Obituário

Morre, aos 98 anos, o pioneiro Joaquim José Gonçalves

Morador do Cruzeiro há quase 40 anos, Joaquim José Gonçalves Sobrinho teve uma parada cardiorrespiratória no sábado

Nascido em Piripá, interior da Bahia, Joaquim José Gonçalves Sobrinho teve uma vida marcada pela devoção ao trabalho e à família. Nascido em uma família de 11 irmãos, Joaquim começou a trajetória profissional cedo, ajudando o pai em afazeres na roça da família. Na vida adulta, o baiano fez história na política do estado — foi vereador de Piripá e o primeiro prefeito do município de Cordeiros. Com o fim do último mandato, Joaquim passou a se dedicar ao comércio, setor em que encontrou verdadeira vocação e permaneceu pelo resto da vida.

Deixando uma história de dedicação profissional, além da herança familiar, seis filhos, 18 netos e cinco bisnetos, Joaquim morreu no sábado, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Apesar de debilitado pela idade, o comerciante havia comemorado, no último dia 15, 98 anos de idade — grande parte deles vividos no Cruzeiro, local onde morou por 38 anos.

Joaquim se mudou para Brasília em 1984, cinco anos após os filhos e a então esposa. A filha Ana Cristina Gonçalves conta que a adaptação do pai à nova cidade foi tranquila, devido às semelhanças entre o local onde moravam e onde Joaquim nasceu e cresceu. "Naquela época, o Cruzeiro era quase uma fazenda, com muita área verde", relembra. "Na época, o bairro tinha um pouco de cidade do interior", avalia.

Ana relata que, até os últimos dias, o pai gostava de passar os momentos de lazer nas áreas verdes do bairro, passeando pelas calçadas e apreciando a natureza. Segundo a filha, o comerciante chegou até a plantar um pé de abacate nas imediações da casa onde moravam, desenvolvendo o costume de regar as folhas e cuidar do vegetal. "Ele gostava de morar aqui. Ele constituiu muitas raízes e já se identificava com a cidade", afirma.

Como pai, Ana revela que Joaquim era mais rígido e fechado, principalmente durante a juventude dos filhos. No entanto, com o passar dos anos e a chegada dos netos e bisnetos, o comerciante "se tornou um paizão", a filha garante. Um dos últimos diálogos entre os dois, que aconteceu na comemoração dos 98 anos, evidenciou o carinho do pai com a filha. "Eu cheguei pertinho dele e disse: "Eu te amo. Você me ama?" e ele respondeu: "Muito", relembra. "Ele deixa esse legado de que não é a quantidade de anos, mas a forma e a intensidade de como você vive, o tanto que você se entrega às pessoas que você ama", finaliza Ana.

A despedida de Joaquim será realizada na manhã de hoje. O velório ocorre na capela 6 do Campo da Esperança, a partir das 9h, seguido pelo sepultamento, às 11h.

 

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