Mais de 1.160km separam Brasília de São Januário, estádio construído com a força da mão de obra dos vascaínos. Mesmo distante do centro da memória do Vasco da Gama, a capital tem uma expressiva torcida do time. Não dá para falar de Vasco sem falar de Roberto Dinamite, o maior ídolo da história do clube morreu na manhã de ontem aos 68 anos vítima de um câncer no intestino e deixou uma legião de fãs órfãos de um dos jogadores mais marcantes que já pisaram nos gramados brasileiros.
Os brasilienses têm todo o tipo de história envolvendo Roberto Dinamite, um grande jogador que elevou o Vasco ao status de campeão nacional. Muitos aprenderam a amar o time por conta do atacante. Portanto, um grande jogador se vai, mas grandes memórias ficam para sempre no imaginário candango.
Criador de cavalos, Guto Rollemberg é um desses apaixonados pela camisa alvinegra. O vascaíno de 56 anos tem dois painéis na casa em que mora no Park Way, um com a foto da família vestida com a camisa do time, outro com fotos de alguns dos momentos mais marcantes da história do Vasco. O salão de jogos da casa foi intitulado com o nome do maior ídolo. Em uma placa de bronze com o nome: "Salão de Jogos Roberto Dinamite". Além do dizer famoso entre os torcedores: "Ser vascaíno é ter certeza que você está certo e de que todos os outros estão errados".
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Dinamite foi parte essencial para que Rollemberg torcesse para o Vasco. "Eu sou vascaíno numa família que ninguém era vascaíno e eu resolvi torcer pelo time. Hoje tenho 56 anos de idade e o Vasco esteve nos principais momentos da minha vida", comenta. Muito chateado, Guto afirmou que perder Dinamite é "como perder um parente, um tio". "Além de ser um grande ídolo, era um cara bom que honrou a camisa. Minha relação com o time é muito forte, ainda mais por conta dele", pontua o criador de mangalarga marchador que usa o nome Vasco da Gama como sobrenome oficial dos cavalos.
Guto Rollemberg lembra do dia em que conheceu o craque. Apresentados por intermédio do ex-presidente do Gama, Weber Magalhães, os dois marcaram uma partida de futebol entre amigos na casa de Guto. No entanto, o avião de Dinamite atrasou e ele não conseguiu chegar a tempo para a famosa "pelada", disse que só tiraria umas fotos e iria embora para um outro compromisso. Porém, ao ver o salão de jogos em homenagem a si mesmo decidiu que ficaria um pouco, este pouco virou uma noite inteira de histórias e o compromisso foi adiado. "Foi uma noite maravilhosa, todos tiraram fotos com ele, foi incrível", conta. "Agora fica o exemplo, ficam as marcas, os recordes e a saudade", complementa.
Outro vascaíno fanático é Luiz Fernandes Escorcio Lima, conhecido como Sequinho. Ele é jornaleiro e dono da banca de revistas da 416 sul. Um vascaíno tão apaixonado, que usa apenas camisas do Vasco no dia a dia. Ele conta que atualmente já tem mais de 250 camisas do clube do coração e que a ideia de colecionar veio de um encontro com Roberto. Ele conheceu o artilheiro em uma visita que ele fez a um quartel do exército no qual entregava jornais. "Eu falei com ele, apertei a mão e a partir dali decidi que colecionaria camisas do Vasco. "Tenho muito orgulho de ter uma (camisa) autografada por ele", diz Sequinho.
A camisa alvinegra virou a roupa do cotidiano de Sequinho. "Tenho 43 camisas que eu uso durante o ano. Vou fazendo um rodízio todo ano guardo de 12 a 15 e escolho novas para o ano seguinte", explica o jornaleiro. "Para mim camisa do Vasco é a maior coisa que existe. Não tem um dia que eu não esteja vestido de Vasco, uso até em festas chiques e ocasiões especiais", acrescenta.
O dono da banca aponta Dinamite como o maior da história do Vasco. "Para mim a ordem é Roberto Dinamite, Romário e Edmundo", avalia. "Eu ficava louco com os gols que ele marcava, fiquei muito bravo quando o Telê não levou ele para a Copa do Mundo de 1986. Foi uma tremenda sacanagem com ele. O jogador mais injustiçado da história do futebol brasileiro, na minha opinião", completa.
Como um amigo de infância
Para Kleber Correia, bombeiro militar aposentado, Roberto foi uma figura que ele pôde ver crescer. "Eu nasci no Rio de Janeiro em 1972 e o Roberto Dinamite começou a carreira no Vasco em 1971. Então eu passei minha infância vendo ele, a medida que eu crescia, o Roberto se tornava ídolo do Vasco", lembra o aposentado que chegou a acompanhar os jogos do ídolo no estádio.
Contudo, já adolescente, Kleber se mudou e teve que acompanhar o artilheiro pela televisão. Apesar de distante, a magia continuou a mesma. Porém, por um acaso, em 2013 essa distância acabou. "Em 2013, o Vasco veio jogar contra o Flamengo em Brasília e usou como base de treinamentos o Centro de Capacitação Física do Corpo de Bombeiros. Eu trabalhava lá, convidei meu pai e meus filhos para assistirmos juntos o treinamento. Para nossa alegria, o Roberto Dinamite estava lá e nós tiramos uma foto com ele. Foi uma alegria muito grande para mim e para meu pai que sempre tivemos ele como ídolo e pudemos registrar esse momento em que eu meus filhos conhecemos ele", recorda.
Para o bombeiro, Dinamite foi mais do que um jogador, foi como um símbolo da grandeza. "O Roberto em campo para nós vascaínos era certeza de gols, era confiança de que o Vasco venceria, chegaria nas finais e poderíamos ser campeões", reflete o torcedor. "Agradeço muito a Deus pelo dom da vida do Roberto, por ele ter sido o grande homem que foi e por ter sido grande ídolo do Vasco. Ele com certeza é um dos maiores responsáveis pelo Vasco ter o tamanho que tem hoje", conclui.
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