O Secretário de Cultura do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, esteve presente à abertura do 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), nessa segunda-feira (14/11), e teceu críticas às manifestações que tomaram conta do país após as eleições que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) presidente.
Ao som de "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula", entoado pelo público presente na abertura do FBCB, Bartolomeu Rodrigues discursou sobre os desafios que o novo governo enfrentará.
"Essa 55ª edição do FBCB, embora vencida a difícil etapa da pandemia de 2020/2021, se realiza perante um novo Brasil, um novo país, que, além da necessidade de enfrentar a miséria, a fome, de diminuir o fosso que separa pobres e ricos, precisa de outra coisa mais", iniciou.
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Em seguida, o secretário citou as vidas perdidas durante a pandemia da covid-19 e criticou as manifestações de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) em frente a quartéis generais de todo o país.
"Conquistamos com muita luta, ao custo de muitas vidas, um estado democrático de direito. Temos instituições funcionando nos moldes de uma República representativa democrática. No entanto, precisamos reconhecer que não é o bastante. Por mais patéticas que sejam e são, não devemos ignorar cenas que se desenrolam em frente aos quartéis arrancando de seus comandantes declarações dúbias, que, pasmem, apontam para um passado que julgávamos enterrado. Isso é real. É preciso estar atento e forte. Ditadura nunca mais", disse o secretário.
Bartolomeu falou também sobre a apropriação da bandeira do Brasil pela extrema-direita e os constantes ataques a minorias nas redes sociais.
"Não é normal, nem natural o que as redes sociais nos apresentam todos os dias. O grotesco tentando se apoderar dos símbolos mais caros de uma pátria que custa reconhecer os seus filhos. Não, não é normal, nem natural a impunidade de declarações racistas, machistas, preconceituosas, xenófobas e saudações de cunho nazista", pontou Bartolomeu.
Em um tom poético, o secretário destacou o papel do festival na luta de retomada da identidade nacional. "Natural é a cigarra cantar antes da chuva. Natural é a flor do pequi desabrochar. Natural é saber ganhar, saber perder e respeitar a democracia. E o que o Festival tem a ver com tudo isso? Tudo a ver! Porque aqui ele assume seu papel na construção da identidade nacional, ele nasceu para isso. O cinema é parte indissociável dessa identidade", pontuou.
Ao final, Rodrigues ressaltou o momento de reconstrução do país. "Vamos discutir o cinema e vamos refazer o Brasil. É hora de avaliar os danos, de buscar entender o que nos trouxe a esse estado de coisas e propor soluções. Ou é isso, ou mergulhamos na crise da qual dificilmente sairemos tão cedo", finalizou.
Assista ao discurso na íntegra: