Os pequenos empresários brasilienses não deixaram de buscar capacitação para tocar os negócios durante o período de restrições da pandemia de covid-19. Nos últimos quatro anos, o Sebrae registrou demanda recorde de microempreendedores por consultorias e cursos de capacitação, oferecidos pela entidade.
Na edição do Correio Talks da próxima segunda-feira (19/12), a jornalista Samanta Sallum vai bater um papo com o consultor financeiro André Wehbe, o empresário Jony Rebouças e o superintendente do Sebrae no DF, Valdir Oliveira, que destacará ações do Sebrae junto aos pequenos empresários do Distrito Federal e dos ajustes que a instituição teve que passar para se adaptar também às mudanças causadas pela pandemia. O encontro será transmitido ao vivo no site e nas redes sociais do Correio, às 15h.
O superintendente do Sebrae antecipou algumas ações da entidade para obter os bons resultados. "A adaptação ao mundo digital foi fundamental para que alcançássemos os números recordes nos últimos quatro anos. Introduzimos processos de capacitação, consultorias, muitas gratuitas, e outros atendimentos em canais digitais, como oficinas pelo aplicativo WhatsApp e monitorias à distância", destaca o superintendente.
Segundo dados fornecidos por Valdir, foram mais de 500 mil negócios atendidos, 650 mil horas de consultorias e 150 mil de capacitações no período, apenas no DF. "É um trabalho muito amplo, que vai desde o diagnóstico empresarial até o marketing digital, para que os empresários aprendam a se relacionar com os novos canais, assim como fazer negócios", detalha.
A percepção de mudança no comportamento do cliente também foi fundamental para o empreendedor. "A decisão de consumo mudou com a pandemia em dois aspectos: comodidade — porque as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa com o home office — e agilidade — que é a rapidez com a qual a empresa vai suprir a demanda do cliente. Essas mudanças foram o principal enfoque do Sebrae nos últimos anos," avalia.
O empreendedorismo por necessidade — aquele em que o empresário abre o negócio para sobreviver — cresceu na crise sanitária. Esse empreendedor, segundo Valdir, precisa de mais atenção do que aquele por vocação que, geralmente, já tem um conhecimento prévio do segmento no qual atua e consegue se adaptar mais facilmente. "Quem está começando precisa entender o mercado, que muda cada vez mais rápido. Temos de oferecer ao empreendedor condições para implantar os seus sonhos na mesma velocidade", ressalta Valdir.
André Wehbe, um dos consultores financeiros que prestam serviços ao Sebrae e que também participará do bate-papo, foi responsável pela criação de vários programas, entre eles o Negócio é Negócio, um dos mais procurados na entidade. "Durante a pandemia, fiquei impressionado com a quantidade de empresários que o Sebrae atendeu. Também é impressionante a receptividade, a busca deles por capacitação, apesar do momento difícil", diz.
Wehbe acrescenta também que "de uma maneira geral, o pequeno empresário é aquecido pelas oportunidades e pela necessidade de ganhar dinheiro e sobreviver, sobretudo em momentos de crise. Por isso a demanda foi tão grande", explica o economista, que também é facilitador do Empretec, programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento do comportamento empreendedor, aplicado no Brasil pelo Sebrae.
Perseverança
Jony Rebouças, 37 anos, é acompanhado pelo Sebrae desde que abriu uma barbearia, em 2016, e também participará da edição do Correio Talks. A pandemia, como para vários outros empresários de diversos segmentos, impactou fortemente o negócio de Rebouças, que teve que fechar a loja por 145 dias. Mesmo com o atendimento a domicílio, o prejuízo foi significativo. Com a retomada das atividades, alguns desafios persistem. "A pandemia mudou o hábito dos clientes, que passaram a cortar o cabelo e fazer a barba com menos frequência", lamenta o empreendedor.
A despeito do momento difícil, Jony decidiu abrir uma segunda unidade em 2020, momento em que ele buscou a consultoria financeira do Sebrae. Ele também fez vários outros cursos on-line, como de gestão, além de receber atendimentos virtuais. "Quando você aprende uma profissão, não necessariamente aprende a gerir, e foi o Sebrae que me deu a orientação e a capacitação em conversas, muitas vezes informais, com os consultores", relembra.
Hoje, Jony mantém as duas unidades da barbearia, na Asa Sul e na Asa Norte. São cinco colaboradores, dois funcionários e uma sócia. Ele também criou uma marca de cosméticos voltada para homens. "Em 2023, quero aumentar o faturamento em 15% e voltar à realidade de 2019. De lá para cá, a queda foi de 25% a 30%", contabiliza.
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