Cerca de 82% dos cuidadores familiares de idosos com demência são mulheres no Distrito Federal. Foi o que o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF) divulgou, ontem, na pesquisa Pessoas idosas com demência e cuidadores, que faz um levantamento de pessoas que sofrem com a demência no DF. O diferencial do levantamento é que ele também abrange os cuidadores, sejam eles familiares, particulares ou que atuem em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).
Os objetivos da pesquisa são identificar as características sociodemográficas de idosos com demência ou em processo de diagnóstico e dos responsáveis pelos cuidados, as demandas e necessidade e mapear os equipamentos e serviços públicos que atendem a esse público. A pesquisadora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e psicanalista Cosette Castro fala que o mais correto é falar "cuidadoras", no feminino, já que a maioria das pessoas que exercem a atividade é de mulheres — 96%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
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Na capital do país, não é diferente. Segundo o levantamento, encomendado pelo Coletivo Filhas da Mãe e pelo Fórum Distrital da Sociedade Civil de Defesa do Idoso, o percentual de mulheres varia de 79% a 88% entre os cuidadores particulares, familiares e de ILPIs. "Precisamos ter uma cultura de cuidado intergeracional onde os homens participem do cuidado em todas as etapas da vida", pontua Castro, que também é coordenadora do Filhas da Mãe.
Ainda que parte de uma minoria, o geógrafo Luis Antônio Torres, 46, é o cuidador do pai, diagnosticado com Alzheimer. Luis Raul, 86, mora com o filho, a nora e a neta de cinco anos. "Demorei a entender as alterações de humor dele, no início achava que era ingratidão. É um desgaste mental", confessa. O morador do Grande Colorado diz que sente falta de um espaço de lazer com estrutura, seguro e com equipamentos culturais para que o pai passe uma parte do dia. "A gente nunca se vê nessa situação de ter que cuidar dos pais e, de repente, tudo muda".
Ansiedade
A pesquisa, que entrevistou 608 cuidadores do DF, também investigou as condições de saúde psicossociais das pessoas que exercem a atividade. Entre as enfermidades crônicas que mais acometem o grupo fica à frente a ansiedade: 60% entre os cuidadores familiares, 55% entre os particulares e 46,8% entre os institucionais. Mais dados da pesquisa podem ser conferidos no site do IPE-DF.
A professora aposentada Natalia Duarte, 56, cuida do pai, Ítalo, 88, que também sofre de Alzheimer, há dois anos. Mesmo dividindo a atividade com o irmão, ela relata que a sobrecarga é grande. "Eu me aposentei para poder cuidar do meu pai. Era algo que eu estava adiando", revela. Duarte encontrou a rede de apoio que precisava no coletivo Filhas da Mãe. Hoje, ela dá o recado: "Cuidadores familiares, busquem suas redes de apoio e pratiquem o autocuidado. Cuidar dos outros não pode inviabilizar a própria vida."
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