Com uma história que começa antes mesmo da criação de Brasília, Planaltina é a região administrativa mais antiga do Distrito Federal. Enquanto a área da capital sequer havia sido delimitada, a então vila, conhecida como Mestre d'Armas, desenvolveu-se. Com 163 anos, esse centro urbano conserva, entre suas ruas estreitas, centenários casarões. O Museu Artístico e Histórico de Planaltina (MAHP) é um deles e deu um importante passo na sua estruturação: teve o regimento interno aprovado pela Administração Regional de Planaltina. O documento, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal, visa a preservação, restauração, segurança do acervo, difusão cultural, além do melhor atendimento à comunidade.
Localizada na Praça Salviano Guimarães, em um imóvel tombado, a casa abriga o Museu da Cidade desde 1974. O espaço conta a história de Planaltina nos aspectos sociais e artísticos, além de preservar a cultura existente anterior à criação de Brasília. Entre as competências apresentadas no regimento, o MAPH deve administrar os bens e recursos sob responsabilidade do espaço, zelando pela preservação e integridade. As peças expostas no acervo devem ser cadastradas, classificadas e catalogadas. Outro ponto indicado na publicação refere-se ao compromisso com a preservação do casarão e dos itens do local.
Para o professor de história aposentado da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Barbosa, esse tipo de instalação cultural é fundamental para a preservação da memória. "É aquilo que nos faz humanos. Planaltina é, na verdade, o berço do atual DF. Quem passa por seu setor tradicional, que é exatamente onde está localizado o museu, pode ter uma ideia do que era aquela região há 100, 150 anos", reitera. Nas descrições, o museu deve, ainda, promover exposições temporárias temáticas e especiais, além de desenvolver e implementar programas, projetos e ações voltados para educação, lazer, desenvolvimento e valorização das comunidades.
De acordo com o historiador, a publicação do regimento reforça a relevância do museu. "Além de histórico, está aberto às mais diversas manifestações culturais de Planaltina e, com certeza, de toda a região. É uma forma de se respeitar o nosso passado e, a partir disso, tentarmos entender a nossa trajetória enquanto sociedade", diz. Provisoriamente, a instituição será estruturada por um comitê gestor, direção, divisão de gestão interna e divisão técnica. O MAHP funcionará com tal estrutura até que se concretizem as ações necessárias à estruturação técnica de que dispõe o Plano Museológico, que deverá ser revisto, pelo menos, a cada cinco anos.
Riqueza
Nascido em Planaltina, o historiador Robson Eleutério conta que o museu foi criado em 1964. "Ele foi residência do Coronel Salviano Monteiro Guimarães, um personagem importante da história da região até as duas primeiras décadas do século 20", conta. Segundo Robson, o museu ainda possui um acervo pequeno diante da quantidade de itens encontrados em Planaltina. "Temos o conhecimento de várias peças importantes e significativas de valor histórico para compor o mobiliário do museu, algo que deveria estar sendo pesquisado, identificado para que a gente tenha um espaço mais rico", cita.
Conforme o historiador, a região possui patrimônios que preservam a história anterior à construção de Brasília, como documentos que vão desde a Missão Cruls — que demarcou uma área de 14.400km², considerada adequada para a futura capital — até itens sobre a Pedra Fundamental — assentada em 7 de setembro de 1922, em comemoração ao centenário da Independência, caracteriza o ponto central do Brasil. "As pessoas não têm ideia da riqueza dessas fontes documentais para pesquisas, monografias. É uma forma de preservar e fomentar a busca pelo nosso passado", destaca.
O MAHP é aberto para visitação pública de terça a domingo, das 9h às 17h, inclusive nos feriados. A entrada é gratuita para todos os visitantes, sendo estabelecida capacidade interna máxima.
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No Museu da Cidade, os visitantes conhecem um pouco mais do modo de viver dos habitantes de Planaltina, a história do antigo município goiano e da mudança da nova capital.À época, a residência era uma das mais confortáveis da cidade, com água encanada, luz e telefone. Tornou-se o símbolo da influência de Salviano na região e ponto de referência para recepção e hospedagem de autoridades, o trato de negócios, comemorações e festividades diversas. A propriedade foi herdada por uma de suas filhas, Maria América, que transferiu o espaço ao Governo do Distrito Federal, para que nela fosse implantado o Museu Histórico e Artístico de Planaltina — depositário, guardião e propagador da história do Planalto e da cidade de Planaltina.
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