O ano nasce outra vez, e o que todo mundo quer para o novo ciclo é sorte, prosperidade, dinheiro e amor. Para atrair tais virtudes, vale de tudo: cor da roupa, sementes de romã na carteira ou pular sete ondinhas para quem tem a sorte de estar perto do mar. Prever o que nos aguarda no ano novo é outra ambição. Cartomancia, rituais religiosos e os astros podem dar alguns sinais para aqueles que acreditam.
O Correio conversou com um astrólogo a fim de desvendar o que os planetas e as constelações revelam sobre 2023. Arthur Curado não costuma fazer previsões individuais para cada um dos 12 signos do zodíaco: "Dessa forma, um doze avos da população teria as mesmas experiências durante o mesmo ano, o que não é possível", explica. O astrólogo e psicanalista ressalta que o ano astrológico não acaba em 31 de dezembro, e sim no equinócio (momento em que o Sol corta o equador celeste, fazendo com que o dia e a noite tenham a mesma duração) do outono do Hemisfério Sul, em março. "O réveillon é mais simbólico, uma data inventada. É o fim do ano fiscal. Então, ainda temos um trimestre pela frente, o que dá a possibilidade de empreender projetos que você não conseguiu pôr em prática em 2022,".
Segundo Arthur, a partir de 15 de janeiro será um período propício para começar novos projetos, já que acabam Marte e Mercúrio retrógrados, o que geralmente causa problemas na comunicação e na movimentação da humanidade. Esse período propício deve seguir até março, quando, finalmente, o novo ano astrológico começa. "Regido pela Lua, astro das emoções, 2023 será um momento de metabolizar o que nos aconteceu nos últimos anos e terá as questões do lar e da família em voga. Será um ótimo ano para reformar a casa, arrumar e mudar as coisas de lugar, não só a parte física, mas as pessoas também", detalha.
A Lua também é o astro regente do feminino, ou seja, a figura materna estará em evidência, segundo a leitura do astrólogo. "Também é um bom ano para a fertilidade. Para quem quiser engravidar, é um ótimo momento. E essa fertilidade pode migrar para outros âmbitos da vida, como no trabalho", pontua. "Mas não é algo estável. Todos terão que dançar conforme a maré comandada pela Lua".
O estudioso dos astros destaca três movimentos no céu que devem provocar mudanças a partir de março. Plutão vai entrar em Aquário, o que significa que os avanços ainda mais intensos na tecnologia. Outras transformações profundas devem ocorrer nos próximos 20 anos, que é o tempo que Plutão, planeta arquétipo da morte, estará na mesma posição. "Muitas mortes coletivas devem ocorrer," prevê Curado. Já a entrada de Saturno em Peixes mudará as relações com a espiritualidade. "Não vai dar mais para negar que a espiritualidade é algo real e concreto," define o astrólogo.
A melhor notícia, de acordo com Arthur Curado, é a entrada de Júpiter em Touro, o que indica maior estabilidade financeira e consumo de bens duráveis. "Haverá mudanças naquilo que valorizamos. A reciclagem e o reuso estarão mais presentes em nossas vidas. A especulação imobiliária estará ainda mais em evidência."
Como o réveillon é uma data apenas simbólica para a astrologia, Arthur Curado diz que não existe uma cor de roupa adequada para o momento da virada. "Se eu tiver que recomendar alguma cor, seria o branco e o prata, como forma de combinar com a Lua, o astro que vai reger 2023 a partir de março".
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A cor de 2023
Tem gente que leva muito a sério a cor da roupa na virada. Além do tradicional branco, o amarelo é usado para atrair dinheiro e o rosa para o amor, por exemplo. Para a auxiliar-administrativo Ludmila Franco de Oliveira, 23, a cor da roupa é uma tradição. Ela sempre faz questão de arranjar roupa de acordo com a cor do ano novo. Geralmente, ela pesquisa na internet a cor em questão. A de 2023 é o violeta. “Até o momento não consegui achar a roupa com essa cor. Vou comprar de última hora como em outros anos. Violeta é uma cor difícil de achar em roupas, mas, se não conseguir achar uma, vou usar acessórios, que é mais fácil de encontrar”, diz a moradora de Samambaia.
No final de 2020, ela lembra que passou por desespero depois de ter perdido R$ 300 reservados para comprar um vestido branco, a cor de 2021. “Mas logo eu reencontrei o dinheiro no fundo da bolsa e passei a virada com a cor que eu queria”, lembra. “2021 foi um ano mais ou menos, por causa da pandemia”, diz ao ser perguntada se a roupa trouxe sorte para ela naquele ano.
As cores que Elisete Riella Silveira, 46, geralmente usa no ano novo são o violeta, cor da orixá Nanã Buruquê, divindade afrobrasileira a qual ela é apegada, e o azul, cor que lhe traz tranquilidade. Mas, antes da meia-noite, Elisete, conhecida entre os mais próximos como Nega, toma um banho de sal grosso enquanto reza, para tirar todas as energias pesadas. "Depois, tomo um banho de ervas, com alecrim, para a alegria; canela, para a abundância; rosa branca, para atrair a paz; e pedaços de espada-de-são-jorge, para cortar o mal. Esse banho eu faço sem roupa", detalha a professora de dança.
Nega, que também é benzedeira, acredita muito no poder da gratidão. Na reza que ela faz, ela agradece por tudo que tem e por aquilo que deseja mas ainda não conseguiu. "Eu sempre fui grata por conhecer o meu pai, mesmo antes disso ocorrer. Foi na virada de 2000 para 2001, quando nem havia internet ainda, que consegui achar, depois de uma grande procura, o meu pai, em uma cidade no Rio Grande do Sul. Na época, eu morava em Caicó (RN) e cruzei o país para ter esse encontro", lembra Nega. A mãe morreu quando ela tinha apenas 10 dias de vida e foi criada pela avó e o companheiro dela. Para a professora de dança, o encontro com o pai pode ser creditado à fé e à gratidão que sempre cultivou pelo simples fato de estar viva.
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