Nascido no Rio de Janeiro, José Ornellas de Souza Filho, mais conhecido como Zé Ornellas, vê Brasília como casa. Isso porque, desde 1973, traça uma história de relevância na capital federal. Entre 1982 e 1985, ele foi governador do Distrito Federal, responsável por grandes feitos na cidade, como a criação da Vila São José, em Brazlândia, a urbanização de Planaltina e obras de captação fluvial em Ceilândia. Hoje, com 101 anos recém-completos — idade que compartilha com a esposa Zelly Ornellas —, o político celebra o legado deixado em Brasília.
Ainda na década de 1970, Zé foi convidado pelo então ministro Jarbas Passarinho para assumir uma subsecretaria do Ministério da Educação e Cultura, com a missão de coordenar a elaboração do II Plano de Desenvolvimento Nacional (PND) na área da educação da pasta. Em 1974, ele se tornou secretário de recursos humanos e vice-presidente da Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras), onde permaneceu até assumir o governo do DF no lugar de Aimé Lamaison. “Estou convencido de que foi uma administração eficiente, com ênfase no social e voltada para a melhoria da vida da população”, ele define.
Com o fim do mandato, o carioca manteve-se na política — em 1990, Ornellas filiou-se ao Partido Liberal (PL) e foi eleito deputado distrital. “Sinto-me feliz e orgulhoso considerando que, até hoje, sou lembrado pelo trabalho realizado como governador e deputado distrital na primeira legislatura, quando participei da Lei Orgânica do DF, cumprindo a nobre e histórica tarefa que resultou na implantação de uma nova ordem institucional na capital do país”, destaca. Em 1993, Zé tornou-se secretário da Indústria, Comércio e Desenvolvimento do Distrito Federal, no governo de Joaquim Roriz (1991-1994), encerrando a carreira profissional como assessor da Presidência da Federação do Comércio, onde permaneceu até os 90 anos.
Para Vera Ornellas, filha do ex-governador, a trajetória do pai em Brasília é motivo de orgulho. “José Ornellas deu uma parte expressiva da sua vida profissional para ajudar no desenvolvimento do país e de Brasília. Ainda é muito reconhecido nas ruas, principalmente pela sua trajetória muito bem sucedida como governador do Distrito Federal”, afirma Vera. Apesar do lar criado na capital, Zé mantém laços com as raízes cariocas. “A parte da família que mora no Rio de Janeiro sente imensas saudades do seu patriarca”, diz a filha, fruto da relação de Zé e Zelly. “Meus pais sempre tiveram uma relação de muita parceria, apoio, admiração e amor um pelo outro. Amor também a sua família e na atenção que sempre devotaram a seus muitos amigos”, assegura. “Meus pais são uma unanimidade, coisa rara nos tempos atuais”, complementa. Para Vera, é uma honra ver os pais ultrapassando um século de vida. “É um privilégio ainda ter o conforto da convivência com meus queridos pais. Ambos com saúde, alegres e sempre com visões otimistas da vida”, conta.
Com a celebração dos 101 anos, Zé garante se sentir “completamente realizado” e divide o segredo para uma vida tão longeva. “Manter a mente ativa, adotar uma alimentação saudável, ter uma atividade profissional estimulante e uma família que participa e nos apoia em todos os momentos”, finaliza.
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