Mesmo após ser alvo de tiros na madrugada de domingo (27/11), a Casa MimoBar, localizado na quadra 205, da Asa Norte, decidiu abrir as portas para o público. A sócia do estabelecimento, Ana Júlia, afirmou ao Correio, que a intimidação será desconsiderada. “Eles não vão nos intimidar. Temos certeza que o que ocorreu aqui foi uma forma de silenciamento pela nossa postura política”, diz.
O caso veio a público na noite de domingo, quando o perfil oficial do bar nas redes sociais expôs o ocorrido. A reportagem esteve no local na tarde desta segunda-feira (28/11) e contou quatro marcas de tiros. Nenhum deles acertou a fachada do bar, mas os disparos ocorreram em um lugar próximo ao mural com frases contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e cobrando esclarecimentos sobre quem matou a vereadora carioca Marielle Franco.
“Coincidentemente, os tiros ficaram marcados ao lado da imagem do presidente e de mensagens da Marielle. Eles querem nos calar, mas nós não iremos ficar calados. Decidimos abrir, e seguiremos assim sempre”, completou a proprietária.
Mesmo com a intimidação, após o ocorrido,a direção decidiu abrir as portas ao público. Um pôster do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), colocado na porta do estabelecimento, não foi retirado.
Saiba Mais
O caso
O MimoBar, na madrugada de domingo (27/11), sofreu um ataque a tiros. Por meio de uma nota postada no Instagram, os responsáveis pelo bar denunciaram a tentativa de intimidação, que aconteceu por volta 3h, horário em que não havia nem público nem funcionários no local.
Ainda de acordo com nota, logo após o segundo turno das eleições, o MimoBar foi relacionado, entre várias outras casas, em uma lista de locais que "deveriam ser boicotados" por apoiadores da extrema direita. Um dos proprietários, Sandro Biondo, conta que essa não é a primeira vez que o bar sofre ameaças ou tentativas de intimidação. No entanto, foi a primeira ação violenta. “As ameaças chegam principalmente pela internet, por parte de apoiadores da extrema direita. Eles meio que estão marcando os comércios progressistas. Tanto é que divulgaram uma lista apócrifa de pontos comerciais de Brasília que deveriam ser boicotados por terem um posicionamento antifascista."
Ainda em nota, a casa comentou sobre pessoas que defendem a posse irrestrita e o porte de armas de maneira quase generalizada. “São típicas de agora, e características do estado nazista em seu tempo, tentativas de intimidação em suas múltiplas formas. Ontem, uma lista promovendo boicote; hoje, um ataque a tiros. O que podem reservar para amanhã dentro desta lógica bárbara e covarde? O que ofende essa gente? Nossa alegria? Pois é contra a cultura do ódio que vamos continuar como espaço de resistência e abrigo caloroso de um público que sabe reconhecer o valor de uma vida democrática, socialmente justa e, sobretudo, facilitadora de uma cultura de paz”, declarou a casa, em nota.
Após o registro do boletim de ocorrência, na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), os sócios do bar também pediram reforço do policiamento para o patrulhamento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF), deputado distrital Fábio Félix, (PSol) pediu à Polícia Civil (PCDF) e ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que investiguem o caso. Uma equipe da criminalística da PCDF veio ao local, na manhã de segunda-feira (28/11), recolher os cartuchos dos tiros e analisar as marcas.
*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti
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