Durante o segundo painel do Correio Debate: Entre os Eixos do DF, evento promovido pelo Correio Braziliense, nesta segunda-feira (30/01), o ex-secretário de segurança do Distrito Federal e professor da UnB Arthur Trindade apontou os problemas que vem afetando efetivos policiais em todo o país e corroboraram para o ataque às sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro.
“O que aconteceu ainda será motivo de debate ao longo de décadas. A gente já sabe que houve negligência e omissão, mas isso também não teria acontecido se as polícias no Brasil não estivessem altamente politizadas, cooptadas e radicalizadas”, afirmou.
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De acordo com uma pesquisa do Fórum de Segurança Pública, citada por Trindade, cerca de 30% dos policiais brasileiros interagem ativamente em sites radicais e de extrema direita. O maior percentual está justamente no DF, onde a taxa é acima dos 45%.
O especialista disse que a radicalização é um desafio mundial e apontou as falhas na legislação brasileira. “A nossa legislação eleitoral é muito permissiva com os policiais e militares para lançamento de candidatura. É só no Brasil que um policial ou um militar pode se lançar candidato, perde a eleição e volta. Essa dinâmica não é permitida em outros lugares”, avaliou.
Para Trindade, a carreira militar tem seus ônus e bônus. “Eu sei que alguns policiais dizem que o policial é cidadão, que não permitir a candidatura é ter um direito político subtraído. Isso é verdade, mas é preciso entender que a carreira policial e a carreira militar tem ônus e bônus. É um ônus não poder se candidatar, mas é um bônus ter uma aposentadoria especial que permite que se aposente mais cedo.”
Guarda nacional
O ex-secretário de segurança disse ser favorável a criação de uma guarda nacional para regulamentar a Força Nacional, que só é acionada por meio de Medida Provisória ou decreto. No entanto, avalia que um efetivo especial para a segurança fixa da Esplanada pode ser um problema.
“Atualmente, a Força Nacional é paga pelo Fundo Nacional de Segurança Pública em forma de diárias. Ou seja, é cara e pouco institucionalizada, mas é necessária, seja para apoiar os estados membros eventualmente ou seja para atuar, por exemplo, em reservas indígenas e temas federais. É bem vinda a institucionalização disso”, contou.
De acordo com Trindade, para a segurança específica e permanente da esplanada seria necessário cerca de cinco mil policiais permanentemente na capital. “Atribuir a essa guarda nacional, ou outro nome que se dê, o policiamento da Esplanada me parece absolutamente equivocado. Obviamente, criaria mais problemas com a relação com as polícias do DF, não me parece que seja a solução para lidar com essa crise de confiança que se estabeleceu”, afirmou.
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