tendas de pronto atendimento em locais estratégicos na Esplanada. No total, 267 pessoas foram atendidas. A desidratação foi o principal problema registrado. Segundo o coordenador da tenda montada em frente ao Comando da Aeronáutica, o enfermeiro Warlis Gonçalves, o excesso de bebidas alcoólicas ingerida durante o Revéillon, e a falta de costume com o clima seco da cidade por pessoas de outros locais, podem ter contribuído para o número de pessoas assistidas.
O Samu registrou ainda 16 remoções de pessoas que precisaram de atendimentos mais complexos, houve até pessoas com pequenas fraturas após acidentes. Segundo levantamento do Corpo de Bombeiros Militar, foram realizados 163 atendimentos pré-hospitalares. Durante a atuação, foram empregados cerca de 900 bombeiros militares, 50 viaturas e uma aeronave.
Entre 11h e 18h, a Polícia Civil (PCDF) realizou um total de 719 registros de ocorrências policiais em todo o DF, sendo que 27 ocorreram durante a posse do presidente Lula. Elas foram registradas de forma on-line, por meio da Delegacia Eletrônica, e em quatro delegacias do DF. Foram nove na delegacia eletrônica; uma na Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf); uma na a 1ª DP (Asa Sul); 15 na 5ª DP (Área Central); uma na 38ª DP (Vicente Pires). Entre os crimes registrados estão furto de celular, furtos diversos, porte de arma branca e crime eleitoral.
Estagiário sob a supervisão de Euclides Bitelo
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