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DF no BBB 23? Veja por onde andam os brasilienses que estiveram no reality

Na expectativa dos novos confinados do Big Brother Brasil, o Correio conversou com alguns ex-participantes da capital que estiveram no reality show

Patrick Selvatti
postado em 07/01/2023 22:22 / atualizado em 07/01/2023 22:52
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Neste mês de janeiro, estreia mais uma edição do Big Brother Brasil e os brasilienses já estão se perguntando: será que teremos um representante da capital no reality show mais comentado do país? No Twitter, alguns usuários estão na expectativa: "O DF causa demais quando entra na casa do BBB", "É muito gostoso poder acompanhar no programa alguém que a gente conhece ou conhece alguém que conhece a gente", "Quem será que vai representar o quadradinho desta vez?", é o que dizem alguns posts observados pela reportagem.

Não seria a primeira vez. Em 22 temporadas, o Distrito Federal marcou presença em dez — incluindo as participações dos brasilienses André Coelho e Maíra Britto, que estiveram confinados na Casa de Vidro em 2013 e 2009, respectivamente, mas não entraram na casa mais vigiada do Brasil. A conta inclui, ainda, de forma gentil, a professora Jessilane Alves, moradora do Valparaíso de Goiás que sempre andou por aqui e chegou a ser aprovada em concurso na Secretaria de Educação do DF, mas não pôde tomar posse porque estava confinada, no ano passado.

  • Brasilienses que estiveram no BBB Arquivo Pessoal
  • Montagem: Thamiel (16), Elis (17), André (13), Maíra (9), Thati (8) e Juliana (7) são de Brasília e participaram do BBB Arquivo Pessoal
  • Elenita Rodrigues, BBB 10 Arquivo Pessoal
  • Jessi Alves, BBB 22 Arquivo Pessoal
  • Sarah Andrade, BBB 22 Arquivo Pessoal

A última representante local de fato e direito no BBB foi Sarah Andrade, então consultora de marketing digital quando foi selecionada, em 2021. A brasiliense foi uma das personagens mais comentadas da edição que consagrou Juliette a maior campeã de todos os tempos, Gil do Vigor o mais querido e Karol Conká a mais odiada. A presença de Sarah no reality foi tão festejada que até a Secretaria de Turismo do DF criou uma peça de promoção do Parque da Cidade Sarah Kubitschek fazendo alusão à coincidência de nomes. Fora do reality show, a hoje influencer vive na ponte aérea Rio-São Paulo, acumula 8,2 milhões de seguidores no Instagram e usufrui os louros da fama alcançada.

Vida off-line

A realidade de Sarah é um pouco diferente da de uma de suas precursoras, Elenita Rodrigues. Participante do BBB 10, então com 30 anos, a doutora em linguística, nascida no Gama, deixou o reality e seguiu a vida normalmente em Brasília. "Continuei investindo na minha formação intelectual, longe das câmeras", disse a ex-participante ao Correio. Com uma jornada mais off-line, Elenita tem hoje pouco mais de 7 mil seguidores, foi pesquisadora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nos últimos 10 anos e hoje é consultora legislativa da Câmara Legislativa do Distrito Federal. "São treze anos desde a minha participação no Big Brother. Não trago qualquer sentimento ruim em relação ao programa hoje. Minha vida seguiu ótima. Até hoje é muito curiosa a reação das pessoas ao estigma de ser ex-bbb, mas acho divertido", declarou.

Para Elenita, sua participação foi marcante pelas pautas que levantou dentro do reality, para o Brasil todo acompanhar e refletir. A pesquisadora, de 43 anos, ouve muito sobre como as pessoas receberam positivamente e se identificaram na época com algumas falas dela, em 2010. "Violência psicológica, relacionamento abusivo, mainsplanning, gaslighting, empoderamento, política de cotas.... Eu falava dessas coisas, muita gente não entendia. 'Você estava adiante do seu tempo', dizem hoje", ela destaca, lembrando que foi mencionada em uma conversa de Gil do Vigor da edição de 2021 como um ídolo dele e frisando que, atualmente, atua nas esferas do governo e recebe elogios de mulheres fortes em posições de poder. "É reconfortante", conclui.

Pioneirismo

A história do Distrito Federal com o Big Brother Brasil é antiga. A primeira brasiliense a participar foi a hoje advogada Juliana Lopes, em 2004. A então estudante de 23 anos, que morava fora do país na época da seleção, chegou a ocupar o posto de recordista de paredões e terminou na terceira colocação do BBB4. Após o programa, ela ingressou profissionalmente na carreira de atriz e chegou a atuar em uma novela da Rede Record, mas não foi mordida pela mosca da fama e preferiu investir no direito, uma carreira mais sólida.

