Com as chuvas, também chega ao cerrado a temporada das frutas. Pelas ruas de Brasília é possível ver e colher essas delícias de espécies nativas do bioma e outras exóticas. As jacas começam a dar o ar da graça nos canteiros e bosques da capital e as copas das mangueiras já estão carregadas do fruto. O auxiliar administrativo Roniscalem Ribeiro Barros, 37, é um daqueles que aproveitam a temporada.
Na tarde do último sábado, ele foi acompanhado dos dois filhos, por um cunhado e por um sobrinho para o Eixo Monumental, em frente ao Palácio do Buriti, colher as mangas, cuja temporada começa agora. "Todos os anos, nesta época, a gente vem para o Plano Piloto pegar manga das árvores", revela o morador da Estrutural, que conhece outros pontos da cidade onde é possível coletar frutas em locais públicos. "Nós costumamos ir também para a Asa Norte e para as proximidades da Água Mineral, onde também conseguimos pegar amoras."
Em outro ponto, na Avenida das Jaqueiras, localizada entre o Cruzeiro e o Sudoeste, as primeiras jacas de 2022 já enfeitam o canteiro central da via. De grande porte, a jaqueira dá o fruto desde a parte mais próxima do solo até os galhos mais altos. A maioria dos frutos ainda está verde, mas o motorista de ônibus Antônio José Andrade Nascimento, 61, já aguarda os frutos maduros, que estão a poucos passos do Terminal Rodoviário do Cruzeiro. "Eu não sei muito bem quando ela fica boa, mas dizem que é quando uma parte da fruta fica mais escura", conta o motorista, que gosta de preparar sucos e doces com a fruta originária da Índia.
Nascimento conta com a ajuda de um amigo cobrador, que costuma subir nas árvores para pegar as frutas maduras. "É bom apanhar ainda no pé, porque quando ela cai, ela esmaga toda", aconselha.
Manga e jaca são exóticas, mas que se adaptaram ao cerrado. No entanto, as espécies originalmente do bioma também aproveitam a chegada das chuvas para dar os frutos. O pesquisador da Embrapa Cerrados Nilton Junqueira conta que a maioria dos frutos do cerrado amadurecem entre outubro e novembro. "O período seco e mais frio é mais propício para a floração das plantas. Mais tarde, quando chegam as chuvas, os frutos já estão formados", explica.
Segundo o pesquisador, o momento é propício para frutas como pequi, cuja safra vai até dezembro. A temporada da cagaita, frutinha amarela com cerca de três centímetros de diâmetro e sabor doce com toques azedos, já está chegando ao fim neste mês. O baru e o jenipapo costumam ir até março. "Daqui cerca de 15 dias, começa a época da macaúba e da mangaba", antecipa Nilton, que destaca que a temporada da mangaba é breve, acabando ainda neste mês, assim como a gabiroba. O araticum é uma das espécies de frutificação mais tardia do cerrado, encerrando a temporada dos frutos mais populares do bioma em março.
Entre as espécies exóticas, a jabuticaba tem temporada curta: cerca de 20 dias, também em novembro. A manga tem o pico de amadurecimento entre dezembro e janeiro, mas é possível ver frutos nas mangueiras até fevereiro. Já as jacas costumam acompanhar toda a estação chuvosa, com temporada prolongada até o início da estiagem, em meados de maio. As goiabeiras, normalmente, dão frutos de janeiro a março.
Novacap
Ao Correio, a Novacap informou que plantou árvores frutíferas ainda no período de construção da cidade, trabalho que não faz mais há cerca de cinco décadas. Um levantamento do Departamento de Parques e Jardins estima que o Distrito Federal possui cerca de 900 mil árvores frutíferas. Não há dados mais específicos sobre essas espécies na cidade porque elas não fazem parte do Plano de Arborização do DF.
Segundo a empresa, os brasilienses fazem plantio voluntariamente e sem consultar a Novacap, que é a responsável pela manutenção das áreas verdes da cidade. Mesmo não fazendo o plantio, a companhia cuida de todas as árvores das zonas urbanas, incluindo aquelas que foram plantadas à revelia da companhia.
A Novacap também informa que as mangueiras são a espécie mais plantada em Brasília, seguida por ingá, jaca, jamelão, jatobá, jenipapo, oiti, pequi, pitanga, buriti e amora.
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