Projeto leva arte e cultura a 1,2 mil jovens

A iniciativa, da Agência de Transformação Social (Iecap), resultou na produção de uma peça teatral e de uma exposição fotográfica

Criatividade, cultura, arte, teatro e fotografia movimentaram o ano de cerca de 1,2 mil jovens que participaram do projeto Se Liga, Juventude!. Para coroar o trabalho e a aprendizagem, eles produziram a peça Equalliz, Um Eco de Integridade e a exposição fotográfica Olhares da Vila. As ações, promovidas pela Agência de Transformação Social (Iecap), tiveram a curadoria do repórter fotográfico Celso Junior na mostra e direção de Dill Diaz na encenação,

Estudante de psicologia, Laura de Oliveira Gois, 18 anos, participa do centro de juventude do Iecap há dois anos. Desde que entrou, faz aulas de teatro e diz que, agora, sabe trabalhar em grupo e confiar no esforço coletivo. A moradora de Ceilândia fez parte da peça desde a criação do roteiro até a apresentação, que ocorreu nos dias 16 e 17 de novembro.

Para Laura, estar no projeto foi emocionante e falar sobre integridade foi incrível. "No início, foi bem complicado trabalhar sobre esse tema tão delicado, mas nosso grupo é muito criativo e várias ideias começaram a surgir. Fomos para um lado mais próximo da fantasia", comenta a jovem, ressaltando o uso da metalinguagem. Nos sete meses de elaboração da peça, a estudante conta que se identificou com a criação musical. "Aprendi muito a escutar e, principalmente, a expressar minhas ideias sobre o roteiro", conta.

Com o objetivo de fortalecer a responsabilidade social, a iniciativa da Iecap englobou duas trilhas formativas: uma on-line e uma presencial. Na primeira modalidade, 750 adolescentes e jovens com idades de 13 a 29 anos tiveram acesso a temas relacionados à criatividade e cultura. Presencialmente, foram formadas 16 turmas com pessoas da mesma faixa etária, totalizando 442 beneficiários em nove meses de ações realizadas em Ceilândia, em Taguatinga e na Estrutural.

Na peça intitulada Equalliz - Um Eco de Integridade, a encenação propõe um diálogo entre a ficção e a realidade. Com produção musical, texto e atuação dos alunos, a história mostra a trajetória de três irmãos que são convocados a passar por um portal e fazer uma viagem a três reinos lúdicos, onde discutem o equilíbrio, que é uma das definições para a integridade, por meio da metalinguagem. Ao todo, 44 jovens atuam na obra que, segundo os organizadores, promete convidar o público a refletir sobre os limites e os entendimentos da integridade.

O diretor da peça, Dill Diaz, revela que o processo de elaboração e pesquisa durou sete meses. "Nós tivemos, durante cinco semanas, visitas de profissionais de várias áreas debatendo o tema (integridade)", destaca. A evolução da parte criativa dos estudantes para elaborar o texto contou com a presença de uma psicóloga, de um dramaturgo e até de uma promotora de Justiça. "A gente filtrou tudo que nós escutamos e fomos em algumas obras e filmes que de alguma forma dialogavam de forma explícita ou intrínseca sobre o tema", ressalta.

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No elenco, estão jovens com idades entre 16 e 24 anos. Durante as cenas, eles quebram a narrativa trazendo textos com reflexões sobre o fazer artístico. "O resultado é a soma de várias forças dessa explosão de criatividade entre eles", comenta Dill. Orgulhoso, o diretor acredita que a produção vai causar um efeito positivo no público. "A gente espera, primeiramente, que a plateia consiga ser tocada e que saia refletindo", conclui.

Os parceiros envolvidos foram os projetos sociais do Centros de Juventude da Estrutural e de Ceilândia, e as escolas CEM 2 e CEF 35 de Ceilândia, CEF 5 de Taguatinga e CED 1 da Estrutural. Na programação, um rico cronograma de aulas e oficinas abordando experiências em artes cênicas e fotografia que deram origem a vivências teatrais, mostras, oficina de máscaras, ensaios fotográficos, passeios e apresentações.

Mariana Lins - Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press
Mariana Lins - Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press
Mariana Lins - Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press
Mariana Lins - Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press
Mariana Lins - Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press
Mariana Lins - Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press

Talento

Para além das noções básicas da fotografia, os 79 jovens e adolescentes que produziram as imagens da exposição Olhares da Vila tiveram um estudo técnico e histórico dessa arte e refletiram sobre a função social do profissional. De acordo com a organização, os participantes propõem um diálogo sobre dilemas e desafios da idade deles. As fotos transitam pelos gêneros da fotografia de rua, do retrato, dos ensaios e da fotografia de arquitetura.

Convidado para fazer a curadoria da mostra, o fotógrafo Celso Junior conta que foi chamado para fazer uma palestra para os estudantes e ficou impressionado com o interesse deles em um meio com pouca estrutura. "Com o tempo, a gente começou a crescer a história de trabalhar uma exposição com material de impressão melhor", recorda. "Para mim, foi uma honra", ressalta Celso, que também cuidou de perto da edição até o tratamento das imagens, impressão e escolha de moldura.

Para ele, dois aspectos foram marcantes no processo. O primeiro foi constatar o interesse dos jovens pela fotografia e, depois, a surpresa de ver trabalhos tão expressivos sendo produzido. "São olhares que têm futuro. Não teve dicas, era uma câmera na mão e um tema na cabeça. Isso foi muito legal", comemora. "Foi algo bem gratificante e melhor ainda é ver o material de boa qualidade que eles me enviaram para escolher para a exposição deles", conclui.

A peça e a exposição puderam ser vistas pelo público no evento gratuito Vila da Juventude, no Teatro Sesc Paulo Autran, em Taguatinga Norte.

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