Por Samanta Sallum — Entrevista com Cleber Lopes e Alberto Toron, advogados de defesa do governador afastado Ibaneis Rocha
O ministro do STF Alexandre Moraes abriu inquérito contra o governador afastado Ibaneis Rocha por omissão nos atos golpistas. Como será a linha de defesa ?
Na verdade, o que houve foi a separação da apuração que já existia antes, para que em um inquérito novo fossem apurados os fatos havidos no dia 08/01/23. Em relação à linha de defesa, importa dizer que o governador sempre disse a mesma coisa. Ou seja, que ele sempre agiu dentro da lei e que, no dia dos fatos, como na véspera, orientou-se pelas informações que lhe foram repassadas pelo secretário de Segurança em exercício.
Qual foi a estratégia no depoimento de Ibaneis à PF na sexta-feira?
Aqui, mais uma vez, a defesa ressalta que o depoimento do governador foi franco e verdadeiro, mostrando, com documentos, que sua conduta jamais foi de indiferença ou omissão aos fatos.
Como saída para reduzir danos, a defesa cogitou uma renúncia do governador Ibaneis ao mandato?
Esse tema jamais esteve na pauta de discussão. Não houve, como de fato não há, a cogitação de renúncia, notadamente por que o governador confia no Poder Judiciário e nas instituições. Não há elementos para responsabilizar o governador.
Como Ibaneis está explicando o fato de ter nomeado Anderson Torres para Segurança Pública, apesar de todos os alertas e conselhos dados a ele do perigo que representava?
O governador cumpriu um acordo político com partidos que participaram da sua campanha e não tinha motivos, objetivos, para negar-se a isso. Além disso, antes de ir para o Ministério da Justiça, ele havia prestado um excelente serviço como secretário de Segurança.
O governador foi traído?
Ainda é cedo para usar esta palavra, pois a investigação está em curso e tem exatamente essa finalidade. Vale dizer, saber o que houve de fato naquele domingo, do ponto de vista da ação ineficaz das forças de segurança, o que sugere, em princípio, uma sabotagem.
O fato de Ibaneis ser advogado, neste caso, ajuda ou atrapalha?
O governador tem uma história pautada na defesa da liberdade e do Estado de Direito, fato de domínio público, pois na presidência da OAB-DF mostrou-se um incansável defensor da ordem jurídica.
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