Direitos humanos

Roda de conversa com jornalistas discute educação para a equidade de gênero

A conversa entre mulheres jornalistas ocorreu durante a exposição fotográfica 'Resiliência — Histórias de mulheres que inspiram mudanças', aberta até domingo (20/11) para visitação, com entrada gratuita, no Eixo Cultural Ibero-americano

A roda de conversa Resiliência - Histórias de mulheres no jornalismo discutiu, nesta quinta-feira (17/11), a educação para a equidade de gênero, desde a infância, e políticas afirmativas. O encontro de mulheres jornalistas ocorreu na Sala Agatha Ostrower, no Eixo Cultural Ibero-americano, antiga Funarte, local da exposição fotográfica gratuita Resiliência — Histórias de mulheres que inspiram mudanças, que vai até 20 de novembro.

O evento mostra fotos premiadas, produzidas ao redor do mundo por 17 fotógrafos de 13 países, que expressam diferentes visões sobre sexismo, violência contra a mulher, direitos reprodutivos e igualdade de gênero. 

A iniciativa é uma parceria da Fundação The World Press Photo (FTWPP) com a Embaixada do Reino dos Países Baixos. "Estamos todos trabalhando em soluções de conscientização para muitos problemas, mas a resiliência feminina é a mensagem da exposição, porque temos que trabalhar todos os dias pela igualdade de gênero, que é um problema que as mulheres enfrentam”, declarou o embaixador do Reino dos Países Baixos, André Driessen.

César Rebouças/Divulgação - Roda de conversa Exposição Resiliência - Histórias de mulheres no jornalismo
César Rebouças/Divulgação - Roda de conversa da Exposição Fotográfica Resiliência - Histórias de mulheres no jornalismo
César Rebouças/Divulgação - O encontro de mulheres jornalistas ocorreu na Sala Agatha Ostrower, no Eixo Cultural Ibero-americano, antiga Funarte
César Rebouças/Divulgação - Roda de conversa da Exposição Fotográfica Resiliência - Histórias de mulheres no jornalismo

 

Para a jornalista Jacira Silva, ativista racial e integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal (Cojira-DF), a exposição mostra o papel da mulher como "sujeita política", que exige a igualdade de direitos enquanto enfrenta o sexismo, o patriarcado e a xenofobia.

"É uma grande oportunidade para Brasília, neste espaço cultural, ter esta exposição itinerante, principalmente em novembro, no Mês da Consciência Negra. Então, a mulher dona de casa, ativista, homens também, que têm condições de visitar, faço o convite porque se trata da necessidade de transformação", destacou Jacira.

Coordenadora de produção do Correio Braziliense, Adriana Bernardes concorda com Jacira ao citar a educação para a equidade de gênero desde a primeira infância e a necessidade do envolvimento da sociedade civil. “Isso só vai acontecer quando tivermos políticas públicas que tratem dessas questões nas escolas, nas igrejas, nas empresas, na política, para incluir esse tema tão importante para sobrevivência de nós mulheres", disse.

Para que isso ocorra, Adriana sugeriu o cumprimento da legislação pelos operadores do direito, a exemplo da Lei Maria da Penha (nº 11.340 de 7 de agosto de 2006). A jornalista também citou crimes como o assédio sexual contra mulheres. "O crime está aí para todo mundo ver, desde a Polícia Militar, Ministério Público e os demais órgãos do Judiciário. Os ataques estão aí e a gente não vê acontecer nada", criticou.

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Liberdade de imprensa ameaçada

A jornalista da OnG Repórter Sem Fronteiras Bia Barbosa — mediadora da mesa redonda — mencionou o 20º Índice Global da Liberdade de Imprensa, feito pela organização, e que mostra o Brasil em 110º lugar entre 180 países analisados. "No subindicador de segurança, estamos em uma posição bem pior, que é a posição 124. Então, o Brasil nunca foi um país tranquilo para o exercício do jornalismo e da liberdade de expressão dos trabalhadores da imprensa", avaliou.

Bia acrescentou que, na última década, 30 jornalistas foram assassinados no Brasil, principalmente em regiões distantes das grandes cidades. "São profissionais que, muitas vezes, trabalham em rádio, não têm vínculo profissional com o local de trabalho e estão em pequenas cidades denunciando corrupção, atendados ao meio ambiente e temas relacionados à segurança pública", exemplificou.

A criadora do podcast Cultura ao Quadrado, do Distrito Cultural, da TV Globo, Márcia Zarur, mencionou algumas conquistas tardias das mulheres na legislação brasileira. Entre as normas, Márcia falou dos direitos ao voto, concedido em 1932, e das mulheres poderem jogar futebol, regulamentado em 1983, assim como a defesa da honra, que não pode ser usada como argumento em crimes contra mulher, aprovado em 6 de julho deste ano. "No caso das mulheres jornalistas, a gente enfrenta muitas dificuldades para fazer o nosso trabalho diário", afirmou.

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Trabalhos fotográficos

Além de Brasília, a exposição também passou por São Paulo, e acontece simultaneamente em Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro, no mês de novembro.

Entre os retratos expostos, um dos destaques merece é o que foi batizado de Crying for Freedom, ou Chorando por liberdade, da fotógrafa iraniana Forough Alaei, que captou mulheres em um estádio de futebol. No Irã, as mulheres são proibidas de frequentar espaços esportivos, sob pena de serem presas. Por conta disso, na foto, elas se disfarçaram de homens para entrar no local e arriscaram sua liberdade.

Outra obra que faz parte da mostra foi denominada de Finding freedom in the water, ou Encontrando a liberdade na água, da fotógrafa Anna Boyiazis, que registrou alunas de uma escola primária em Zanzibar aprendendo a nadar em uma piscina, usando roupas normais, de uso diário, o que causa desconforto a elas. Tradicionalmente, as meninas do arquipélago de Zanzibar são desencorajadas a aprender a nadar, devido à proibição do uso de roupas de banho. O mesmo grupo também se preparou para realizar salvamentos no oceano Índico.

Exposição "Resiliência - Histórias de mulheres que inspiram mudanças"

Data: Até 20 de novembro de 2022
Local: Eixo Cultural Ibero-americano, na galeria Fayga Ostrower, no Eixo Monumental — Setor de Divulgação Cultural Lote 02 (antiga Funarte) 
Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 12h às 18h, e aos sábados e domingos, das 10h às 18h

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