Fuzil, espingardas, pistolas, revólveres, mais de 2 mil munições, carregadores e até spray de pimenta. O empresário de uma rede de postos de gasolina do Pará, preso por arquitetar um atentado terrorista próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, George Washington De Oliveira Sousa, 54 anos, montou um verdadeiro arsenal dentro do apartamento onde ele morava, alugado no Sudoste pelo Airbnb.
O Correio teve acesso à listagem completa de todos os itens apreendidos no imóvel e na caminhonete do acusado. George foi preso por investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), na noite de sábado (24/12). Fontes policiais ouvidas pela reportagem afirmaram que o homem foi abordado por volta de 20h45min, quando saía do apartamento para ir em direção à portaria. Logo quando entraram no imóvel, os policiais encontraram uma pistola semiautomática na cabeceira da cama.
Entre os itens apreendidos em posse de George, estão um fuzil AR10, com uma bandoleira, luneta e tripé, calibre 762; duas espingardas calibre 12 com porta munição; 11 carregadores de pistola; mais de 2 mil munições guardadas em caixas e cartelas; três pistolas, sendo duas Glock; dois revólveres calibre 357; um kit com três socos ingleses; uma caixa com esfera de aço com 100 unidades; e dois sprays de pimenta.
Objetos eletrônicos e apetrechos também foram levados pela polícia, como estilingues; dois canivetes; cinto tático; 10 blusas camufladas; um coturno; três mochilas; três calças táticas; ao menos três celulares; notebooks; e um veículo.
Parte dos objetos, incluindo armas, bombas e munições, foram trazidos por George do Pará para Brasília dentro de uma caminhonete. O homem saiu da terra natal e chegou na capital. No próprio depoimento, ele relatou que veio ao DF para fortalecer o movimento das pessoas acampadas em frente ao Quartel-General do Exército (QG). Quando chegou em Brasília, ficou hospedado por um tempo na área central, mas logo depois foi morar no apartamento do Sudoeste.
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Prisão
À polícia, o criminoso deu detalhes do plano de atentado e falou que a ideia inicial era explodir a subestação de energia de Taguatinga. A intenção era que a região ficasse sem luz e, com isso, resultasse na decretação do estado de sítio (medida em que o presidente da República suspende por um período temporário a atuação dos Poderes Legislativo e Judiciário).
George contou que na quinta-feira (22/12) manifestantes ocupantes do QG sugeriram a explosão de uma bomba no estacionamento do aeroporto. O plano era que, após o artefato ser detonado, os suspeitos fizessem uma denúncia anônima à polícia informando sobre a presença de outros dois explosivos na área de embarque. Foi quando, segundo ele, uma mulher deu a ideia de instalar um artefato na subestação de energia de Taguatinga.
O empresário chegou a ir ao local indicado pela mulher, mas o plano não teria evoluído, pois ela não apresentou o carro para transportar a bomba até a transmissora de energia. No entanto, um segundo rapaz apareceu e ficou convencido da ideia e sugeriu que a bomba fosse colocada próximo à subestação, pois seria mais fácil derrubar os postes. George alegou à polícia que, desde o começo, era contrário à explosão próxima ao aeroporto e ficou sabendo, pela TV, que o comparsa não teria seguido o plano original.
Investigação
De acordo com a apuração policial, George ficou, entre 22h e 5h de sexta-feira (23/12), na área do aeroporto até encontrar o melhor ponto para deixar o artefato explosivo. O empresário encontrou um caminhão-tanque, abastecido com 63 mil litros de querosene de aviação (28 mil no primeiro compartimento, e 35 mil no segundo), na Estrada Parque Aeroporto (Epar), em frente à Concessionária V1, e apoiou a bomba no eixo do automóvel.
O artefato seria explodido por meio de um dispositivo remoto. A perícia da Polícia Civil do DF (PCDF) identificou que houve tentativa de detonar a bomba. “Graças a Deus conseguimos interceptar. Não conseguiram explodir, mas a perícia nos relata que eles tentaram acionar o equipamento”, frisou o diretor-geral da PCDF, o delegado Robson Cândido.
Na tarde desse sábado, o Esquadrão de Bombas da PMDF conseguiu desativar um artefato explosivo. O procedimento para a remoção do objeto, que são duas bananas de dinamite ligadas a um fio, iniciou por volta de 11h55 pelo Esquadrão de Bombas da corporação. Às 13h20, o grupo desativou a bomba, e deixou o local logo após, seguido do CBMDF e da PF.
Peritos preveem que seria muito provável que a quantidade de explosivo fosse hábil para romper o compartimento do tanque, mas ainda não há confirmações concretas. No entanto, em caso de rompimento, resultaria na explosão ou em um incêndio de grandes proporções. George foi indiciado pela prática de terrorismo, posse e porte de armamento e munição e posse de artefato explosivo e teve a prisão flagrante convertida em preventiva pela Justiça.
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