Aniversário

Zoológico de Brasília completa 65 anos nesta terça-feira (6/12)

O espaço, um dos mais populares da capital federal, receberá os visitantes das 8h30 às 17h, com ingressos ao preço único de R$ 5

Naum Giló
postado em 06/12/2022 06:00 / atualizado em 06/12/2022 16:09
Bárbara é a moradora mais antiga e chegou ao zoo em 1983, com oito meses de vida -  (crédito: Paulo de Araújo/CB/D.A Press)
Bárbara é a moradora mais antiga e chegou ao zoo em 1983, com oito meses de vida - (crédito: Paulo de Araújo/CB/D.A Press)

Um dos ícones de Brasília, o Jardim Zoológico está em festa. Hoje, o local completa 65 anos de existência. O que muitos não sabem é que o zoo estava aqui antes mesmo da fundação da cidade — a inauguração foi em 6 de dezembro de 1957, sendo a primeira instituição ambientalista criada no Distrito Federal.

Algumas histórias cercam a criação do que foi o primeiro espaço de lazer da nova capital do Brasil. Uma delas é a de que foi instalado após o então presidente Juscelino Kubitschek ganhar uma elefanta asiática, chamada Nely, presente que teria sido dado pelo embaixador da Índia, à época.

Muitos acreditam que a falta de um lugar adequado para acomodar o animal foi o que teria motivado o surgimento da Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB). No entanto, documentos antigos mostram que o primeiro animal catalogado no livro de registros do zoológico é um macaco da espécie bugio-preto, resgatado do cerrado e doado por um morador de Brasília, em 30 de outubro de 1957. No documento, Nely é citada como o segundo bicho adquirido pela instituição, mas ela não foi um presente do embaixador a JK, mas sim uma doação feita pela Companhia de Produtos Farmacêuticos White Fontoura, de São Paulo, na data de inauguração do espaço.

O que é incontestável é que Nely era um animal muito querido pelos visitantes. Sempre acompanhada de dois domadores, saía do seu recinto e circulava entre as pessoas. Durante 35 anos, a elefanta foi a grande atração do zoológico. Por algum tempo, ela foi fantasiada para ser exibida ao público, o que hoje não se admite.

A doença que a acometeu causou comoção entre os brasilienses, que enviavam cartas oferecendo ajuda para o tratamento do animal. Nely morreu no início dos anos 1990, durante a visita de Nelson Mandela a Brasília, poucos anos antes do ativista sulafricano tornar-se presidente do seu país. A mobilização causada pela morte de Nely sensibilizou Mandela, que fez a doação de um casal de elefantes africanos, Babu e Belinha, que chegaram ao zoo em 1995. O macho morreu em 2018 e hoje quem faz companhia para Belinha é o Chocolate.

Nely era fantasiada e se apresentava ao público, o que era comum nos primeiros anos de existência do zoo
Nely era fantasiada e se apresentava ao público, o que era comum nos primeiros anos de existência do zoo (foto: Arquivo Público do Distrito Federal)

O esqueleto de Nely está exposto no Museu de Ciências Naturais do Zoo de Brasília, bem como o de uma sucuri, o crânio de um hipopótamo e os imponentes tigre-de-bengala e a ave harpia taxidermizados.

A moradora mais antiga do local é a hipopótama Bárbara, que foi transferida de Sorocaba (SP) em 1983, quando tinha apenas oito meses de vida.

Histórias

Antes da inauguração, em 1957, a área onde hoje é o Jardim Zoológico era cheia de rochedos que foram dinamitados para a produção de brita para a construção da cidade. Em uma dessas explosões, foi encontrada uma espécie de roedor até então desconhecida, que foi descrita e batizada como Jucelinomys Candango, uma homenagem a JK e aos candangos. Três exemplares foram enviados ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Nunca mais outros roedores da mesma espécie foram encontrados na capital. A história ficou conhecida como "o rato que Brasília matou", porque o animal foi extinto.

O local tem ainda na sua história um capítulo ao mesmo tempo trágico e marcado pela coragem, em 1977, que acabou dando o nome que a instituição tem hoje. "Morreu, ontem (30/8), no Hospital das Forças Armadas, o sargento do Exército Sílvio Delmar Hollenbach, que o sentimento da população de Brasília logo identificou como mártir de seu heroísmo", anunciava a matéria do Correio, à época. Sílvio Hollenbach teve o corpo mutilado por ariranhas depois que pulou no poço onde ficavam os animais para salvar uma criança que havia caído ali. O ato custou a vida do sargento do Exército. O zoo hoje tem o nome de Hollenbach como forma de homenagem à sua bravura.

Dimensões

O Zoológico de Brasília abrange uma área de cerca de 140 hectares, três deles destinados especialmente à produção dos alimentos consumidos pelos 826 animais que ali vivem. São 185 espécies diferentes distribuídas entre aves, répteis e mamíferos.

A FJZB também é responsável pelos 440 hectares da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), conhecido como Santuário de Vida Silvestre, limitando-se ao Aeroporto Internacional JK e a Vila Telebrasília.

Para celebrar o aniversário, os bichos serão presenteados com bolos, preparados com ingredientes que podem compor sua alimentação. O público pode visitar o local das 8h30 à 17h, mas a bilheteria fecha às 16h. A entrada hoje custa R$ 5 o dia todo.

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