Em uma megaoperação deflagrada contra bolsonaristas que realizaram atos antidemocráticos após o segundo turno das eleições, em 30 de outubro, a Polícia Federal (PF) cumpriu 103 medidas de busca e apreensão, quatro ordens de prisão, além de quebras de sigilo bancário, apreensão de passaportes, suspensão de certificados de registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CACs), além do bloqueio de contas bancárias e de 168 perfis em redes sociais.
A operação teve início, nessa quinta-feira (15/12), no Distrito Federal — para onde foi expedido um mandado de busca e apreensão — e em oito estados. É a maior ação realizada contra os financiadores dos atos antidemocráticos, que bloquearam estradas pelo país. Os mandados de busca foram cumpridos nos seguintes estados: Acre (9), Amazonas (2), Mato Grosso (20), Mato Grosso do Sul (17), Rondônia (1), Paraná (16), Espírito Santo (23) e Santa Catarina (15) — além do Distrito Federal (1).
As ações da PF foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Segundo a decisão, os grupos propagaram "o descumprimento e o desrespeito ao resultado do pleito eleitoral para presidente e vice-presidente da República, além de atuar pelo rompimento do Estado Democrático de Direito e instalação de regime de exceção, com a implantação de uma ditadura".
Segundo nota divulgada pelo STF, Alexandre de Moraes se baseou em uma rede de investigação formada por relatórios de inteligência enviados pelo Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal dos estados. "Os documentos identificaram patrocinadores de manifestações, financiadores de estruturas para acampamentos, arrecadadores de recursos, lideranças de protestos, mobilizadores de ações antidemocráticas em redes sociais, além de donos de caminhões e veículos que participaram de bloqueios", informou o texto.
Prisões
Durante diligências em Santa Catarina, os agentes federais apreenderam 11 armas, dentre elas uma submetralhadora, um fuzil, além de rifles com lunetas. Futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB) comentou, por meio de redes sociais, sobre a apreensão das armas. "Definitivamente isso não é 'liberdade de expressão'", declarou.
No Espírito Santo, quatro acusados de envolvimento em atos antidemocráticos foram presos: o vereador Armandinho Fontoura (Podemos), o pastor evangélico Fabiano Oliveira, o radialista Max Pitangui e o jornalista Jackson Rangel Vieira. Os deputados estaduais capixabas Carlos Von (DC) e Capitão Assumção (PL), da Assembleia Legislativa local, também foram alvos de mandados de busca e apreensão. Agentes da PF estiveram no gabinete dos parlamentares e apreenderam celulares e computadores. Eles passarão a ser monitorados por tornozeleira eletrônica, também por determinação de Moraes. Ambos foram proibidos de deixar o Espírito Santo, de usar redes sociais, de conceder entrevistas e de participar de eventos públicos em todo o território nacional. Em caso de descumprimento, pagarão multa diária de R$ 20 mil. Eles também tiveram os passaportes retidos.
Saiba Mais
Entenda
Após os atos considerados antidemocráticos se espalharem pelo país com a derrota de Bolsonaro nas urnas, o Supremo determinou o desbloqueio de rodovias que foram tomadas pelos apoiadores do presidente. Além disso, a Corte máxima impôs multa aos veículos identificados como participantes dos atos — e ainda determinou que as polícias e Ministério Público investigassem supostos líderes e financiadores das ações.
As ações levaram à abertura, no STF, de uma apuração "em razão da ocorrência, após a proclamação do resultado das eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral, de diversos atos antidemocráticos, nos quais grupos de caminhoneiros, insatisfeitos com o resultado do pleito, passaram a bloquear o tráfego em diversas rodovias do país, em modus operandi semelhante ao verificado nos feriados da Independência de 2021 e de 2022".
No DF e no Entorno, oito pontos de bloqueio chegaram a ser criados por manifestantes, nas rodovias que cortam a capital do país. Os trechos estavam localizados na BR-020, BR-040, BR-070, BR-080 e BR-251, e afetou regiões como: Brazlândia, São Sebastião, Formosa (GO) e Luziânia (GO).
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