"O BBB certamente foi um divisor de águas em minha vida. Adorei participar, marcou muito e ainda assisto algumas edições quando posso. Mas hoje a minha realidade é outra, sou advogada e moro nos EUA há quinze anos”, contou, em entrevista ao Correio, a ex-sister, que tem 42 anos e 13,5 mil seguidores. Juliana atua em escritório de advocacia nos Estados Unidos e roda o mundo a trabalho e lazer, mas está sempre pela capital, onde a mãe, a servidora pública aposentada Kátia Lopes, reside.

Em situação análoga à de Juliana, o diplomata, professor e escritor Rômulo Neves participou do BBB17 e defende que os participantes de Brasília, em sua maior parte, têm um diferencial. "Em geral, é um perfil mais profissional, qualificado, pessoas que toparam a aventura, mas nunca caíram no conto de que iriam virar astros. Tanto que a gente tem uma abordagem crítica e muito rica em relação ao processo todo", declarou à reportagem.

Em 2017, a presença do brasiliense no reality chamou a atenção pelo fato de Rômulo Neves ter sido chefe de gabinete do então governador do DF, Rodrigo Rollemberg. Considerado um dos homens de confiança do chefe do Executivo local, ele havia deixado o cargo um ano antes por descompatibilidade política e também porque pretendia se candidatar ao governo local. "Meu objetivo, de divulgar minha candidatura — da qual acabei desistindo posteriormente por outras razões — e minhas ideias, foi atingido", observou.

Peso do estigma

Após deixar a casa, Rômulo chegou a se pré-candidatar a deputado federal, mas abortou a missão em nome de um convite para trabalhar em outro país. "Uma vez eu estava no lançamento do meu livro, conversando com uma pessoa, em um papo político bacana, ela interessada na minha candidatura, mas, quando soube que eu tinha estado no BBB, mudou de ideia, dizendo que não votaria em mim jamais por isso", ele conta, frisando que existe um certo peso para os ex-participantes.

"Existe um certo estigma sobre quem vai para o BBB e, para quem é de Brasília, tem perfil parecido com o meu e participa desse tipo de programa, acredito que isso é um ponto ainda mais negativo", concluiu o brasiliense de 45 anos, que vive em Berlim com a esposa e três filhos que adotaram no Brasil e decreta que não participaria de outro reality show. "Os recortes da edição transformam os participantes nos personagens que ela deseja e esse rótulo perdura aqui fora. Muitas pessoas saem mal psicologicamente porque não têm noção de tudo que significa participar do programa. Eu não saí ressentido do programa, mas, assim como algumas pessoas que dizem que se arrependeram, eu enxergo outros pontos desse sistema e não encararia outra dessas", conclui o diplomata, que tem 100 mil seguidores e já está de malas prontas para se transferir com a família para Maputo, em nova missão no continente africano.

DF em dose dupla

Na edição de Rômulo, Boninho chegou a selecionar, pela primeira vez, dois moradores do DF ao mesmo tempo. Enquanto o diplomata foi abordado em um clube pela produção do programa e entrou a convite da direção, a comerciante Elis Nair, então com 40 anos, de Taguatinga, participou de todas as etapas do concorrido processo seletivo, que, ano após ano, bate recordes de inscritos.

Elis ainda vive na cidade e continua atuando como empresária, agora casada oficialmente com o companheiro com quem viveu por mais de 20 anos e que a pediu em casamento no palco da sua eliminação do reality, com 80% dos votos. Com 400 mil seguidores nas redes sociais, Elis BBB — nome que adotou após o programa — seguiu o caminho político que o colega conterrâneo de confinamento abortou: foi candidata a deputada federal pelo Agir, em 2022, mas não foi eleita.

Relembre outros representantes brasilienses:

Tamiel Khan (BBB 16): Professor na Universidade de Brasília (UnB), tem 38,3 mil seguidores e participou do programa em 2016.

André Coelho (BBB 13): O modelo e empresário brasiliense participou da Casa de Vidro em 2013, não entrou, mas continuou famoso por outros realities de relacionamento que protagonizou na MTV. Ele tem atualmente 1,4 milhão de seguidores.

Maíra Britto (BBB 9): A fonoaudióloga brasiliense tentou entrar no programa em 2009, mas não passou da Casa de Vidro e, hoje, vive discretamente, com um perfil trancado que reúne apenas 861 seguidores.

Thati Bione (BBB 8): A fotógrafa esteve no programa em 2008, quando era professora de inglês e, atualmente, atua também como advogada, em São Paulo. Ela tem 21,2 mil seguidores.

Juliana Regueiro (BBB 7): Então tradutora da Embaixada do Sri Lanka foi a primeira eliminada na edição de 2007. Seu perfil nas redes sociais não foi localizado pela reportagem.

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