Durante o painel sobre Brasília na preservação cultural, educacional e sustentável, no evento Entre os Eixos do DF, realizado nesta segunda-feira (30/01) pelo Correio, o secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (DF), Bartolomeu Rodrigues, afirmou que a capital está envelhecendo. Ele cita cartões postais, como a Praça dos Três Poderes, atingida violentamente por vândalos em 8 de janeiro deste ano, e o Teatro Nacional Cláudio Santoro, fechado desde 2014, como exemplos da falta de cuidado com a conservação dos pontos turísticos e culturais de Brasília.
"Quando você anda hoje na praça dos Três Poderes, que foi palco de todas essas coisas tristes, desses acontecimentos recentes, a praça está deteriorada", afirmou Rodrigues. "O governador (Ibaneis Rocha, afastado) vinha insistindo comigo, que precisamos fazer um plano de renovação e de revitalização dessa praça. Ela está praticamente igual, desde quando foi entregue, em 1960", comentou o secretário.
O processo de restauração da principal praça de Brasília se encontra em ritmo avançado, segundo o chefe da pasta, que também pontuou que o Teatro Nacional segue em obras desde o mês passado — o local não recebe eventos há quase nove anos. "Tem uma representação histórica. Ele [o Teatro Nacional] é uma página da arquitetura brasileira, e a gente se depara com a seguinte situação: a gente está sempre para recuperar. Quando eu estou trabalhando em uma recuperação, a pergunta que me vem à cabeça é: como nós deixamos chegar a esse ponto?", avaliou.
A criação de um fundo constitucional voltado exclusivamente para o patrimônio de Brasília está no radar de Bartolomeu Rodrigues, que fez acenos ao governo federal e revela estar bem otimista com a nova gestão. "Eu estou firmemente acreditando. Estou muito otimista, com os rumos que estamos tomando do ponto de vista do governo federal, que é quem tem que dar essa ajuda. E ele pode trazer outros agentes que possam contribuir para que se possa dar uma atenção muito maior para o patrimônio de Brasília. É o alerta que eu faço aqui", ressaltou o secretário.
Educação patrimonial
Representando o governo federal, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, que também participou do painel, destacou para a plateia o olhar que terá, como gestor do órgão, para Brasília. "Uma das nossas missões é tirar o estigma de que o Iphan é somente um órgão fiscalizador. A gente quer que o patrimônio cultural não seja um obstáculo, mas sim uma oportunidade para o desenvolvimento do DF", ressaltou, frisando que toda a sociedade e a iniciativa privada da capital do país têm o dever de preservá-la como patrimônio da humanidade. "Até porque a reavaliação desse título acontece periodicamente. Então, se falhamos, todos somos prejudicados. Se perdemos isso, a culpa não é só do Iphan. Colocar o órgão em uma posição de agenda mais positiva e construtiva, do que reativa, essa será a marca", disse Grass.
A presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, endossa a perspectiva de Leandro Grass. Também no evento promovido pelo Correio — que teve como mediadores os jornalistas Ana Maria Campos e Carlos Alexandre de Souza — ela falou sobre a importância da educação no processo de valorização cultural e citou como exemplo escolas europeias. "Eu brinco muito que, quando você sai do Brasil, percebe que, principalmente na Europa, eles valorizam cada pedacinho, e ensinam isso às crianças desde pequenas, para que possam internalizar, nos valores deles, o quanto é importante cuidar da sua cidade, do patrimônio e da história que ela carrega", concluiu.
*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti
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