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Pesquisa faz uma radiografia do DF rural

Pela primeira vez, população que vive fora das cidades é mapeada pelo GDF. Mais da metade são jovens, negros e não possuem plano de saúde. Infraestrutura e transporte estão entre as principais reclamações. A meta da pesquisa é auxiliar o governo na realização de políticas públicas

Ao contrário do que muitos imaginam, cerca de 70% da área do Distrito Federal é considerada rural. No entanto, o primeiro mapeamento sociodemográfico exclusivo da população que vive nessas áreas só foi feito neste ano. A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios Rurais (PDAD), um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), foi divulgada ontem. De acordo com a pesquisa, mais da metade dos moradores das áreas rurais do DF têm até 39 anos (58,66%), não possuem plano de saúde (84,34%) e são negros (2/3).

O IPEDF, com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), buscou conhecer as condições demográficas, sociais e econômicas dessa população, além das características domiciliares e infraestrutura local. Com esses dados, pretendem auxiliar ações governamentais e políticas públicas no âmbito rural. Os resultados da pesquisa foram divulgados em solenidade pública com a presença de autoridades representantes do Governo do Distrito Federal (GDF).

E os dados são alarmantes em relação ao acesso de políticas públicas. Por exemplo, no que diz respeito à infraestrutura, menos da metade dos domicílios possuem iluminação pública (44,54%). O abastecimento de energia elétrica atende 79,12% dos domicílios pesquisados. O uso de "gambiarra" foi detectado em 19,42% das casas. Lívia Oliveira, 21 anos, é estudante e moradora da zona rural de Planaltina.

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Mobilidade

Ela diz que o transporte e a iluminação pública são os maiores problemas. "O transporte coletivo é bem precário. São poucos ônibus circulando, e as condições dos ônibus são ruins, o que dificulta a mobilidade", comenta. "Já a iluminação pública, algumas regiões sempre ficam sem luz por um longo período. Isso é perigoso para quem precisa na noite, principalmente mulheres", completa a estudante. 

Para Cândido Teles, secretário de Agricultura do DF, o olhar para esse público é imprescindível. "Se não tiver área rural não tem cidade. As pessoas não vivem sem comida e ela vem do campo", declara Teles.

Denise Fonseca, presidente da Emater, explicou que o levantamento será determinante para a atuação da instituição. "Esse resultado vai balizar o GDF na tomada de decisões e criação de políticas públicas. Temos grande capacidade operacional e de execução no campo. Vamos atuar para fortalecer e contribuir com as estratégias", anuncia Denise.

O secretário de Economia do DF, Itamar Feitosa, destacou a importância do agronegócio. "A parcela do agro tem crescido bastante no PIB. Quem segurou o PIB nos dois últimos anos — período de pandemia — foi esse setor", aponta Feitosa.

De acordo com Jean Lima, diretor-presidente do IPEDF, o objetivo do instituto ao elaborar as pesquisas é subsidiar o GDF e dar voz à população. "Sempre procuramos, por meio das pesquisas, dar voz aos movimentos, aos sindicatos de forma geral. Por meio dessa amostragem, nós incluímos uma população que estava invisibilizada. Nossa atribuição é dar informações para o poder público", afirma.

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