Pandemia

Em alta no Distrito Federal, covid-19 exige medidas de prevenção

Taxa de transmissão chega a 1,88 no DF. Em 24 horas, cerca de 1,5 mil pessoas testaram positivo para o vírus. Governo recomenda a brasiliense completar ciclo vacinal. Especialistas alertam para riscos de infecção nas festas de fim de ano

O cenário pandêmico da covid-19 no Distrito Federal preocupa e, mais uma vez, houve aumento de casos positivos, além da disparada na taxa de transmissão da doença. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Saúde (SES-DF), foram 1.501 novos infectados em 24 horas e o índice de contágio chegou a 1,88. Segundo o professor Tarcísio Marciano, do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB), que faz parte do grupo interdisciplinar de acompanhamento da pandemia da instituição, a capital do país vive uma nova onda de casos. "Nela, infelizmente, tivemos alguns poucos óbitos nesses últimos dias, e a tendência é que esse número aumente", afirma.

Para o especialista, no mês de dezembro, a população brasiliense deve passar por alguns momentos de apreensão. "É necessário tomar muito cuidado, temos que agir da forma correta para salvar vidas", alerta. O professor comenta que a população precisa se imunizar. "É necessário tomar todas as doses de vacina disponíveis e, para isso, é preciso que os governos federal e distrital disponibilizem essas doses, inclusive para crianças pequenas", observa. 

A reportagem questionou a Secretaria de Saúde sobre a nova onda de casos citada pelo especialista. Em nota, a pasta concordou coma avaliação de que o DF está vivenciando uma nova fase de covid-19. "No entanto, é importante destacar que a epidemiologia não identificou, até o momento, crescimento do número de casos graves nem mesmo no número de internações", diz a nota. A pasta ressalta, ainda, a importância de se completar o esquema vacinal com as doses de reforço, "sendo necessário para se evitar crescimento do número de casos graves, hospitalizações e óbitos".

Quem também está preocupado com o avanço da pandemia é o setor produtivo. De acordo com o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Aparecido Freire, os empresários do ramo foram orientados a retomar as medidas de segurança, como uso de álcool em gel e máscara, além de colocar o cartão de vacinação em dia. "Estamos em contato com o GDF e prontos para seguir qualquer outra medida estipulada por parte das autoridades de saúde", acrescenta.

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Medidas

Para o especialista Tarcísio Marciano, a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras, sobretudo em locais fechados, é essencial para que a situação possa voltar ao controle. "A taxa de transmissão está em um crescimento muito rápido. Então, todos os cuidados necessários são importantes", destaca. "Vale lembrar que as máscaras de pano protegem muito pouco. As melhores são as máscaras cirúrgicas, sobretudo a N-95 e a PFF2", aconselha o professor da UnB.

Apesar da dica, ao Correio, a SES-DF afirma que não pretende recomendar a volta do uso de máscaras no Distrito Federal. "O uso (de máscaras) é uma opção pessoal e faz parte da etiqueta respiratória adquirida pela população nos últimos dois anos", ressalta a nota enviada pelo órgão. "A população deve utilizar o acessório quando julgar necessário para evitar a contaminação", acrescenta o comunicado. A pasta destaca que, para tentar conter o avanço do vírus, além do monitoramento, tem ampliado a vacinação e a testagem nas unidades básicas de saúde. Além disso, também diz estar investindo na busca ativa da população que não procura os postos para ser imunizada.

 

Raissa Carvalho/CB - Para o estudante José Siqueira, não há espaço para egoísmo, quando o assunto é vacinação

Máscaras

O Correio foi até a Rodoviária do Plano Piloto — um dos dos pontos de maior movimentação — para observar o comportamento das pessoas diante do atual cenário da pandemia. Durante cerca de duas horas, a reportagem flagrou um número baixo de usuários utilizando a proteção facial, e os que utilizavam a máscara, o faziam da forma errada, deixando-a no queixo, ou até mesmo com a máscara na mão. Uma das exceções foi o servidor público Cláudio Roberto, 46 anos. O morador do Jardins Mangueiral afirma que nunca parou de usar a máscara. "Tive covid uma vez, tomei todas as quatro doses da vacina, não perdi ninguém, mas conheço pessoas do trabalho que perderam parentes e penso nelas", comenta.

Outra que também se preocupa com a proteção em tempos de pandemia é a publicitária Mylena Barbosa, 23. Ela diz que voltou a usar máscara devido aos crescentes números de casos sendo confirmados. "Isso me preocupa, porque tenho muita convivência com minha avó, que se enquadra no grupo de risco", ressalta. A moradora da Samambaia conta que pegou a doença em duas oportunidades e perdeu entes queridos. "Por isso, acho importante mantermos os devidos cuidados com nós mesmos e com as outras pessoas também", aconselha.

Raissa Carvalho/CB - Jéssica Magalhães: "Não sou do grupo de risco, mas posso transmitir para pessoas que são"

Vacinação

Além do uso de máscaras, a infectologista do Centro de Especialidades em Doenças Infecciosas (CEDIN) Joana D'arc também coloca a vacinação como uma das medidas que podem ajudar no combate à covid. "Penso que as autoridades devem seguir as recomendações das sociedades técnicas, como a compra das vacinas bivalentes, além garantir acesso aos imunizantes para todo o público-alvo", frisa.

Quem segue o conselho da especialista é a moradora da Asa Norte Jéssica Magalhães, 31. Ela foi até a UBS 3 da região e tomou doses dos imunizantes contra a covid e gripe. "Acho que se vacinar é importante, muito pelo bem coletivo. Não sou do grupo de risco, mas posso transmitir para pessoas que são", comenta. O estudante José Siqueira, 31, também esteve na unidade e também tomou as duas vacinas. Para ele, a imunização é essencial e necessária. "Todos devem se vacinar, não há espaço para egoísmo. Precisamos arregaçar as mangas e ir ao posto de saúde mais próximo. Quanto mais pessoas vacinadas, menor a quantidade do vírus circulando", acredita.

*Estagiária sob a supervisão de Patrick Selvatti

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