A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) encontrou um aparelho bloqueador de sinal e um detector de sinais magnéticos escondidos no quarto de um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), no Condomínio Privê, em Ceilândia. O investigado, preso preventivamente na manhã desta sexta-feira (18/11), no âmbito da operação Saturação, atuava na liderança da célula da facção em Brasília, segundo revelou a polícia.
Vendidos de maneira clandestina, os bloqueadores são capazes de coibir o sinal de vários celulares ao mesmo tempo em um pequeno espaço, de forma a despistar a polícia e até rivais de outras facções. Os aparelhos têm o poder de “interferir” na frequência dos celulares, que recebem um ruído que confunde e, consequentemente, o telefone perde o sinal. O mecanismo também é utilizado para evitar o rastreamento de veículos roubados ou com carregamento de drogas.
O outro dispositivo apreendido, o detector de sinais magnéticos, geralmente é utilizado para rastrear a comunicação por radiofrequência, de forma a indicar a localização do objeto monitorado. Além dos aparelhos, os policiais apreenderam drogas e munições nas casas dos alvos da operação. Os 24 mandados de busca foram cumpridos nas cidades de São Sebastião, Recanto das Emas, Riacho Fundo 2, Planaltina, Ceilândia, Paranoá e nos estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
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Prisão de líderes
As lideranças integravam o chamado “Geral do Estado”, e tinham um maior controle sobre a célula no DF, auxiliando nas atividades do tráfico de drogas e no recrutamento e batismo de novos membros. Entre os presos, está uma mulher, moradora do Riacho Fundo 2, responsável pela gerência da ala feminina do PCC no DF. Também foi encontrado no DF um morador de Osasco (SP), que ficava responsável pela coordenação setorial do tráfico de drogas, bem como o recebimento de valores, fornecimento e distribuição.
“Durante um ano e seis meses, conseguimos constatar a tentativa de estabelecimento no DF, se organizando em setores e funções e buscando apoio de integrantes que se encontram no sistema penitenciário. Com a prisão dessas lideranças, principalmente, acreditamos que isso causará grande impacto na capacidade articulatória do grupo”, afirmou o delegado-adjunto da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Jean Felipe Mendes.
Mais de 100 policiais civis do DF, de São Paulo e Minas Gerais participaram da operação. Os mandados também foram cumpridos em unidades prisionais do Novo Gama (GO) e de Uberlândia (MG).
O PCC no DF
Mesmo com a transferência do chefe da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, à Penitenciária Federal em Brasília, em março de 2019, o PCC não conseguiu se estabelecer no DF, graças a um eficiente trabalho desenvolvido pela delegacia de combate ao crime organizado, antiga Deco, hoje Draco/Decor.
Em oito anos, a especializada desencadeou dezenas de operações voltadas ao combate às facções criminosas. Entre as operações de destaque estão a do Tabuleiro, em 2014; Palestina (51 denunciados), em 2015; e Legião (54 denunciados), em 2016. Em 2018, também foram realizadas as operações Prólogo (23 denunciados), Hydra (60 denunciados), Fora do Ar, que cumpriu 16 mandados de prisão e de busca e apreensão, e Continuum (14 mandados, sendo sete de prisão preventiva e sete de busca e apreensão).
Esse conjunto de operações, realizadas pela PCDF, impede o estabelecimento e crescimento de facções de âmbito nacional no Distrito Federal, como ocorre em outras unidades da federação.
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