A dois dias da abertura da Copa do Mundo, que será disputada no Catar, os brasilienses correm para as lojas em busca de itens em verde e amarelo. Produtos como camisetas, tintas, bandeiras, chapéus e até televisores são artigos para tornar o espetáculo ainda mais colorido e emocionante. Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a estimativa é que o mundial vai movimentar cerca de R$ 22,4 milhões no varejo do Distrito Federal. O valor indica um aumento de 7,4% em relação à Copa anterior, que ocorreu na Rússia.
De acordo com o estudo, os itens mais procurados são móveis e televisões, artigos de uso pessoal, roupas e calçados. Mãe e filha, Heloina Neves, 46 anos e Nathalia Neves, 23, foram até o Taguacenter atrás de produtos com a temática da Copa do Mundo para enfeitar a hamburgueria da família, em Samambaia Sul. "Estamos atrasadas para decorar a loja tanto para o Natal como para a Copa", comenta aos risos a empresária.
No meio de bandeiras e enfeites da temática dos jogos, a mãe destaca que estão procurando formas de combinar tantos temas. "Com a falta de tempo, a gente vai decidir tudo hoje, falei para a Nathalia que nós vamos sair daqui com toda a decoração", frisa a empreendedora. Para ela, a Copa anima os brasileiros. "As pessoas já juntaram com o ritmo de final de ano, então está bem bacana e bem alegre essa época", avalia Heloina.
Aos 45 do segundo tempo, o representante de vendas, Moisés dos Santos, 34, também correu para as lojas em busca de ornamentos para as lojas em que trabalha. "Começar a adquirir os produtos para decorar. Tem muita variedade", avalia, enquanto escolhe chapéus e cornetas. Mesmo com a responsabilidade das compras para o mundial, Moisés conta que não está muito animado para os jogos. "Vamos ver com os primeiros jogos rolando se a gente não começa a animar de verdade, porque essa junção de Copa com eleição está confundindo as coisas. Se a gente bota Brasil, não sabe se é pela Copa ou por conta de política", destaca.
Além da proximidade com o Natal, a Copa do Mundo também divide os gastos dos brasilienses com as vendas da Black Friday, que ocorre em 25 de novembro. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista-DF), o cenário é de otimismo com um crescimento entre 14% e 18% no comércio da capital. Para garantir uma melhor visão das partidas da seleção brasileira, muitos torcedores buscam investir em uma nova televisão. O sindicato avalia que a procura pelo eletrodoméstico poderá ter expansão de 25% por conta do mundial. Na Copa de 2018, o crescimento foi menor e atingiu apenas 21%.
É Copa com Natal
Proprietário de uma loja de artigos de decoração de festas e de presentes, Alexandre Gobe, 32 anos, iniciou a exposição do estoque de produtos para a Copa há dois meses. Para ele, no geral, houve um aumento das vendas nessa época do ano, mas nada direcionado a uma data específica, já que o mundial ocorrerá próximo ao Natal. "As vendas maiores foram de artigos de decoração, não tanto de acessórios pessoais e adereços como perucas e chapéu. O pessoal procura mais os itens para decorar os locais onde vão assistir os jogos", comenta o comerciante.
Na avaliação de Alexandre, a eleição deste ano atrapalhou um pouco as vendas de itens em verde e amarelo. "As pessoas não estavam querendo associar o uso das cores com política. Eu sinto que na Copa passada, as vendas foram maiores justamente por não ter essa associação", ressalta o empresário no ramo há oito anos. Ele comenta que o comércio está movimentado neste fim de ano em que datas como Halloween, Copa do Mundo e Natal estão em curtos espaços de tempo. "Ficou tudo na mesma época e algumas pessoas dividiram os gastos entre as datas", ressalta.
Dono de uma loja de chinelos e itens variados no Taguacenter, Felipe Queiroz, 37, avalia que no mês passado houve um crescimento em comparação ao mesmo período do ano anterior. "Foi mais positivo e esse mês a gente está com um leve crescimento por conta da Copa e do Natal que já emendou uma coisa pra outra", menciona o empresário.
Segundo, Felipe, ao mesmo tempo em que a proximidade das datas parece ser bom, também tem um lado negativo. "Ás vezes seriam três ou quatro presentes que se tornam dois ou um. A média de preço do ticket também é diferente. Antes estava em torno de R$ 100, agora caiu para R$ 60 para atender o fracionamento das datas", pontua o empreendedor que segue otimista com as vendas.
Uma pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) indica que consumidores e lojistas estão mais otimistas neste Natal. A espera é que as vendas cresçam 23% em relação a 2021, com uma arrecadação no comércio do DF estimada em R$ 820 milhões. Um bom ponta-pé para a bola da economia começar a rolar.