Segurança Pública

Meninas de 12 a 17 anos são as que mais desaparecem na capital, segundo PCDF

Só em 2022, entre janeiro e novembro, a Polícia Civil registrou 854 ocorrências por desaparecimento na capital. Nos anos de 2020 e 2021, os números foram de 230 e 505 pessoas desaparecidas, respectivamente

Darcianne Diogo
postado em 05/01/2023 23:55 / atualizado em 06/01/2023 00:01
 (crédito: Kleber Sales/CB)
(crédito: Kleber Sales/CB)

Mais do que uma estatística, uma vida. Mais de 1,5 mil pessoas estão desaparecidas no Distrito Federal desde 2020 até novembro de 2022, segundo dados obtidos pelo Correio por meio da Polícia Civil (PCDF). O levantamento revela que, entre o grupo de crianças, adolescentes, adultos e idosos, a segunda faixa etária com o maior número de desaparecidos, antes do público adulto, é de 12 a 17 anos, principalmente meninas. Nesta quinta-feira (5/1), o Correio contou a história de Sara Carlos de Morais Silva, 14 anos, desaparecida desde 16 de janeiro do ano passado depois de sair de casa, em Taguatinga Norte, para ir a um shopping próximo.

Só em 2022, entre janeiro e novembro, a Polícia Civil registrou 854 ocorrências por desaparecimento na capital. Nos anos de 2020 e 2021, os números foram de 230 e 505 pessoas desaparecidas, respectivamente. É quase 17% a mais, se comparar 2022 com os outros dois anos anteriores.

O levantamento mostra também o quantitativo de pessoas que foram localizadas nesse período de 2020 a novembro de 2022: 4789.

A considerar as regiões da capital com o maior número de ocorrências por desaparecimento, a maior cidade do DF, Ceilândia aparece em primeiro lugar, com o registro de 901 pessoas. Em seguida, Planaltina com um total de 504 ocorrências do tipo, entre 2020 e 2022 (até 30 de novembro). Samambaia (470) e Plano Piloto (450) ficam em terceiro e quarto lugar, respectivamente.

Adolescentes

O que chama a atenção nas estatísticas é a quantidade de adolescentes sumidos. Em um balanço de 19 anos, entre 2003 e 2022, foram notificados 6950 desaparecidos no DF. Desse grupo, 4154 são pessoas adultas e 1794, adolescentes. Crianças ficam em terceiro lugar (361), seguido por idosos (310) e aqueles não identificados (331).

Somente à frente das mulheres adultas, as meninas adolescentes ocupam a segunda posição no ranking de pessoas desaparecidas entre 2019 e 2021. Enquanto as adultas somam 1332 registros, o total de meninas sumidas nesses três anos é de 1250.

Polyanna Silvares, promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), analisa os dados e alerta para a criação de políticas públicas voltadas à temática. "É algo que a gente como Estado e sociedade precisa discutir muito e buscar caminhos. No meu ponto de vista, temos possibilidades imensas de aplicativos, para que possamos ter acesso à ferramentas de cadastros de desaparecidos, por exemplo", explica.

A necessidade em fomentar tecnologia como uma das alternativas para diminuir casos de desaparecimento é o fato de que a capital é um local central, com intensa movimentação de pessoas, pontua a promotora. "Um cadastro em um banco de dados atualizado constantemente é sinal de agilidade e eficiência do Estado."

No intuito de contribuir para a localização de pessoas desaparecidas, o MPDFT aderiu ao acordo de cooperação técnica celebrado entre o Conselho Nacional do Ministério Público e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), passando a integrar o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid).

Foi criado o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID), com atribuição para coletar informações de pessoas desaparecidas ou vítimas de tráfico de seres humanos, registrar no sistema nacional e promover ações de busca e identificação de pessoas desaparecidas. Pela internet, é disponibilizado um formulário on-line, em que a população pode preencher com as informações e características físicas do desaparecido.

Caso Sara

Em 16 de janeiro, completa um ano do sumiço de Sara Morais. Ao longo de três semanas, o Correio refez percursos, conversou com amigos e familiares da menina e revela fatos que antecederam o sumiço de Sara. O caso de Sara segue em apuração na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte). A investigação da Polícia Civil caminha para a linha de homicídio, e não mais como desaparecimento, mas não está fechada. Foram pedidas quebras de dados telefônicos da adolescente e constatou-se que o aparelho permaneceu em uso até 30 de janeiro e esteve ligado na área da Estrutural. Os policiais também realizaram oitivas de familiares e amigos e fazem novas diligências, que ainda não podem ser reveladas. Clique aqui para conferir a reportagem completa.

 

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