Há 21 anos, o Instituto Reciclando Sons leva educação musical para crianças e adolescentes filhos dos catadores da Cidade Estrutural. De lá para cá, a organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) percebeu que os desafios são maiores do que apenas aquele foco que, até hoje é carro chefe da iniciativa. Com o tempo, o instituto se viu na missão de proporcionar transformações ainda mais profundas em uma das áreas mais pobres do Distrito Federal.
Fundadora do espaço, Rejane Pacheco lembra que, no início, em 2001, o trabalho infantil era algo muito presente na região e havia a necessidade de cursos profissionalizantes. "Formamos os primeiros profissionais para atuar no projeto mesmo. O objetivo era trazer espelhos para a comunidade, para que vissem que a música não era algo tão distante da realidade deles", relata a mestre em educação musical e formada em violino, canto lírico e regência.
Hoje, o Reciclando Sons soma mais de oito mil crianças e adolescentes assistidos pelo programa. Por ano, 200 são atendidos diretamente com cursos de canto coral, instrumentos de cordas friccionadas, teclado e musicalização infantil. Os grupos concluintes desses cursos, chamados de vitrines, formam corais e orquestras que se apresentam dentro e fora do Distrito Federal. "Já trabalhamos junto ao maestro e pianista João Carlos Martins", lembra com orgulho a maestrina Rejane. O instituto também oferece capacitação na área de produção, o que amplia ainda mais as possibilidades no mercado cultural.
Selena Nascimento, 38 anos, entrou no projeto em 2005. Começou como estudante de música e hoje é cantora lírica e colaboradora da instituição, na parte administrativa. Ela conta que, no começo, não havia perspectivas de futuro para a população da Estrutural. "O Lixão (aterro sanitário) era a única possibilidade. Foi a partir do Reciclando Sons que tive a chance de construir a base de tudo que sou hoje", emociona-se.
Como muitas outras famílias, a dela veio para o DF em busca de melhores condições de vida na capital. O pai era catador de recicláveis do lixão, de onde era tirado o sustento dela e dos nove irmãos. "O sonho do meu pai era que os filhos fizessem música. Quatro de nós, incluindo a mim, vivemos o sonho do meu pai graças ao Instituto Reciclando Sons", recorda.
A Cidade Estrutural de duas décadas atrás não é a mesma dos tempos atuais, mas alguns problemas sérios ainda persistem para os moradores. "Por mais que tenha melhorado, ainda há muitas carências na cidade, sobretudo na cultura, e o instituto atua exatamente nessa área; é o ponto forte para quem participa dele", completa.
Atendimento integral
Como Selma comenta, a comunidade da Estrutural melhorou de vida desde a chegada do instituto à região. Porém os desafios continuam enormes e o Reciclando Sons atua em várias frentes. Durante a imposição das medidas de restrição ocasionadas pela pandemia, muita gente perdeu a fonte de renda. A fome cresceu na região. Foi quando o instituto intensificou a arrecadação de alimentos para mais de mil famílias carentes da cidade. Em 2022, por exemplo, foram arrecadadas 14 toneladas de alimentos para a causa.
Também são ofertados os cursos de inclusão digital, atualmente imprescindível para o mercado de trabalho, e o de panificação e confeitaria, destinado às mães da comunidade, que chefiam a maioria das famílias sondadas pelo Reciclando Sons. "Além de oferecer uma opção de fonte de renda, as mães também passaram a produzir alimentos para as crianças e adolescentes assistidos pelo instituto", detalha Rejane Pacheco. Apresentações musicais, festas, palestras e encaminhamentos para o sistema de proteção social são outras funções desempenhadas pelo projeto.
O próximo e fundamental passo ambicionado pela idealizadora é a obtenção da escritura definitiva do imóvel onde fica a sede do projeto, conquistado por meio de vaquinha, em 2017. "Existe a possibilidade de conseguirmos a concessão do direito de uso, mas o que queremos mesmo é a compra diferenciada, tanto no valor total quanto nas parcelas que vamos pagar. Isso só é possível mediante uma boa quantia de entrada", explica.
Com o objetivo de concretizar a meta, a campanha de arrecadação de dinheiro continua nas redes sociais do Instituto Reciclando Sonhos, bem como a de alimentos. Mais informações pelo perfil @institutoreciclandosons no Instagram. No canal do YouTube também é possível acompanhar o trabalho desempenhado pela instituição na comunidade.
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