ECONOMIA

O 13° para sair do sufoco e presentear a família

O abono deve injetar R$ 8,5 bilhões no Distrito Federal. Grande parte dos trabalhadores utilizará o dinheiro para pagar dívidas e comprar presentes. No DF 1,7 milhão de pessoas recebem o benefício. A expectativa do Sindivarejista é de um aumento de 18% nas vendas

A chegada do fim do ano costuma animar os trabalhadores devido ao recebimento do 13º salário. O bônus no orçamento é a garantia de pagamento de dívidas pendentes, pequenas reformas, viagens e presentes para a família. O salário extra também aquece o comércio e movimenta as vendas de Natal e ano novo. A expectativa é que seja injetado R$ 8,5 bilhões na economia do Distrito Federal. Os dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No DF, 1,7 milhão de pessoas deve receber o abono.

Na avaliação de Sebastião Abritta, presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), o valor é superpositivo. Segundo ele muitos pagarão dívidas, "mas sempre sobra dinheiro para a compra de presentes".

O dirigente observa que os abonos sociais do governo federal também contribuem no otimismo. "O clima para o comércio é dos melhores. Há uma atmosfera positiva de consumo criada pela sequência da Copa do Mundo e Natal", garante. De acordo com Abritta, o crescimento das vendas de fim de ano pode alcançar cerca de 18%. No mesmo período de 2021, o aumento ficou em 14%. Além disso, o gasto médio em presentes deve girar em torno de R$ 330, no ano passado foi de R$ 295.

Samuel Nascimento, 26 anos, morador de Sobradinho, conta que guardou parte dos ganhos do ano, que agora serão complementados com o 13º. "Prefiro reservar parte do salário ao longo do ano e não fazer muitas dívidas. Agora pretendo comprar alguns presentes de fim de ano para parentes e amigos com o 13º", afirma.

Época de mimos

Os brasilienses costumam utilizar o salário extra para presentear no final de ano. Ao menos 70% da população deve usar o ganho extra para esta finalidade, afirma a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), um aumento de 2,61% em relação ao ano anterior. O otimismo dos empresários também aumentou em 74,5%, diz o presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido. "Muitas pessoas utilizam o benefício para negociar as dívidas com o cartão e a partir disso, retomam a possibilidade de usá-los. Mesmo com a Copa do Mundo no fim de ano, o movimento está positivo."

Contudo, o uso da quantia deve ser cauteloso, alerta o economista Francisco Rodrigues. "É um dinheiro que deve estar no orçamento ao longo do ano. Para que esteja ajustado às finanças no fim do ano e também para começar o ano no azul", pondera.

O especialista também reforça os cuidados que devem tomar os "devedores crônicos". "Existem pessoas que fazem dívidas ao longo do ano para pagar com o 13º e se endividam novamente. Isso não é recomendado. Quem está com descontrole nas finanças, deve renegociar dívidas."

O rodoviário Francisco da Silva, 39, morador de Ceilândia não se planejou ao longo do ano e vai quitar as dívidas. Para ele, o 13º vai ser de grande ajuda, mas admite que o ideal seria não utilizar o recurso dessa forma. "Sempre tiro uma parte para pagar os impostos, mas não gosto de depender somente do 13º, então vou guardando parte do salário ao longo do ano. Assim, o impacto não é tão grande", afirma.

Saiba Mais

 

Tira dúvidas com Paula Borges, advogada especialista em Direito do Trabalho

Quais são as regras para se receber o 13º salário?

Todo profissional com carteira assinada, seja ele urbano, rural, aposentados e pensionistas do INSS e jovem aprendiz possui o direito ao recebimento do 13º salário, garantido pela Constituição Federal no artigo 7º, inciso VIII. A partir de quinze dias de serviço, o trabalhador já passa a ter direito ao décimo terceiro salário, conforme a CLT. A primeira parcela será paga entre o dia 1º de fevereiro até o dia 30 de novembro, de acordo com a legislação, logo, a segunda parcela do décimo terceiro salário deverá ser paga até o dia 20 de dezembro do mesmo ano.

Quem já saiu do emprego tem direito ao benefício referente ao período em que trabalhou?

Na rescisão do contrato o empregado deve receber o valor proporcional trabalhado, independente de quando foi a rescisão e por pedido de dispensa do trabalhador.

Em que casos o trabalhador pode não receber?

O trabalhador que tiver mais de quinze faltas não justificadas em um mês de serviço, perde 1/12 avos relativos ao período. E quando o profissional é dispensado por justa causa não tem direito ao benefício.

O que fazer se a empresa não pagar o 13º salário?

É recomendado procurar o setor de recursos humanos e tentar resolver essas questões de inadimplemento diretamente com a empresa. Caso não seja possível, que procure auxílio no sindicato da sua categoria para formalizar a denúncia ou ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Em último caso, cobrar os valores em uma eventual ação trabalhista, pode gerar multa e indenizações.

Palavra de Especialista

Matheus Silva de Paiva, economista e coordenador do curso de economia da Universidade Católica de Brasília (UCB)

Como usar o 13º?
Primeiro, precisamos avaliar as dívidas da família. Se o orçamento familiar mensal estiver com uma boa parte comprometida com o pagamento de financiamentos e/ou empréstimos, um destino muito útil para o 13º salário é a amortização (de preferência total) dessas dívidas, pois isto aliviaria os fluxos futuros de renda das famílias.
Caso a família esteja em dia com as obrigações financeiras, reservar uma parte do 13º para uma poupança de precaução é uma boa ideia, haja vista que crises econômicas não previstas podem ocorrer, especialmente nos próximos anos.
Uma parte do 13º pode ser usada para presentear os entes amados, haja vista que os presentes são formas de expressarmos o nosso carinho pelas pessoas e, como passamos mais de dois anos num ambiente de estresse crônico, muito importante para a saúde espiritual e física é a demonstração de afeto pelos nossos amigos e familiares.

*Estagiário sob a supervisão de Euclides Bitelo

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