O mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde (SES-DF) mostra que, até 29 de outubro deste ano, o DF notificou 68.413 casos prováveis de dengue. Somado a esse fato, outras infecções típicas do verão, além do crescente número de covid-19 preocupam autoridades e especialistas em relação à sobrecarga da rede pública de saúde.
Há pouco mais de um mês para o início do verão, os brasilienses precisam ficar atentos para as doenças típicas da estação. Entre os meses de outubro e maio, Brasília registra fortes chuvas e tempo nublado e, como consequência, é esperado o aumento no número de casos de dengue, pois é em acúmulos de água limpa que o mosquito Aedes aegypti coloca os ovos e se reproduz.
Oficialmente, o verão começa em 21 de dezembro e vai até 21 de março. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nos 16 primeiros dias de novembro, já choveu acima do esperado para o mês, o equivalente a 253mm. O maior acumulado foi em Águas Emendadas (318,4 mm) e no Plano Piloto (301mm).
Transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, a dengue causa sintomas como dores, febre alta e manchas pelo corpo, podendo evoluir para um quadro mais grave e até a morte. O médico clínico Marcos Pontes alerta para o aumento de diagnósticos nesta época. "Junto a esse crescimento, corre-se o risco de uma sobrecarga no sistema de saúde, porque há casos em que o paciente necessita de hospitalização, se tiver dengue hemorrágica, por exemplo", explica.
O boletim da SES-DF aponta um aumento de 391,5% no número de pessoas infectadas, neste ano, pela dengue, em relação a 2021. Entre 2 de janeiro e 29 de outubro, a capital teve um total de 79.285 casos suspeitos, dos quais 68.413 eram prováveis. No mesmo período do ano passado, o número foi de 13.351 casos prováveis. O médico recomenda os cuidados necessários para evitar a reprodução do mosquito. "As orientações são as básicas, mas que funcionam, como olhar a água parada em recipientes ou entulhos e cuidar de vasos e plantas", frisa.
Da estação
Não só a dengue, mas outras doenças costumam ser as chamadas "típicas do verão", como é o caso da conjuntivite, desidratação, otite, intoxicação alimentar e até a gripe, justamente pelo clima quente e chuvoso. Mas a maior preocupação dos especialistas, no momento, é com o aumento das infecções pelo coronavírus. Na semana passada, a Secretaria de Saúde confirmou 14 casos da BQ.1, subvariante da ômicron. A média móvel de casos de ontem teve aumento de cerca de 188,5% em relação a 14 dias. Foram 464 diagnósticos positivos da doença registrados ontem e a taxa de transmissão está em 1,27.
Apesar disso, os médicos afirmam que a nova cepa, comparada às anteriores, é mais branda e apresenta baixa letalidade. "Estamos vivendo o aumento da média móvel dos casos, o que deve piorar nos próximos dias, com as aglomerações nas festas do final do ano, nas viagens e na Copa do Mundo. Provavelmente, vamos ter uma corrida de pessoas procurando por assistência de saúde, principalmente aquelas com sintomas da dengue. Isso pode, sim, levar a uma sobrecarga nos atendimentos em hospitais", destaca o infectologista Hemerson Luz.
A situação reforça a necessidade da vacinação contra a covid-19. No DF, já foram aplicadas mais de 7 milhões de doses da vacina entre 19 de janeiro de 2021 e hoje. "Quem tem o esquema vacinal completo, tende a ter o quadro mais brando, mas as comorbidades podem complicar. Como principal medida, a recomendação é a vacinação, o uso de máscaras em ambientes com aglomeração, em hospitais ou clínicas", afirma.
Reinfecção
A estudante de audiovisual Marina Pinheiro Xavier, 21 anos, testou covid-19 pela segunda vez este ano e precisou cancelar a festa de aniversário. Ela conta que começou a sentir dores na garganta, febre e dor no corpo. "Eu tomava as precauções básicas. Mas eu voltei atrasada para o começo do semestre na faculdade e, então, fui na onda da sala, onde praticamente ninguém usava máscara. Isso até um professor avisar ao grupo que tinha testado positivo. Aí uma galera voltou a usar", disse.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde disse que, diante da baixa procura pela vacinação contra a covid-19, tem intensificado as ações de busca ativa, como a vacinação itinerante e ampliação de postos nos finais de semana, além da disponibilização de testes rápidos nas Unidades Básicas de Saúde. Já em relação às ações de combate à dengue, a pasta disse que, após uma análise da incidência de casos por região, aquelas que apresentam maior aumento passam a receber uma intensificação das ações, inclusive com o uso do UBV pesado (fumacê).
Colaborou Rafaela Martins
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