Polêmica

MP investiga servidora suspeita de fraudar o sistema de cotas em concurso

Questionamentos do Ministério Público foram enviados ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, realizador do concurso, e à Fundação Getúlio Vargas, que foi a banca responsável

Amanda Sales
postado em 06/01/2023 18:29
 (crédito: REPRODUÇÃO)
(crédito: REPRODUÇÃO)

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga o caso de Noemi da Silva Araújo, suspeita de fraudar o sistema de cotas em concurso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Os questionamentos foram enviados para o TJDFT e à Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira (5/1) por meio do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED). Foram solicitadas informações à FGV sobre os trâmites para a aprovação da candidata no cargo de analista judiciário do TJDFT, bem como os fundamentos do pedido de Noemi para o recurso que motivaram sua aprovação em vaga restrita a pessoas pretas e pardas.



Ao TJDFT, o Ministério Público sugeriu a abertura de procedimento administrativo para análise de eventual declaração contrária aos critérios legais, garantindo o contraditório e a ampla defesa. Além disso, marcou reunião sobre o tema em caráter de urgência, solicitando a presença de representantes do Tribunal e da FGV.

Relembre o caso

Noemi da Silva Araújo prestou concurso para analista judiciário do TJDFT e está sendo acusada nas redes sociais de ter fraudado as cotas raciais do exame. O autor da publicação, Adalberto Neto, reuniu diversas fotos da candidata, que foi aprovada para o cargo como participante negra.

No resultado preliminar do concurso, Noemi chegou a ter sua autodeclaração recusada, mas entrou com recurso e foi aprovada. O cargo tem salário inicial de R$ 12.455,30. Em nota escrita por Noemi, ela diz que passou por todo o processo de verificação de enquadramento na política de cotas e afirma se autodeclarar como parda "muito antes do advento da Lei de Cotas".

Com a repercussão da publicação, a defesa de Noemi registrou uma liminar nesta quarta-feira (4/1) pedindo que Adalberto retire a publicação do ar. Ao entardecer, Neto retornou às redes sociais afirmando que não apagaria o vídeo. "Não vou apagar o vídeo, porque quando um preto é flagrado roubando um saco de feijão para dar para o filho que está passando fome, vocês expõem na redes sociais falando que tem que matar, mesmo sabendo que a pobreza é um projeto político", comentou. Algumas horas depois, Neto tirou os vídeos de suas redes sociais.

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