COPA DO MUNDO

Se é para vencer, vale até superstição!

Em clima de Copa, torcedores mantêm a rotina de jogos anteriores para que a Seleção vença a Croácia, no Catar. No Guará, vizinhos assistem às partidas numa grande festa. Confira também o que abre e o que fecha hoje

Na hora de torcer para o Brasil, vale de tudo: usar a mesma camisa em todos os jogos, assistir no mesmo local de sempre, encontrar as mesmas pessoas. Entre superstições e mandingas, os brasilienses vão em busca do hexacampeonato com a Seleção Brasileira do jeito que dá. Hoje, o time comandado pelo técnico Tite tem mais um desafio contra a Croácia pelas quartas de final da Copa do Mundo 2022, no Catar.

Com o nome na calçada de casa e as palmas da mão pintadas no chão, a aposentada Elucilia Dias Araújo, 70 anos, é um exemplo de empolgação neste mundial. Empenhada em assistir aos jogos e torcer para o Brasil, a idosa se reuniu com os vizinhos para decorar a rua na QE 38, do Guará. Para ajudar no título, ela acredita que, ao usar a blusa da Seleção que ganhou neste ano, trará sorte para o time. "Minha camisa é só na hora do jogo da Copa e tem que ser a mesma para o Brasil ganhar", comenta a idosa, que também coloca uma bandana para ornar com toda a caracterização de torcedora vaidosa.

Neste mundial, os vizinhos estão acompanhando os jogos da garagem da casa de Elucilia. "Abro o portão e colocamos a televisão na garagem para assistir o Brasil", conta ela. Uma vaquinha é feita entre os moradores para os gastos com a comida. O cardápio da partida de hoje, contra a Croácia, deve ser uma galinhada. 

Moradora da quadra há 38 anos, Elucilia se diverte nos jogos. "Pessoal fala que eu sou muito animada apesar da idade, mas é claro que tem que animar, não é mesmo?", brinca a aposentada. Ela diz que não entende muito de futebol, mas faz questão de torcer uma partida após outra. Questionada se neste ano a Seleção Brasileira ganhará o hexacampeonato, ela afirma com toda certeza que sim. "Deus está no comando", completa a idosa, que mora com a filha e dois netos.

Bandeiras e fitilhos também compõem a ornamentação da quadra 38 do Guará. As irmãs Eliane Caetano, 37, e Fabiana Caetano, 43, estão empolgadas com a competição de futebol mundial. Vizinhas de Elucilia, elas ajudaram a organizar a rua para torcer para o Brasil. Diferente da idosa, a irmã mais nova conta que a confiança é tão grande que nem está se apegando a uma superstição. "Estou acreditando muito, de verdade, que o Brasil vai levar esse hexa. Se não der certo, vai ser uma decepção para mim", destaca a advogada.

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Para Eliane, que nasceu e cresceu no conjunto B da quadra, é tradição que os moradores da rua se juntem para ver os jogos na Copa. Ela conta que desde 1994, quando o Brasil foi tetracampeão mundial, os vizinhos se reúnem para decorar e assistir às partidas. Neste jogo das quartas de final, a advogada está bem otimista. "Acho que a Seleção é bem superior à Croácia. Acredito que será 4 x 1 de novo", palpita, se referindo a partida anterior do Brasil contra a Coreia do Sul, que definiu o adeus do país asiático à competição.

Já Fabiana sempre assiste ao jogo com a camisa da Seleção, mas quando o placar está desfavorável, ela acredita que ao trocar a blusa do Brasil, o time pode virar e ganhar a partida. "Se virar o jogo, eu boto de novo, mas nem precisei no último jogo", comemora a autônoma sobre a vitória folgada.

Moradores da Asa Sul, os irmãos Gabriela Pereira, 23, e Henrique Gallo, 18, não trocam mais a camisa da Seleção para ver os jogos. Depois de coincidir as vitórias no Mundial com o uso da mesma blusa do Brasil, os dois decidiram que assim será até a final da Copa do Mundo com a conquista do sexto título. "Iniciou mais como uma brincadeira, mas eu assisti ao primeiro jogo com a minha família e meu irmão usou uma camisa da seleção brasileira e o Brasil ganhou. Pus indiretamente na minha cabeça que eu tinha que usar a mesma roupa para o Brasil ganhar no segundo", comenta a estudante de comunicação organizacional.

A jovem conta que gosta de se vestir toda de verde e amarelo para torcer para o Brasil. Empolgada com a Copa, ela recorda que ao usar a mesma blusa da primeira partida, a Seleção repetiu o feito e ganhou de 1 x 0 da Suíça, apesar do jogo ter sido mais difícil. Com as camisetas sujas, ela e o irmão trocaram o uniforme. Gabriela colocou uma blusa verde simples e acessórios, enquanto Henrique usou a camiseta branca do time brasileiro. Na terceira partida, a Seleção perdeu para Camarões. "Estou determinada a usar exatamente a mesma roupa que usei no jogo do Brasil contra a Coreia do Sul, por mais que eu saiba que, teoricamente, não faz sentido, mas na minha cabeça, é uma superstição", destaca a estudante.

Em vermelho e branco

Em meio à multidão verde e amarela que ocupa as ruas do DF em dias de jogos da Seleção Brasileira, a croata Milena Mudrinic, 40, estampará a blusa xadrez em branco e vermelho para torcer pelo país europeu hoje. Morando na capital há cinco anos, ela espera que a Croácia passe para a semifinal. "O jogo vai ser difícil para o Brasil. Os jogadores croatas jogam com o coração e eles podem surpreender com a possibilidade de ganharem", avalia.

Formada em arquitetura de interiores e trabalhando atualmente na Embaixada da Croácia, Milena destaca que o futebol é uma paixão nacional no país de origem, que teve a independência em 1991. "É um país relativamente jovem e o futebol desde sempre foi um esporte que juntou muito os croatas", comenta Milena. Ela recorda que na última Copa do Mundo, sediada na Rússia, a seleção chegou à final, mas perdeu o título para a França. Mesmo assim, quando os jogadores chegaram ao país europeu, a torcida estava em festa e celebrando o ótimo campeonato. "Todo mundo saiu na rua caracterizado com esse xadrez vermelho e branco", pontua.

Milena é casada com um brasileiro. Ela o conheceu em Londres enquanto participava de um seminário de arquitetura e ele fazia curso de inglês na capital britânica. Após quatro anos de relacionamento a distância, ela veio para o Brasil. Apaixonada pela profissão, comenta que a experiência de morar no quadradinho é muito diferente por causa do desenho da cidade. "Para mim, conhecer Brasília ao vivo, não somente nos livros e nas imagens, foi uma emoção bem forte", destaca. Ela comenta que gosta de morar no país tropical. "No geral, é muito diferente, só que o espírito das pessoas do Brasil e da Croácia é parecido por incrível que pareça. São pessoas alegres e acolhedoras", conclui.

 

Carlos Vieira - A croata Milena Mudrinic, com a filha Tainá, acredita que a seleção do seu país vai surpreender

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