Atendimento

Sem atendimento médico, mulher recém-operada é transferida de hospital pela PRF

Marido de paciente levou a esposa até posto da PRF, em Ceilândia, onde policial rodoviário federal percebeu a pulsação fraca e a levou para hospital de Taguatinga Sul

Correio Braziliense
postado em 31/01/2023 00:30 / atualizado em 31/01/2023 21:19
 (crédito: PRF/Divulgação)
(crédito: PRF/Divulgação)

Recém-operada de baço, pâncreas e vesícula, a paciente Francisca Oliveira Lima, de 41 anos, que não encontrou médico no Hospital Bom Jesus, em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, foi transferida de unidade pelo policial rodoviário federal Felipe Camarinha. O caso ocorreu na noite desta segunda-feira (30/1), na BR-070, em Ceilândia, de onde a mulher foi levada a um hospital particular de Taguatinga Sul.

Confira abaixo o vídeo que mostra o relato do marido da passageira, o motorista operador de bomba Walberrude Ribeiro Silva, 45.

 

Segundo ele, não havia médico na unidade, e a ambulância que estava no local não poderia levá-los ao hospital particular de Taguatinga, pois esperava a entrada de uma criança no veículo. Por volta das 19h40, o companheiro da paciente chegou aflito à Unidade Operacional da PRF, na BR-070, pedindo ajuda, pois a esposa havia desmaiado.

No momento, apenas um agente estava no local, tendo em vista que os demais policiais realizavam atendimento a outras ocorrências. Ele realizou a aferição dos sinais vitais e da pulsação da mulher, e percebeu a gravidade do caso. 

Após isso, o policial fechou a unidade operacional e colocou Francisca na viatura junto com o marido e os levou até um hospital particular de Taguatinga Sul. Ao chegar no destino final, a mulher foi atendida pela equipe médica de plantão e recebeu os devidos cuidados.

"Eu saí do trabalho e minha filha, de 20 anos, que estava com a minha esposa no hospital de Águas lindas enquanto eu chegava. Se acontecesse alguma coisa como a minha esposa no meu carro, eu não saberia o que fazer, até porque a pista tinha acabado de abrir (para os veículos) e tinha carro demais", relembra Walberrude.

Mais cirurgia

De acordo com o marido, Francisca foi diagnosticada no hospital com pedra nos rins e vai precisar passar por cirurgia nesta terça-feira para retirá-las. "Ela deu entrada no hospital anterior, de Águas Lindas de Goiás, e tomou duas injeções. Sou eternamente grato ao policial que a atendeu", emociona-se.

O que diz o Hospital Bom Jesus

Em nota, a assessoria de imprensa do Hospital Bom Jesus, em Águas Lindas de Goiás, informa que a informação sobre falta de falta de médico é falsa. Às 18h34 dessa segunda-feira (30/1), a paciente, 41, deu entrada no pronto atendimento de clínica médica da unidade. Em seguida, foi avaliada pela equipe de enfermagem, que fez a classificação de risco, e foi atendida pelo médico, que solicitou o tratamento imediato com medicação e exames de imagem para apoio de diagnóstico.

O hospital comunica que, às 19h14, a paciente foi medicada. Após isso, saiu da unidade e não realizou os exames solicitados. Portanto, a unidade afirma que a saída ocorreu por vontade própria e sem liberação médica. "É direito do paciente decidir se quer ou não ser tratado em uma unidade de saúde. E o Hospital Bom Jesus respeita essa decisão", complementa o texto.

Segundo a unidade, essa é uma história normal da rotina de um hospital, pois a evasão hospitalar acontece. Mas, de acordo com a assessoria, ela se tornou um exemplo de circulação de informação falsa, sem checagem dos fatos, quando a Assessoria de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal do Distrito Federal distribuiu um release para a imprensa no qual informa que "segundo o motorista, não havia médico no hospital e a ambulância que estava no local não poderia trazê-los para o hospital Santa Marta".

"Ao repassar o fato para a imprensa, sem qualquer checagem da sua veracidade, assim como, sem conhecer o fluxo de regulação de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), a Comunicação da PRF dissemina uma informação falsa de forma institucional, induzindo os veículos de comunicação ao erro, já que, por ser um órgão de credibilidade, a informação é acolhida automaticamente como verdadeira, sendo reproduzida por todos os veículos", diz outro trecho.

O Hospital Bom Jesus repudia a publicação de informações falsas. "Afinal, ela é prejudicial à sociedade e impacta diretamente na credibilidade das instituições e da própria imprensa, que é como dizia Rui Barbosa: “a vista da nação”", complementa.

A assessoria de imprensa cita o Código de Ética do Jornalismo Brasileiro, em que diz: "a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão” e para isso acontecer, “a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público”.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE