A cada ano, 72 mil homens são diagnosticados com câncer de próstata no Brasil. A previsão do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é para um crescimento de 10% nos casos da doença para os próximos três anos, de acordo com pesquisa publicada nesta quarta-feira (23/11). O tumor é silencioso e precisa do exame médico para ser detectado. No entanto, o público masculino tem resistência em realizar acompanhamentos com especialistas, por isso, o CB.Saúde desta quinta-feira (24/11) — uma parceria da TV Brasília com o Correio — se debruçou sobre o tema com o convidado especial Guilherme Coaracy, uro-oncologista do Hospital de Base e do Hospital Urológico de Brasília.
À jornalista Carmen Souza o especialista explicou que a próstata é uma glândula que tem o tamanho de uma noz e fica logo abaixo da bexiga. “A medida que o homem envelhece, a próstata cresce e ela pode também evoluir para um câncer. Na criança, essa glândula é minúscula, quase invisível e, à medida que ele entra na adolescência e inicia a idade adulta, o hormônio masculino da testosterona começa a atuar e gerar as características masculinas, como crescimento dos testículos, do pênis e o aparecimento de pelos”.
Entre os 40 e 45 anos de idade, a testosterona continua sua atuação sobre a próstata e aumenta o tamanho da glândula. “Então, a partir dos 45 a 50 anos, esse crescimento pode causar sintomas. Como o canal da urina passa no meio dela, a próstata comprime o canal e dá dificuldade para urinar, o jato fica mais fraco e o homem tem que levantar várias vezes à noite para ir ao banheiro porque não consegue esvaziar tudo de uma vez”, detalha.
O perigo, destaca Guilherme Coaracy, é que o câncer de próstata não apresenta sintomas. “Se o homem não faz uma prevenção, não busca um check-up para avaliar a saúde, esse câncer pode evoluir sem dar nenhum sinal e quando descobre, pode ser tarde demais. Por isso é importante a conscientização no novembro azul”, aponta.
De acordo com uro-oncologista, o câncer de próstata é um risco entre 55 a 65 anos de idade, no entanto, a orientação da Sociedade Brasileira de Urologia é que o acompanhamento médico comece a ser realizado a partir dos 50 anos. “Os homens negros e com histórico familiar devem começar isso mais cedo, aos 45 anos, porque esses dois fatores são de risco para o desenvolvimento do tumor. E embora o câncer seja um risco a partir de 55 anos, se começa a avaliação mais cedo justamente para que o médico possa criar uma curva de avaliação e perceber como está esse paciente. O médico também pode decidir aumentar o intervalo dessas visitas, mas isso depende de uma série de fatores, como o valor indicado no exame de sangue que detecta o PSA (Antígeno Prostático Específico)”, afirma.
Acompanhamento
Apesar do acompanhamento de câncer de próstata começar a partir dos 45 anos, Guilherme Coaracy frisa que há três fases do homem em que se aconselha a visita ao urologista. “É importante que a criança, por volta dos três anos de idade seja levada ao urologista. Nesta fase, ela deixou a fralda, e o médico precisa avaliar se ela permanece com fimose, que é uma das principais afecções da saúde da criança e mais para frente pode gerar câncer de pênis. Depois, aos dez anos, antes de entrar na puberdade, o menino deve voltar para que o médico verifique se o desenvolvimento está acontecendo conforme o esperado”, pontua.
Aos 15 ou 16 anos, o médico orienta uma nova visita. “Nessa fase do auge da adolescência os meninos estão cheios de curiosidade e precisam saber sobre DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis), sobre a questão sexual e principalmente sobre hábitos de vida e até mesmo o autoexame, para se evitar um outro câncer, o de testículo. O menino precisa saber avaliar, por exemplo, como está a glande do pênis e identificar alguma verruga, algum problema. E isso será orientado pelo urologista”, finaliza.
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