Localizada na 205 da Asa Norte, uma das quadras mais famosas de Brasília - conhecida como Babilônia - a casa MimoBar sofreu um ataque a tiros durante a madrugada deste domingo (27/11). Por meio de uma nota postada no Instagram, os responsáveis pelo bar denunciaram a tentativa de intimidação que aconteceu por volta 3h da madrugada, horário em que não havia mais público, nem funcionários no local.
“Um dos nossos vizinhos testemunhou o fato, que aconteceu entre 2h e 3h da manhã. Ele viu o carro parar, duas pessoas desceram e atiraram de encontro à nossa fachada. Acabaram acertando alguns barris que usamos como mesa de apoio para clientes em espera”, conta Sandro Biondo, um dos sócios da casa. Assim que tomaram ciência do ocorrido, um boletim de ocorrência foi registrado na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte). No local, balas de calibre 38 milímetros foram encontradas.
Ainda de acordo com nota publicada no Instagram, logo após o segundo turno das eleições, o MimoBar foi relacionado entre várias outras casas que "deveriam ser boicotadas" por apoiadores da extrema direita. Sandro conta que essa não é a primeira vez que o bar sofre ameaças ou tentativas de intimidação, no entanto, foi a primeira ação violenta. “As ameaças chegam principalmente pela internet, por parte de apoiadores da extrema direita. Eles meio que estão marcando os comércios progressistas. Tanto é que divulgaram uma lista apócrifa de pontos comerciais de Brasília que deveriam ser boicotados por terem um posicionamento antifascista."
Em nota, a casa falou ainda sobre pessoas que defendem a posse irrestrita e o porte de armas de maneira quase generalizada. Vale lembrar que, após o segundo turno das eleições que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) novo presidente do Brasil, a empresa apareceu relacionada, por meio de grupos de WhatsApp, a listas de boicotes por apoiar o petista.
“São típicas de agora, e características do estado nazista em seu tempo, tentativas de intimidação em suas múltiplas formas. Ontem, uma lista promovendo boicote; hoje, um ataque a tiros. O que podem reservar para amanhã dentro desta lógica bárbara e covarde? O que ofende essa gente? Nossa alegria? Pois é contra a cultura do ódio que vamos continuar como espaço de resistência e abrigo caloroso de um público que sabe reconhecer o valor de uma vida democrática, socialmente justa e, sobretudo, facilitadora de uma cultura de paz”, declarou a casa, em nota.
A empresa informa que vai continuar operando normalmente. “Vamos continuar atuando normalmente, porque se nos propomos a ser um espaço de resistência e liberdade, não podemos nos deixar intimidar. O MimoBar trabalha pela valorização da cultura, do encontro e da arte. Valorizamos todas as formas de arte e expressão em nossa casa e não nos curvamos ante a violência”, finaliza Sandro.