Pedro Marra
"Fala, fala mamulengo/Vai gracejando prá nos divertir/Fala, fala mamulengo/O mundo inteiro necessita sorrir." A canção de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, é usada pelo professor de literatura Chico Simões, 62 anos, em seis escolas do Distrito Federal onde o projeto apresenta O Mamulengo vai à Escola. A apresentação retrata a cultura nordestina. Por meio da oficina formativa para professores, a iniciativa busca fortalecer a difusão do teatro popular de bonecos nas instituições de ensino. Ao final do curso, toda a comunidade escolar será presenteada com uma apresentação do Mamulengo Presepada.
Cada colégio visitado pelo projeto recebe o Kit Educativo Brincante, contendo uma mala com dez bonecos, um estandarte de cena e uma barraca teatral em tamanho infantil. Objetos que servirão como ferramenta pedagógica na educação. A oficina formativa para professores dura três horas e irá abordar os seguintes temas: conceito e história do teatro popular de bonecos no Brasil e no mundo; contexto histórico-social; técnicas e particularidades regionais; e jogos dramáticos com bonecos.
Na última terça-feira, Chico Simões visitou a Escola Classe 2, no Riacho Fundo, primeira a receber o teatro de bonecos. Ele conta que quando informou às crianças que iria deixar uma mala com bonecos e barraca no colégio para poderem brincar, a reação foi emocionante. "Tiveram aquele desejo de brincar e ter pertencimento a essa cultura, até porque se identificam com esses personagens", relata o artista.
O organizador cita que os jovens vibram com os personagens, como o vaqueiro Benedito, que vem do Nordeste e procura emprego em Brasília, assim como Margarida Flor da Vida, que está grávida e quer saber se tem posto de saúde na cidade. "Pergunto se tem posto de saúde para ela e uma vaga na escola para o filho, e o público infantil vai respondendo para mim e interagindo com os bonecos", explica Chico Simões.
Para seguir com essa tradição em escolas do DF, os professores poderão mergulhar em parte do universo encantado do Mamulengo. Os educadores vão conhecer dez bonecos de luva que representam os principais personagens do teatro popular de bonecos, entre eles: a Margarida Flor da Vida, boneca grávida que tem a barriga removível, e o marido dela, vaqueiro Benedito, acompanhados da Burrinha Lamparina e do bebê Baltazar.
Também há bonecos que representam animais da natureza e do cerrado, como a cobra e o passarinho, além de personagens, como o Jaraguá, entre outros que trafegam pelo imaginário popular. O Mamulengo vai à Escola é um projeto realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). As escolas atendidas também ganham uma cartilha educativa impressa e em braille para deficientes visuais.
Conheça o Mamulengo
O Mamulengo (Teatro de Bonecos Popular do Nordeste) é patrimônio imaterial brasileiro registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2015, e está presente na vida cultural de Brasília desde a época da construção da capital, trazido por trabalhadores migrantes de diferentes estados do Nordeste. Recebe vários nomes, a depender do estado: Mamulengo, Babau, Cassimiro Coco, Kalunga, Mané Gostoso, João Redondo ou Briguela. O teatro está sempre em circulação por feiras-livres, escolas e centros culturais comunitários. Na pesquisa recente que produziu o Catálogo de Mamulengos do DF, publicado em 2020, foram mapeados 13 grupos, localizados em regiões administrativas e no Entorno da capital federal.
Programação
1º de novembro — 14h: Escola Classe 2 - Riacho Fundo
7 de novembro — 8h: Centro Educacional Engenho das Lajes - Gama
8 de novembro — 8h: Escola Classe 1 - Brazlândia
9 de novembro — 8h: Escola Classe 50 - Taguatinga Norte
9 de novembro — 14h: Centro de Ensino Especial 1 — Samambaia Sul
10 de novembro — 8h: CED Agrourbano Ipê - CAUB I / Riacho Fundo II
O Mamulengo
vai à Escola
Datas: de 1º a 10 de novembro. Locais: Taguatinga, Samambaia, Riacho Fundo 1, Riacho Fundo 2, Gama e Brazlândia. Rede social: @mamulengo.presepada. Site: www.mamulengopresepada.com.br. Contato: (61) 9 9362-0322