Após repercussão do caso nas redes sociais, o assessor do Movimento de Luta em Bairros, Vilas e Favelas (MLB) Matheus Lima se manifestou sobre a informação de que o grupo teria feito ameaças de depredar o estabelecimento.
Na tarde deste sábado (17/12), o grupo de 80 pessoas protestou no Atacadão Dia a Dia do Pistão Sul exigindo cestas básicas. Policiais civis, militares e de batalhões especiais foram acionados para controlar a situação, mas, de acordo com os manifestantes, não houve nenhum registro de violência de nenhuma das partes.
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Segundo Matheus, uma das principais premissas dos protestos é o viés pacífico. “É uma manifestação como qualquer outra, não há nenhum tipo de violência direcionada aos clientes, aos funcionários ou ao patrimônio privado”, ressalta.
O assessor explica que o intuito é chamar atenção do mercado e iniciar uma negociação referente a doação de cestas básicas. O grupo usa megafones, cartazes e palavras de ordem para chamar atenção para o desperdício de alimentos por parte das grandes redes de supermercado e para o número de pessoas em situação de insegurança alimentar.
Os manifestantes fazem parte do Movimento de Luta em Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Por meio de uma nota, o grupo informou que o ato faz parte da campanha Natal sem Fome, feita anualmente há 15 anos. “A organização reuniu famílias e apoiadores para realizar manifestação nacional em diversas redes de supermercados, reivindicando a doação de cestas básicas para as famílias sem-teto cadastradas no movimento”, ressaltou o texto.
“Nosso objetivo não é violência, é chamar atenção para um problema e negociar as cestas básicas como forma de ajudar essas famílias. Todos estão com os rostos expostos, salvo os que estão com máscaras de proteção contra a covid. É um ato pacífico”, completa Matheus.
Entenda o caso
Um grupo de aproximadamente 80 pessoas invadiu, na tarde deste sábado (17/12), o Atacadão Dia a Dia do Pistão Sul exigindo cestas básicas. Segundo informações preliminares divulgadas pelas forças de segurança, o grupo ameaçou a depredação e a confusão mobilizou policiais civis, militares e de batalhões especiais, que foram acionados para conter os manifestantes. O grupo exigiu que o supermercado doasse alimentos e os responsáveis pelo Atacadão fizeram um acordo e entregaram um total de 150 cestas básicas.
Após isso, o grupo foi embora. Ninguém foi preso. O Correio tenta contato com o Dia a Dia para mais informações sobre o caso, mas, até a última atualização desta matéria, não obteve resposta.
Ato programado
De acordo com o movimento, as manifestações acontecem por conta do desperdício de comida no país e do faturamento das redes de supermercados brasileiras. No DF, segundo a nota, o MLB tinha programado o ato em uma das filiais da rede Atacadão Dia a Dia, justamente a que aparece nas imagens. “Em 2021, a rede teve faturamento de mais de 3 bilhões”, informou.
A nota também colocou dados da fome no Brasil, para complementar os motivos das reivindicações. “A fome continua sendo a causa de morte de 17 pessoas por dia, em nosso país. Entre 2008 e 2017 foram 63.712 óbitos por complicações decorrentes da desnutrição, de acordo com o Ministério da Saúde”, destacou. “(Por isso), o MLB — junto com famílias e militantes — vão nacionalmente à mercados ocupar, divulgar essa realidade pouco vista e para negociar cestas básicas com o mercado”, reforçou o documento.
A rede
Sobre o ocorrido no sábado (17) na loja de Taguatinga, a rede Dia a Dia informou que entende que manifestações fazem parte do exercício de liberdade de expressão mas que não compactua com "desordem" de nenhuma natureza.
A rede também disse ao Correio que a Polícia Militar foi acionada para conter o protesto e liberar espaço e reforça que não houve registro de violência e que a dispersão se deu de forma pacífica.
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