O homem preso por armar uma bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília confessou à polícia que o plano inicial era outro. Morador da cidade de Xinguara, no Pará, George Washington De Oliveira Sousa, 54 anos, veio à capital em 12 de novembro para fortalecer o movimento dos manifestantes acampados em frente ao Quartel-General do Exército (QG) e lá teve a ideia, junto a outras pessoas, de explodir um artefato na na subestação de energia em Taguatinga.
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A ideia era que a explosão na subestação provocasse falta de luz na região e, com isso, começasse o caos e resultasse na decretação do estado de sítio (medida em que o presidente da República suspende por um período temporário a atuação dos Poderes Legislativo e Judiciário).
Em depoimento à polícia, George relatou que na quinta-feira (22/12) manifestantes ocupantes do QG sugeriram a explosão de uma bomba no estacionamento do aeroporto. O plano era que, após o artefato ser detonado, os suspeitos fizessem uma denúncia anônima à polícia informando sobre a presença de outros dois explosivos na área de embarque. Foi quando, segundo ele, uma mulher deu a ideia de instalar um artefato na subestação de energia de Taguatinga.
O empresário chegou a ir ao local indicado pela mulher, mas o plano não teria evoluído, pois ela não apresentou o carro para transportar a bomba até a transmissora de energia. No entanto, um segundo rapaz apareceu e ficou convencido da ideia e sugeriu que a bomba fosse colocada próximo à subestação, pois seria mais fácil derrubar os postes. George alegou à polícia que, desde o começo, era contrário à explosão próxima ao aeroporto.
Investigação
De acordo com a apuração policial, George ficou, entre 22h e 5h de sexta-feira (23/12), na área do aeroporto até encontrar o melhor ponto para deixar o artefato explosivo. O empresário encontrou um caminhão-tanque, abastecido com 63 mil litros de querosene de aviação (28 mil no primeiro compartimento, e 35 mil no segundo), na Estrada Parque Aeroporto (Epar), em frente à Concessionária V1, e apoiou a bomba no eixo do automóvel.
O artefato seria explodido por meio de um dispositivo remoto. A perícia da Polícia Civil do DF (PCDF) identificou que houve tentativa de detonar a bomba. “Graças a Deus conseguimos interceptar. Não conseguiram explodir, mas a perícia nos relata que eles tentaram acionar o equipamento”, frisou o diretor-geral da PCDF, o delegado Robson Cândido.
Peritos preveem que seria muito provável que a quantidade de explosivo fosse hábil para romper o compartimento do tanque, mas ainda não há confirmações concretas. No entanto, em caso de rompimento, resultaria na explosão ou em um incêndio de grandes proporções
Morador do Pará, George deixou a mulher e filhos na terra natal e chegou à capital em 12 de novembro para fortalecer o movimento dos protestantes acampados em frente ao QG. O empresário viajou em uma caminhonete, em que trouxe, no interior do veículo, armas, munições e artefatos. Em Brasília, hospedou-se por um tempo em um hotel da área central. Depois, alugou um apartamento no Sudoeste pela plataforma Airbnb.
Na tarde desse sábado (24/12), o Esquadrão de Bombas da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) conseguiu desativar um artefato explosivo encontrado próximo ao Aeroporto de Brasília, por volta de 13h20. O material explosivo foi encontrado dentro de uma caixa por funcionários da Inframérica por volta de 7h45. Os funcionários interditaram parte da pista com cones, e esperaram os policiais militares chegarem.
Com a PMDF no local, uma das pistas sentido ao Aeroporto de Brasília foi interditada. O procedimento para a remoção do objeto, que são duas bananas de dinamite ligadas a um fio, iniciou por volta de 11h55 pelo Esquadrão de Bombas da corporação. Às 13h20, o grupo desativou a bomba, e deixou o local logo após, seguido do CBMDF e da PF.
Em menos de 8 horas, investigadores da 10ª DP chegaram ao encalço de George. No apartamento e no carro dele, os policiais encontraram um arsenal, roupas camufladas, munições, espingardas e artefatos explosivos. "Ele estava em uma caminhonete, carro próprio, e trouxe os armamentos por lá. Mas as emulsões explosivas foram encaminhadas para ele posteriormente. Será investigado quem enviou, mas de antemão elas são oriundas de pedreiras e garimpos do Pará, mas iremos investigar essa conexão", falou o diretor-geral da PCDF.
No depoimento prestado à PCDF, o empresário confessou que pretendia distribuir armas e munições para os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que estão acampados em frente ao QG, caso houvesse necessidade e orientação nesse sentido. Ele foi indiciado pela prática de terrorismo, posse e porte de armamento e munição e posse de artefato explosivo e teve a prisão flagrante convertida em preventiva pela Justiça.
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