Ter uma mesa farta e colorida do Natal virou um desafio neste fim de 2022 para os moradores do Distrito Federal. Mesmo que o Sindicato dos Supermercados do Distrito Federal (Sindsuper-DF) estime uma alta de 5% nas vendas dos alimentos natalinos, a realidade pode levar muitas pessoas a deixarem de comprar frutas secas, ou a bater perna para achar uma ave natalina em promoção.
Enquanto caminhava por um supermercado do Cruzeiro Novo, a professora de educação física Simone Barreto, 47 anos, fazia as contas na cabeça para dividir os custos entre os 15 familiares que irão se encontrar na noite de Natal. "A gente viu que teve um aumento muito grande, tanto das aves como das frutas. Então, tivemos que diminuir até o tamanho do pernil, para economizar ao máximo", afirma.
Diante da recuperação econômica do setor, o vice-presidente do SindSuper-DF, Gilmar Pereira, espera que os mercados mantenham as ofertas nos produtos, principalmente de carnes. Segundo ele, se o chester deve ter alta de 20% no preço, o valor do pernil deve cair 25% em relação ao valor de 2021. "Acho que tanto para o consumidor quanto para o comerciante, o ideal é comprar na medida necessária, para evitar gastos", analisa.
Apesar de ter prazer em manter a tradicional ceia natalina, Simone se assustou com o preço das frutas secas. "Está muito caro! Então, como cada um vai levar um pouco, às vezes, a gente ceia no outro dia também, e economiza", diz a professora.
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Economia na mesa
Para aliviar a preocupação das famílias que não querem gastar muito com a ceia de Natal, a chef de cozinha Neide Cavalcante, 45, deixa alguns conselhos para quem não quer que o momento passar batido. "Na hora de fazer o salpicão, invés de usar um frango defumado, que está R$ 80 em média, dá para substituir por um peito de peru defumado, por R$ 50. E dá para aproveitar mais o frango inteiro", sugere.
Com 12 pedidos para este ano, Neide brinca que tem tido poucas horas de sono para atender a demanda. Ela deixa uma dica final, para as pessoas usarem mais as carnes suínas, preparadas com cerveja, vinho ou suco de laranja. "Está com preço bom, e dá para substituir pelas aves natalinas. São poucos os casos de pessoas que pedem bacalhau e bobó de camarão, que são muito mais caros. Mas cozinhar é um modo de amor, então caprichamos nos pratos", finaliza a chefe de cozinha.
Promoções
Gerente do Supermercado Veneza, no Cruzeiro Novo, Givanildo de Aguiar Morais, conta que faz promoções para se adequar aos clientes que não podem gastar tanto nesta época do ano. "Para esses produtos que tiveram aumento, a nossa tendência é migrar para algum que possa ser melhor distribuído. Hoje, a ave de uma marca mais famosa custa R$ 26,99 o quilo. Mas conseguimos negociar uma tão boa quanto, praticamente pela metade do preço, por R$ 12,99 o quilo. Vai conseguir atender a ceia do nosso consumidor, que não vai deixar de festejar por esse detalhe", contextualiza.
O comerciante explica que as uvas passas conseguiram se manter no preço e algumas tiveram redução entre 8% e 10% no preço de venda. As aves podem ter desconto de até 40%. Promoções como essa foram feitas, pois segundo ele "prefiro estar ao lado do consumidor, para que o mercado divida esse aumento nos preços com os clientes".
O preço para colocar frutas secas e castanhas na mesa das famílias também deve ser alto, com uma média de R$ 20 por embalagem. Mesmo com esse aumento, o aposentado Luiz Lourenço, 79, vai levar alguns potes de macadâmia, castanhas e uvas passas para rechear os pratos em casa. Ele espera receber 10 pessoas na ceia em família, tradição que mantém há 40 anos. "É um hábito que tenho em todo Natal. Então não muda muito, porque todo mundo compra alguma coisa e dividimos a despesa", conta Luiz, que espera a visita do filho, que reside em Goiás.
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