Obituário

Morre, aos 98 anos, o pioneiro Joaquim José Gonçalves

Morador do Cruzeiro há quase 40 anos, Joaquim José Gonçalves Sobrinho teve uma parada cardiorrespiratória no sábado

Isabela Berrogain
postado em 26/12/2022 03:54
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Nascido em Piripá, interior da Bahia, Joaquim José Gonçalves Sobrinho teve uma vida marcada pela devoção ao trabalho e à família. Nascido em uma família de 11 irmãos, Joaquim começou a trajetória profissional cedo, ajudando o pai em afazeres na roça da família. Na vida adulta, o baiano fez história na política do estado — foi vereador de Piripá e o primeiro prefeito do município de Cordeiros. Com o fim do último mandato, Joaquim passou a se dedicar ao comércio, setor em que encontrou verdadeira vocação e permaneceu pelo resto da vida.

Deixando uma história de dedicação profissional, além da herança familiar, seis filhos, 18 netos e cinco bisnetos, Joaquim morreu no sábado, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Apesar de debilitado pela idade, o comerciante havia comemorado, no último dia 15, 98 anos de idade — grande parte deles vividos no Cruzeiro, local onde morou por 38 anos.

Joaquim se mudou para Brasília em 1984, cinco anos após os filhos e a então esposa. A filha Ana Cristina Gonçalves conta que a adaptação do pai à nova cidade foi tranquila, devido às semelhanças entre o local onde moravam e onde Joaquim nasceu e cresceu. "Naquela época, o Cruzeiro era quase uma fazenda, com muita área verde", relembra. "Na época, o bairro tinha um pouco de cidade do interior", avalia.

Ana relata que, até os últimos dias, o pai gostava de passar os momentos de lazer nas áreas verdes do bairro, passeando pelas calçadas e apreciando a natureza. Segundo a filha, o comerciante chegou até a plantar um pé de abacate nas imediações da casa onde moravam, desenvolvendo o costume de regar as folhas e cuidar do vegetal. "Ele gostava de morar aqui. Ele constituiu muitas raízes e já se identificava com a cidade", afirma.

Como pai, Ana revela que Joaquim era mais rígido e fechado, principalmente durante a juventude dos filhos. No entanto, com o passar dos anos e a chegada dos netos e bisnetos, o comerciante "se tornou um paizão", a filha garante. Um dos últimos diálogos entre os dois, que aconteceu na comemoração dos 98 anos, evidenciou o carinho do pai com a filha. "Eu cheguei pertinho dele e disse: "Eu te amo. Você me ama?" e ele respondeu: "Muito", relembra. "Ele deixa esse legado de que não é a quantidade de anos, mas a forma e a intensidade de como você vive, o tanto que você se entrega às pessoas que você ama", finaliza Ana.

A despedida de Joaquim será realizada na manhã de hoje. O velório ocorre na capela 6 do Campo da Esperança, a partir das 9h, seguido pelo sepultamento, às 11h.

 


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